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Segunda-feira, 4/9/2006
Rogério Pereira
Julio Daio Borges


Rogério Pereira em foto de Guilherme Pupo

Em 2006, o Rascunho completou seis anos. O hoje jornal, que começou como uma coluna de Rogério Pereira em 2000, no Jornal do Estado de Curitiba, depois virou suplemento e por fim conquistou a independência, é atualmente uma das mais importantes publicações literárias do Brasil. Com 32 páginas, quatro cadernos, mais de 40 colaboradores por edição, tiragem de 5 mil exemplares e aproximadamente 10 mil leitores, o Rascunho é um exemplo de longevidade, indo contra a conhecida lógica segundo a qual não existe gente interessada em livros e em literatura no País.

Nesta Entrevista, Rogério conta um pouco da história do
Rascunho. Desde a sua própria história de vida, e do seu contato considerado “tardio” com a literatura e com os livros, até o crescimento consistente do periódico – o que lhe permitiu abandonar um cargo de confiança num dos principais jornais do Sul do Brasil para assumir o Rascunho em tempo integral. Passando, claro, pelas polêmicas com os escritores, pelo contato com os editores e pelo feedback dos leitores.

Rogério Pereira, que começou no jornalismo como contínuo da
Gazeta de Notícias, aos 13 anos, não tem grandes ilusões com relação à literatura no País. Acredita que o livro não será prioridade enquanto estivermos cercados de “analfabetos, banguelas e miseráveis”. Ao contrário do que se poderia imaginar de alguém na sua posição, Rogério tem verdadeiro horror ao mundo literário brasileiro e a jovens críticos reserva um único (e sábio) conselho: “Mantenha-se o mais distante possível dos escritores; dedique-se apenas aos livros”. – JDB

1. Rogério, hoje o Rascunho completa seis anos, e é um exemplo de longevidade para publicações literárias, mas eu queria saber como você chegou até aqui... Como foi o começo? O que te motivou a fazer o Rascunho? A crítica literária continua uma lástima na grande imprensa (desde 2000 não mudou), mas alguém, no Brasil, algum dia, te inspirou? Quem? Quais foram seus modelos para fazer o Rascunho? (E seus contramodelos?)

A idéia do Rascunho surgiu de maneira bastante simples. Não tinha a pretensão de transformar o jornal em algo com repercussão nacional. Isso aconteceu naturalmente. Tudo começou com uma coluna semanal sobre literatura que eu mantinha no Jornal do Estado, em Curitiba. Naquela época (e ainda hoje), os jornais do Paraná não tinham um suplemento literário. Sempre consumimos os suplementos dos grandes jornais de fora (O Globo, O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, etc.). Portanto, o Rascunho nasceu desta carência, desta falta de iniciativas locais. Após a idéia de fazer um suplemento na cidade, reuni alguns amigos e conhecidos que tinham alguma ligação com a literatura e começamos a aventura. No início, éramos uns 10 no máximo, em um suplemento de apenas 8 páginas, encartado no Jornal do Estado, que bancou a nossa idéia. Hoje, o Rascunho tem 32 páginas, é totalmente independente e conta com cerca de 40 colaboradores por edição. Tomou proporções nunca imaginadas. Desde o início, nunca segui modelos. Apenas queria que o Rascunho fosse independente, que os colaboradores tivessem total liberdade para opinar, sempre privilegiando os textos mais longos, com mais tempo para a leitura. Isso acontece até hoje e mostra que a fórmula é possível, apesar da descrença geral na literatura e na leitura. Sobre a crítica literária, não considero que a situação seja lastimável. Temos hoje bons críticos, uma boa atuação de muitos deles. O que faltam são espaços mais generosos para a crítica literária e a literatura na imprensa. Mas acho que as coisas tendem a melhorar com o surgimento de revistas como a EntreLivros e de sites com conteúdo de qualidade.

2. Agora, se você me permite, eu queria saber um pouco sobre o Rogério Pereira pessoa física... Você sempre teve essa ligação visceral com a literatura? De onde ela vem? Você trabalhava com literatura antes, também em jornal? Tinha ambições como escritor, editor e/ou crítico?

É uma história muito longa, mas vou tentar resumi-la da melhor maneira possível. Venho de uma família que saiu do interior de Santa Catarina para tentar a sorte em Curitiba no final da década de 70. Meus pais freqüentaram a escola durante, no máximo, dois anos na zona rural. Portanto, são analfabetos funcionais. Ou coisa parecida. O livro nunca fez parte de nossas vidas. Sempre estivemos mais preocupados com a sobrevivência: minha mãe trabalhando como doméstica e meu pai como motorista, e vivendo de favor onde fosse possível. Comecei a trabalhar aos 10 anos de idade, vendendo flores, aos 13 anos trabalhava o dia todo numa fábrica de móveis e estudava à noite. Como estudante, sempre fui um bom leitor. Freqüentava a biblioteca da escola. Mas não tinha a mínima idéia para aonde a leitura poderia me levar. Comecei a ler muito tarde e de maneira desordenada. O meu sonho era chegar à faculdade — seria o primeiro a conseguir em toda a minha família, somando tios, tias, primos, etc. Na minha família há muitos analfabetos, que só sabem assinar o nome. Portanto, a literatura não fazia parte da nossa vida. Em nada. Quando a descobri, funcionou como uma das poucas portas para uma libertação, para a negação de um mundo que eu queria deixar para trás, sem nunca negá-lo. As coisas começaram a se definir, acredito, quando entrei na sucursal da Gazeta Mercantil, em Curitiba, como contínuo (office boy). Ali, permaneci durante oito anos, ocupando vários cargos e conheci o mundo do jornalismo. Antes de ingressar na faculdade de Comunicação, estudei filosofia. Depois, fui consolidando a minha carreira como jornalista: fiz pós-graduação em Madri (Espanha), freqüentei um mestrado em literatura. Um trajeto normal de quem conseguiu o que queria. Minha grande ambição era ter um diploma universitário na parede de casa, para mostrar à minha mãe. Uma coisa piegas, mas de extrema importância para meus pais. Hoje, as coisas melhoraram bastante, apesar de o meu mundo (o mundo da minha família, que é o que realmente importa) não ter nada a ver com literatura. Como muitos garotos da minha geração, mantive durante muito tempo o sonho de ser jogador de futebol. Isso dá uma dimensão de como a literatura se mantinha um tanto distante da minha vida. Não sou nenhum Chico Buarque, apesar de jogar futebol mil vezes melhor que ele. Mas canto horrivelmente e não escrevo ficção.

3. Me fale um pouco do dia-a-dia do Rascunho nestes seis anos... Você foi sempre o único editor? O processo de feitura do jornal mudou muito ano a ano? Se sim, em que sentido? Muito se fala hoje de projetos colaborativos na internet, mas a história das nossas publicações sempre foi a história de algumas pessoas... Você confirma essa minha impressão?

O Rascunho sempre foi feito em paralelo a outras atividades profissionais. Fazia o jornal nas madrugadas, fins de semana... Isso mudou de alguns meses para cá. Larguei o cargo de chefe de redação da Gazeta do Povo para me dedicar exclusivamente ao Rascunho. Portanto, corro atrás de tudo: anunciantes, assinantes, patrocínios, etc. Sou o único com dedicação exclusiva ao jornal. O processo evoluiu muito desde o precário início. Hoje, temos um sistema mais profissional, apesar de os colaboradores não receberem um centavo pelos textos. Infelizmente. Sempre digo: o Rascunho só existe graças ao esforço dos colaboradores. Eles dão sustentação ao jornal. De nada adiantaria a minha vontade de fazer um suplemento literário, se não tivesse uma equipe de qualidade produzindo os textos. Atualmente, é bastante fácil discutir cada edição. Mantenho contato permanente com os colaboradores espalhados pelo Brasil e as discussões/sugestões são sempre de alto nível. O problema é contornar os problemas financeiros, cuidar da infra-estrutura, correr atrás de dinheiro. Como não temos lei de incentivo (uma opção minha), o jeito é desdobrar-se a cada edição. Às vezes, é desanimador, mas quando a edição é impressa, vejo que ainda vale a pena continuar. O jeito é ser persistente nesta terra de banguelas e analfabetos.

4. Entrando em outro ramo da colaboração, o Rascunho sempre teve nomes ilustres... Alguns até ficaram tão famosos quanto o jornal, como, por exemplo, o crítico Paulo Polzonoff Jr. e o colunista Fabrício Carpinejar... Como você montou esse time? Como chegou a essas pessoas? Pelo que eu percebo, você está sempre publicando novos nomes... Como esse processo de renovação se dá? Em outras palavras: qual é o segredo de seu processo de seleção?

Não há muitos segredos neste processo. Isso também acontece de maneira natural. A partir do momento em que o Rascunho se mostrou sério e dedicado à literatura, as pessoas começaram a se interessar e acreditar no projeto. Hoje, temos colaboradores muito expressivos no cenário nacional, como José Castello, Nelson de Oliveira, Fernando Monteiro e muitos outros. Todos os meses, grandes escritores passam pelas páginas do Rascunho. Como a literatura tem muito pouco espaço na imprensa, é natural que o Rascunho consiga bons colaboradores. Eles sabem que têm espaço e liberdade no jornal. Nosso único problema é não pagar pelas colaborações. Mas todos sabem que só assim o jornal sobrevive. O importante é que todos os meses novas pessoas se integram ao projeto. É claro que há também o outro lado: não conseguimos atender à imensa demanda. Boa parte dos textos enviados não é publicada. Não há como. Infelizmente, não há espaço para todos. Eu, como editor, tenho a obrigação de manter a linha editorial do Rascunho, o equilíbrio, dar uma cara ao jornal, sempre respeitando a sua natureza. Sempre luto para evitar as panelinhas, o cunhadismo entre escritores, as trocas de favores, muito comuns na imprensa e no meio literário. Mas é bastante difícil. Hoje, muitos escritores consideram essencial agradar a seus pares. Uma lástima. Mas entre erros e acertos, o Rascunho segue cumprindo um papel que considero importante.

5. O Rascunho tem uma fama enorme pelas suas polêmicas... Como começou essa história? Foi conseqüência de uma postura editorial a priori? Ou vocês apenas queriam fazer verdadeira crítica literária? Será que o Rascunho conseguiu chacoalhar a clima de compadrio que perpassa historicamente as nossas letras? Alguma polêmica da qual você se arrepende (alguma história rocambolesca para contar aos netos)... ou você faria tudo de novo, sem tirar nem pôr?

O Rascunho é um jornal feito para o seu tempo, com erros e acertos. Como nasceu com o objetivo de ser um amplo palco para as discussões, sempre esteve muito sujeito às polêmicas. São muito saudáveis. Odeio essa coisa bovina que impera em boa parte dos suplementos literários. Até parece que estamos rodeados de gênios. Não me arrependo de nada no Rascunho. É óbvio que houve um amadurecimento do jornal. Já fomos muito “irresponsáveis”, mas isso fez parte de determinado momento e foi importante. Hoje, possivelmente, não usaria o tom utilizado em alguns textos, a ironia exacerbada. Mas isso faz parte da evolução, de um processo contínuo. Nesta trajetória de seis anos, há muita coisa engraçada. Muito xingamento por parte de autores criticados, muito desaforo, minha mãe foi ofendida inúmeras vezes. Tem o caso antológico do escritor que tentou me agredir. Divirto-me muito com tudo isso. Como diz sempre um amigo: “apesar de tudo, melhor fazer um jornal sobre literatura do que carregar tijolo na obra”. Concordo plenamente.

6. Ainda no terreno das polêmicas... As represálias, que eu sei que houve, chegaram a prejudicar, alguma vez, o andamento dos trabalhos? Ou era sempre uma questão puramente intelectual? Houve dano estrutural? Quero dizer, algum colaborador que você perdeu, alguém que você teve de tirar, por causa do desdobramento de alguma polêmica? Algo que efetivamente perturbou seu plano de vôo ou você considera que são apenas incidentes normais de percurso?

Todos foram incidentes extremamente normais. Todos que estão no Rascunho sabem qual é a dinâmica que o guia. Portanto, entrou no barco, ajude a remar. Não me abalo muito com as pendengas, com as ofensas. Parece estranho dizer isso, mas não gosto muito do mundo literário. Evito ao máximo me encontrar com os escritores, estreitar laços de amizade. Minha vida social está muito distante da literatura. Nos fins de semana, jogo futebol amador com muitas pessoas que nunca abriram um livro. No meu time (o grande Imperial, que disputa a 1ª Divisão de Amadores de Curitiba), estão mecânicos, pedreiros, encanadores, vendedores, muitos que também sonharam em ser jogadores de futebol e ficaram pelo meio do caminho. Prefiro ficar no meu mundo, no mundo que eu construí: minha família, a pequena Sofia que chega nos próximos dias a este lado do mundo, aos poucos amigos, sempre muito distante do egocêntrico mundo literário. É claro que parece estranho um editor de um jornal literário dizer isso, mas o importante são os livros, não a vaidade de quem os escreve. Voltando a sua pergunta: perdemos vários colaboradores de qualidade graças a algumas “brigas” e isso é uma pena muito grande. Lamento muito a saída do Fabrício Carpinejar, por exemplo. Considero que ele se equivocou ao deixar o Rascunho, mas respeito a sua decisão.

7. Bem, os autores nós já sabemos que reagem. E as editoras (os editores)? Você acha que haveria mais publicidade, por parte delas (ou deles), se o Rascunho não assumisse posições tão firmes? A W11, por exemplo, deixou de anunciar depois que o João Gilberto Noll teve um ataque? Ou essas questões todas não tocam tanto os editores – às vezes, até contribuem para a venda dos livros... –, o que você pensa a respeito? Já foi um tema que te preocupou?

Dinheiro sempre foi um tema que me preocupou muito no Rascunho. Mas as editoras não estão preocupadas em anunciar no jornal. Quando sai um best-seller qualquer, uma grande editora o anuncia em um grande jornal. É uma lógica normal de mercado. Para que perder tempo com um Rascunho de apenas 5 mil exemplares/mês, com cerca de 10 mil leitores? A lógica das editoras é a lógica do mercado, do retorno, do dinheiro. Acho que os editores não se preocupam com as críticas negativas. Elas também ajudam a vender, a divulgar o livro. O silêncio é muito mais incômodo. Os chiliques do Noll não influenciaram em nada a veiculação dos anúncios da antiga W11. Tínhamos um contrato de veiculação e ele foi cumprido à risca. Não tenho nenhuma ilusão com o investimento das editoras no Rascunho. Há outras maneiras de sobreviver.

8. E os leitores? Pelo que a gente vê, da seção cartas de vocês, muitos dos missivistas são os próprios autores dos livros... Você considera que o Rascunho revelou um universo novo de escritores e leitores, que depois virou lugar-comum apontar em sites e blogs literários? O Rascunho é pioneiro em tudo isso? Ou você acha que poderia haver muito mais leitores do que há? Aliás, qual a sua sugestão para “o problema da leitura” no Brasil (se é que você tem alguma)?

O Rascunho não é pioneiro em nada. A carência de publicações voltadas à literatura realça a sua importância. Isso é visível. É óbvio que poderíamos ter muito mais leitores espalhados por aí. Mas o incentivo à leitura nunca foi prioridade neste tempo em que vivemos. Há outras prioridades: diminuir o número de analfabetos, fazer dentaduras para os milhões de banguelas, colocar comida na mesa de milhões de pessoas. Não podemos esquecer que o Brasil é um país de miseráveis. Não é este país que conhecemos. Conhecemos o país que nos é conveniente. Caminhe por qualquer periferia de uma grande cidade. Ali está o verdadeiro Brasil. Não este da Avenida Paulista ou do calçadão da Rua 15, em Curitiba. O gosto pela leitura é um processo lento. Um processo que deve começar em casa, continuar na escola e se fortalecer com o tempo. Não temos a cultura da leitura consolidada em nossas vidas, na vida cotidiana das pessoas. Isso leva muito tempo. É um processo duro. Muitos têm a sorte de ser fisgados pela leitura no meio do caminho. O ideal é que a leitura faça parte da vida das pessoas desde sempre, desde o berço. Mas isso é uma utopia. A ignorância nos vence com exagerada folga. Imagine só um corretor apresentando um imóvel a um comprador: “aqui é o quarto, aqui a cozinha e aqui o espaço para a biblioteca”. Inimaginável. Não tenho nenhuma sugestão mágica para aumentar o índice de leitura no Brasil, mas tenho certeza de que deve começar na família. É preciso que as pessoas absorvam a idéia de ler é importante e, acima de tudo, é um grande prazer. Por que alguém pode ficar cinco horas diante da televisão, mas não agüenta meia hora nas páginas de um livro?

9. Em seis anos de atividades, já podemos falar numa contribuição do Rascunho para o panorama literário do Brasil? Você enxerga alguma coisa nesse sentido? Quando vamos ver, por exemplo, uma antologia com o melhor do Rascunho até hoje? Olhando em retrospecto, e pensando nos seus objetivos iniciais, você acha que o Rascunho tem cumprido satisfatoriamente a sua missão?

A importância do Rascunho é muito relativa. Se não existisse, não faria a menor diferença. Somos importantes para um número muito reduzido de pessoas. A nossa contribuição é para o nosso tempo. Daqui a alguns anos, poderemos ter uma dimensão mais correta da possível importância do jornal. Realizar uma antologia com o “melhor” do Rascunho é um dos nossos projetos que estão na gaveta. Mas tudo é muito difícil devido aos problemas financeiros. Considero que a sobrevivência do Rascunho por “tanto tempo” é uma maneira de cumprir parte de sua missão. O ideal agora é continuar melhorando a qualidade editorial e ampliando o número de leitores.

10. Por último, qual mensagem gostaria de transmitir aos críticos literários que estão começando? E aos editores de periódicos literários – principalmente virtuais – que agora são tantos? (Acha que a internet contribuiu decisivamente ou apenas gerou mais ruído?) E para encerrar com chave de ouro: existem autores, editores e/ou críticos atuantes, por quem você colocaria sua mão no fogo, digamos assim? Se existem, quem são?

Não sou bom conselheiro, mas sempre digo a quem se interessa em ingressar na crítica literária: “mantenha-se o mais distante possível dos escritores; dedique-se apenas aos livros”. Aos editores de periódicos: “insistam sempre”. Os sites, quando bem feitos, são importantes. Mas como em todas as áreas, há muita coisa ruim. Cabe ao leitor saber escolher. Não gosto de citar nomes. As injustiças são inevitáveis.

Para ir além
Rascunho

Julio Daio Borges
São Paulo, 4/9/2006

 

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