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Sexta-feira, 5/5/2006
Digestivo nº 277

Julio Daio Borges

>>> THE SOCIAL MUSIC REVOLUTION Depois da internet, as rádios vão acabar? Ou vão recomeçar? Apostando na primeira alternativa, mas, sem querer, partindo para a segunda, Martin Stiksel criou a Last.fm. Em entrevista, depois de estar entre os melhores da Web 2.0, ele confirma: quer a sua iniciativa que seja, desde o título, a última FM. É uma FM sem programadores, a sua. Ou onde todos os ouvintes, indiretamente, são programadores também. Como assim? Você se cadastra, baixa um programinha e tudo o que tem a fazer é: indicar um artista, ou grupo, ou compositor, ou intérprete, de sua preferência. A aplicação da Last.fm vai imediatamente consultar sua ampla base de ouvintes na internet e te devolver uma lista de artistas, grupos, compositores ou intérpretes que tem a ver com você. “Listen”, você aperta e já começa a experiência. Você escuta faixas aleatórias, de CDs aleatórios, e, quando não gosta, pula – ou “bane” (elimina) aquela faixa da sua FM. Quando gosta, ou se gosta muito, marca com um “coração” – e a Last.fm acumula as preferências na sua página. No seu endereço – dentro do site www.last.fm – fica guardado o que você ultimamente escutou, o que você gostou – e as outras pessoas podem pesquisar ou mesmo ouvir. E, claro, você pode comprar CDs, pesquisar artistas, álbuns... – como em qualquer outro site convencional de música. No Last.fm não tem programador, a não ser você, e não tem interrupção – ou propaganda. Nunca. O único problema é que o catálogo de música brasileira ainda é muito pequeno (porque eles ainda estão digitalizando o acervo). O Last.fm associa, por exemplo, Elis Regina a Tom Jobim, ou Caetano Veloso a Milton Nascimento, mas, por enquanto, não toca nenhum deles. É outra alternativa à febre dos podcasts. (Ah, o Pandora também funciona assim, mas parece que só o Last.fm transcende o pop, passando ao jazz e ao clássico – e acerta na mosca, porque tem ajuste finíssimo.)
>>> Last.fm
 
>>> O CONSELHEIRO TAMBÉM COME (E BEBE) Oswaldo Porchat, catedrático da USP, tira os óculos e coça a cabeça para comentar a influência do estruturalismo na Faculdade de Filosofia. Foram os franceses, como Lévi-Strauss, que fundaram a Universidade de São Paulo; e foi a FFLCH que começou a Cidade Universitária. O que Porchat não poderia imaginar é que, em Higienópolis, a algumas quadras do célebre prédio da Maria Antônia, alguém, gastronomicamente falando, está celebrando o casamento entre o Brasil e a França. É na Mercearia do Francês, esquina da Pará com a Itacolomi. O francês em questão é Steven Kerlo, de pouco mais de 30 anos, com passagens pela École Hôteliere de Lausanne, e cujo sócio, Marcelo Fernandes, participou, com Alex Atala, do D.O.M. Mercearia porque eles queriam um conceito amplo: de restaurante, de padaria, de café, de bistrô... Em princípio, pode parecer estranho, mas a proposta fecha, entre a decoração despojada, onde “cada um cria a sua própria história”, entre o Viaduto do Chá e a Tour Eiffel (by Pavel Hovacek). Os pratos (e as bebidas) são mais ousados na proposta: entre saladas e crepes; entre a carta de vinhos e a caipirinha com lima da Pérsia; entre o bolinho de mandioca com carne seca e o pastel frito, recheado com brie e tomate seco. Kerlo, le français en question, está comemorando lotação esgotada às quintas e sextas-feiras. Mas nada que desanime a clientela: são, no máximo, dez minutos de espera. Do meio-dia à meia-noite, todos os dias. No dia das mães, inclusive, tem pacote fechado, com magret de pato, purê de mandioquinha, tarte tatin, entre outras opções. Para desespero do professor Porchat, a invasão francesa continua no Brasil... Mas Steven Kerlo, e sua Mercearia, estão mostrando que nem só de Olivier Anquier vive a gastronomia paulistana.
>>> Mercearia do Francês
 
>>> A PAISAGEM É O HOMEM Editorialmente falando, de uns anos pra cá, a história dos perfis em série começou com a Relume Dumará. Mais precisamente com a coleção Perfis do Rio, enfocando personalidades, períodos e até publicações célebres. Alguns ficaram mais famosos, como o de Antônio Maria, por Joaquim Ferreira dos Santos, que, de novo, virou livro. Outros eram quase releituras, pelos mesmos autores, de biografias – como o de Vinicius de Moraes, por José Castello. São Paulo tentou pegar o embalo, através da Ediouro, com a coleção Avenida Paulista. Teve, por exemplo, Ayrton Senna por Daniel Piza. Mas não emplacou. Quem entra agora, no formato, é a Companhia das Letras, com perfilados, sobretudo, da história brasileira. A coleção, recém-lançada, chama-se, naturalmente, Perfis brasileiros, e tem a coordenação de Elio Gaspari e Lilia M. Schwarcz. Ela, conhecidíssima da academia, tendo sido também autora de uma das mais consagradas biografias de D. Pedro II; ele, historiador por mérito, jornalista por ofício, autor da já clássica “biografia” da ditadura militar. Os quatro primeiros volumes dos Perfis brasileiros se compõem de três personagens eminentemente históricos e de mais um, mezzo histórico, mezzo artístico, Castro Alves. Um dos nossos maiores poetas românticos mereceu atenção de Alberto da Costa e Silva, ex-presidente da ABL. Já D. Pedro I, ganhou a assinatura de Isabel Lustosa, especialista nessa época, a mesma que brilhou mais que Jô Soares – com chistes de outro século – na Flip. Tem, ainda, Nassau, por Evaldo Cabral de Mello, responsável por uma coleção inteira, na editora 34, sobre Pernambuco do mesmo período. E, por último, Getúlio Vargas, por Boris Fausto. Os textos, à primeira vista, não são tão leves (jornalísticos), como o dos consagrados Perfis do Rio, nem os volumes têm a mesma espessura (convidativa) – mas preenchem uma lacuna, como diria, histórica. E são uma homenagem (bonita) da História ao jornalismo.
>>> Perfis brasileiros: Nassau: governador do Brasil holandês | Castro Alves: um poeta sempre jovem | Dom Pedro I: um herói sem nenhum caráter | Getúlio Vargas: o poder e o sorriso
 
>>> EVENTOS QUE O DIGESTIVO RECOMENDA



>>> Palestra
* Tempo dos deuses, tempo dos homens - Profª Carmen Junqueira (Antropologia, PUC-SP) e Profª Rachel Gazolla (Filosofia, PUC-SP)
(Seg., 08/05, 19h30, CN)

>>> Noites de Autógrafos
* Ética e Bioética - Taka Oguisso e Elma Zoboli (orgs.)
(Seg., 08/05, 18h30, VL)
* Maratonando - Rodolfo Reckziegel
(Ter., 09/05, 19h00, CN)
* Azeite - Luciano Percussi
(Qua., 10/05, 18h30, CN)
* Manual do Xavequeiro - Fabiano Rampazzo e Ismael de Araújo
(Qui., 11/05, 18h30, CN)

>>> Shows
* Concerto - Quarteto Portinari
(Seg., 08/05, 20h00, VL)
* Show - Duo Enrico Rava (trompete) e Stefano Bollani (piano)
(Sáb., 13/05, 19h00, VL)

* Livraria Cultura Shopping Villa-Lobos (VL): Av. Nações Unidas, nº 4777
** Livraria Cultura Conjunto Nacional (CN): Av. Paulista, nº 2073
*** a Livraria Cultura é parceira do Digestivo Cultural
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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