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Sexta-feira, 28/4/2006
Digestivo nº 276

Julio Daio Borges

>>> QUAL É A SUA? E o Terra é hoje o maior portal da América Latina. Conseguiu, na surdina, o que o iG tentou, com muito alarde, quando, no máximo, empatou com o UOL por vezes sucessivas. Talvez isso não importe tanto agora. Estava meio na cara que quem se associasse a uma telefônica, sobreviveria no Brasil. Faltava ao Terra, no entanto, uma revista. O portal iBest tem a sua, a No Mínimo (eles preferem do que o No Mínimo). O UOL tem a sua, uma inspiração a partir da No Mínimo, aliás, a Trópico. Faltava o Terra (e o iG, também?). A isso junta-se a história de Bob Fernandes, durante anos, o repórter de Carta Capital. Desde o rompimento com Mino Carta que não se ouvia muito falar de Bob, ele havia sumido até do Roda Viva, onde era freqüentador. Pois os caminhos do Terra e de Bob Fernandes se cruzaram, justamente, na Terra Magazine. Uma boa investida em termos editoriais, com colunistas de peso como Milton Hatoum, Fernando Eichenberg e Márcio Alemão, e com uma abrangência que vai desde política, lógico, até futebol e meio-ambiente, passando por saúde, moda e economia. É, mais uma vez, a volta das revistas eletrônicas. São poucos textos por enquanto, mas a Terra Magazine aposta, desde cedo, na interatividade, com um blog próprio e com um “blog dos leitores”. Há espaço para comentários e alguma produção gráfica considerável, mas nada que coloque o site na onda da Web 2.0 ou que o aproxime, por exemplo, do mundialmente conhecido Newsvine. Conforme se sugeriu aqui, segue mais a receita de sucesso da No Mínimo. (Vamos aguardar para saber as diferenças entre ambas.) Por enquanto, boa sorte a Bob Fernandes.
>>> Terra Magazine | Bob Fernandes (entrevista)
 
>>> DENTES GUARDADOS Talvez a sina da geração internet seja transpô-la e, num projeto bem-sucedido em outro meio, ter reconhecido enfim o seu valor. Da histórica revista CardosOnline (1998-2001), nasceu o hoje considerado “selo editorial” Livros do Mal (2001-2004), de Daniel Galera e Daniel Pellizzari. E, agora, de colaborações crescentes com a editora Companhia das Letras, resulta o romance Mãos de Cavalo, o primeiro livro de Galera (depois de outros dois) por uma casa editorial grande. O próprio Cardoso, pai da revista eletrônica, alçou vôos pela DBA (em contos), Clarah Averbuch, outro nome evocado, pela Planeta, e o mesmo Pellizzari, também, pela DBA. Mas nenhum dos três foi tão bem-sucedido como Galera, com seu atual romance. Mãos de Cavalo conta a história de um cirurgião plástico, de mãos grandes, em três tempos, paralelos e simultâneos (?): infância, adolescência e idade adulta. Parece arriscado para um autor estreante na Companhia das Letras (e com uma capa tão arrebatadora), mas o produto final é promissor. Galera é bastante descritivo logo no início, algo que Pellizzari classificou previamente como “naturalismo” (é a ele que Galera agradece, nas últimas páginas, no topo da lista). E o volume engrena mais ou menos no meio, com uma dose suave de psicologismos, dúvidas existenciais e provocações (superações, na verdade). Inspirado talvez nas quebras e nas mudanças de perspectiva de um Ian McEwan, e até de um Michel Laub em Longe da água (se pudermos, aqui, extrapolar), Galera termina muito bem e, como escritor, promete. Destaque para a cena do parto, para a descida de bicicleta (vertiginosa) e para a narração (desconexa) de uma experiência com drogas. Daniel Galera não foi fisgado pelos estigmas reivindicatórios da Geração 90 e a ela, felizmente, está sobrevivendo. Pode-se dizer que a internet brasileira tem finalmente seu primeiro escritor.
>>> Mãos de Cavalo - Daniel Galera - 192 págs - Companhia das Letras
 
>>> MENS SANA IN CORPORE SANO A Casa da Fazenda do Morumbi, uma obra, para quem não sabe, do célebre padre Antônio Feijó, foi restaurada e reinaugurada nos anos 90, mas, apesar de sediar a Academia Brasileira de Arte Cultura e História (ABACH), não parecia muito decidida quanto à sua função de pólo cultural. Acabou mais associada, desde a restauração, com seu restaurante e com sua arquitetura de caráter mais histórico. Hoje, no entanto, pode-se dizer que a Casa da Fazenda deve, enfim, encontrar sua vocação, ou, pelo menos, está adotando uma linha de ação. Estamos falando da inauguração, dentro da Casa da Fazenda, do Centro Cultural Apsen, desde primeiro de abril. O novo Centro congrega a Galeria de Artes, a Oca das Artes e o quiosque rebatizado como Pintando o Sete. Sob a direção da artista plástica baiana Martha W. Farias, começou arrebentando com uma exposição de ninguém menos que Aldemir Martins. Martha promete uma vernissage, ou um evento cultural de peso, na Galeria, a cada quinze dias, e a próxima atração será a longeva Lourdes Indelicato, uma artista chegada a Jô Soares. Já a Oca das Artes pretende se especializar em artesanato brasileiro e o quiosque Pintando o Sete em oficinas e cursos gratuitos. Estão acontecendo os de pintura, em tela e madeira, cerâmica e desenho (para crianças e adultos). Sempre à tarde, com estacionamento grátis, um a cada dia da semana. Esse fôlego todo, para um centro cultural que não completou ainda nem um mês, quem garante é a Apsen Farmacêutica. Com outro braço voltado para a ação social, a Apsen, não à toa, está, há dois anos, no ranking das melhores da Exame e da Você S/A. Que outras empresas se inspirem e devolvam, igualmente, vida ao patrimônio da cidade de São Paulo.
>>> Casa da Fazenda do Morumbi | Apsen Farmacêutica
 
>>> EVENTOS QUE O DIGESTIVO RECOMENDA



>>> Noites de Autógrafos
* Carta aberta para minha Mãe - Gabriel Chalita
(Ter., 02/05, 19h00, VL)
* Cá entre nós - Maria Tereza Maldonado
(Ter., 02/05, 19h30, CN)
* A paixão do negativo - Vladimir Safatle
(Qui., 04/05, 18h30, CN)
* Ler e compreender - Vanda Maria Elias e Ingedore V. Koch
(Sex., 05/05, 18h30, CN)

>>> Shows
* Sacramento Jazz Jubilee - Traditional Jazz Band
(Sex., 05/05, 20h00, VL)

* Livraria Cultura Shopping Villa-Lobos (VL): Av. Nações Unidas, nº 4777
** Livraria Cultura Conjunto Nacional (CN): Av. Paulista, nº 2073
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>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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