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Quinta-feira, 28/8/2003
Antecedentes próximos
Fabio Silvestre Cardoso

São Paulo, 6 de agosto de 2003. Nove horas da manhã. Acabava de chegar ao escritório. Ao abrir a caixa de email, fiquei surpreso. A razão? Havia sido contatado pelo editor deste Digestivo, J.D. Borges.

Na mensagem em questão, J.D. Borges estava curioso: queria saber mais a respeito deste signatário. Um mês mais tarde, quando nos falamos por telefone e fui convidado para ser colunista, ele queria saber como conheci o Digestivo. Contei parte da história; a outra, mais curiosa, vem agora.

Em 1999, quando ainda estava no curso de jornalismo, lia todas as semanas o Observatório de Imprensa. Foi lá, se a memória voluntária funciona, que li o provocativo e contundente artigo: "Quem tem medo do Jô Soares?". No início, pensei que se tratava de mais um detrator de celebridades. Até porque, na Internet, é fácil atacar figuras públicas. Entretanto, a leitura do texto provou o contrário. Com efeito, J.D. Borges demonstrou ser mais preciso do que a crítica da grande imprensa. Como ele frisava no texto, o silêncio dos isentos e dos imparciais da intelligentsia televisiva e jornalística (!) era (e, às vezes, ainda é) covarde, posto que ninguém se dignava, ao menos, a analisar o romance, O Homem que matou Getúlio Vargas, sem se derramar em elogios.

Fiquei com aquele texto na cabeça, mas não li mais nada de J.D. Borges até o dia 10 de fevereiro de 2002. Neste dia, Daniel Piza mencionou o Digestivo Cultural em sua coluna nŽO Estado de São Paulo. A partir de então passei a visitar o site esporadicamente, acompanhando os digestivos e as colunas, mas sem participar nos fóruns de discussão.

Foi só este ano que comecei a acessar ao site periodicamente, e, com a petulância característica dos jornalistas de formação (quem é, sabe do que eu estou falando), passei a escrever comentários curtos que, quase sempre, iam de encontro com aquilo que os autores diziam. Isto é, sempre eu apontava um ponto não abordado, talvez esquecido, e articulava meu comentário. E o mais interessante é que o Digestivo publicou quase todos eles. Dos mais variados assuntos: literatura, cinema, música, artes plásticas.

E assim, de repente, não mais que de repente, a consulta ao Digestivo já tinha virado hábito. Não apenas para conferir resenhas de discos e livros, ou para ler textos de grandes ensaístas, como Sérgio Augusto e Alberto Beuttenmüller, mas também para, num debate de alto nível, confrontar novos pontos de vistas, com pessoas que têm o que dizer e que não se importam em ler textos interpretativos na internet.

Nesse aspecto, é curioso observar que, na alardeada era da informação, poucos jornais, revistas e websites estimulam a análise crítica e criteriosa dos assuntos. Felizmente, este Digestivo se mantém, como o texto que me levou a conhecer J.D. Borges, provocador, instigante e inspirador.

Fabio Silvestre Cardoso
Quinta-feira, 28/8/2003

 

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