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Sexta-feira, 13/4/2007
Digestivo nº 324

Julio Daio Borges

>>> O CONSELHEIRO, COMO SEMPRE, COME (E BEBE) O D’Múcios aposta no encontro gastronômico entre o sanduíche e o churrasco. São Paulo, a cidade das pizzas, dos sushis e sashimis, além de ser a capital da gastronomia do Brasil (e talvez da América Latina), é igualmente famosa por conta de suas lanchonetes e churrascarias. O boom do sanduíche na madrugada vem de algumas décadas, com a sofisticação depois a franquia do América; com o sessentismo depois a consagração do Joakin’s; e até com a disputa, pelo fast-food, atualmente entre Burger King e McDonald’s (já teve Bob’s e Jack in the Box na competição). Pelo lado do churrasco, quem não conhece o Fogo de Chão, não conhece o provável maior sucesso tipo exportação da gauchada; quem nunca comeu no Rubaiyat, não pode nem contestar o ranking da Veja São Paulo, que sempre o coloca em primeiro lugar; e quem nunca discutiu com argentinos – que sorrateiramente se expandem na Paulicéia – sobre qual é a melhor carne, não sabe o que é morar na cidade. Ineditamente atento a essas tendências, o D’Múcios, com muita coragem e originalidade, resolveu fundir as duas coisas, para além do velho conhecido hambúrguer de picanha. Numa lanchonete ampla à rua Juriti em Moema, o entusiasta da “churrascada” e do “sanduba” encontra todas as variantes, desde os cortes caprichosamente montados no prato, passando por incrementadas saladas, até os espetos que vão parar entre duas metades dos mais variados pães. E, realmente, se o antigo hambúrguer de picanha, que virou commodity, nunca foi um espanto em matéria de sabor, no D’Múcios a sensação é de uma terceira via, que não é nem o churrasco nem o sanduíche – é a novidade da estação. Pra lá de estruturados, na linha das grandes pizzarias de Moema, a equipe do D’Múcios se prepara para estourar na demanda. Pode demorar, mas, certamente, acontecerá. Pois, como reza o clichê, não é uma mas são duas as paixões paulistanas.
>>> D’Múcios
 
>>> A BUSCA CONTINUA Em 2006, a cruzada de Luis Eduardo Matta pela “literatura de entretenimento” no Brasil, ou “LPB” (Literatura Popular Brasileira) para os íntimos, completou três anos desde a publicação de seu manifesto em prol do “thriller verde-amarelo”. No ano passado, também, Luis Eduardo estreou como autor da editora espanhola Planeta, com 120 Horas (graças ao olho clínico de um editor de lá, que leu atentamente os elogios de Paulo Polzonoff Jr. no JB). E agora em 2007 – além de inconscientemente ter previsto a crise no Irã, em seu Ira Implacável (Razão Cultural, 2002) – LEM, sempre para os íntimos, estréia como autor infanto-juvenil pela editora Ática, com Morte no Colégio. Além das ótimas ilustrações da dupla Fábio Moon e Gabriel Bá, o volume expande os domínios de Luis Eduardo no gênero suspense e reinaugura a tão cultuada Coleção Vaga-Lume. Morte no Colégio – fora o fato de ser um page-turner para crianças, jovens e até adultos – atualmente se coloca como a ponta-de-lança da nova Vaga-Lume, que foi a sensação de alunos do ensino médio na década de 80, quando catapultou autores como Marcos Rey, Lucia Machado de Almeida e Luiz Puntel. A ponto de quase todo escritor estreante hoje ser praticamente empurrado para esse público, quando, como aponta o próprio Luis Eduardo Matta, nem sempre é o caso. Para um romancista que está consolidando sua carreira, como LEM, o infanto-juvenil oferece a possibilidade de adoção em escolas (e até compras governamentais, no universo dos paradidáticos) – o que representa normalmente altas tiragens e rendimentos razoáveis. Luis Eduardo, que é um ótimo palestrante, já se prepara para sair em turnê com Morte no Colégio, Ivan, Sofia e Tio Fausto (seus personagens). Aspirantes a escritor, em vez de ficar choramingando pelos cantos (e empurrando seus originais a torto e a direito), deveriam seguir os passos do idealizador da LPB, que virou a própria mesa em pouco mais de três anos.
>>> Morte no Colégio
 
>>> TODOS OS HOMENS DO PRESIDENTE Com a alardeada evolução do jornalismo ao longo do século XX, o especialista foi passando de autor da notícia a informante ou a simples “fonte”. Já com a internet no século XXI, o especialista de repente não precisou mais disputar espaço com jornalistas diplomados ou até adeptos da reserva de mercado. Desde 1999, ou antes, o especialista pode montar seu blog; e desde 2005, ou antes, pode protagonizar seu próprio podcast. Assim, nos EUA, Jeremy Zawodny é o “canary in a coal mine” do Yahoo.com, num dos weblogs mais influentes de tecnologia em língua inglesa; e, do mesmo modo, Jason Calacanis, que se desligou da AOL depois de ressuscitar a marca Netscape, quer ser um dos podcasters mais influentes no mercado de internet, ao lado de gente como Robert Scoble, Michael Arrington e até Adam Curry. No Brasil, podemos identificar, neste instante, o caso interessantíssimo de René de Paula Jr. Aparentemente sem pretensão nenhuma, o amigo de Guilherme Kujawski (do Itaú Cultural) gravava videocasts e, em seguida, podcasts, apenas para não perder o embalo do brainstorm, enquanto conduzia seu veículo através das ruas de São Paulo, até a garagem do Yahoo Brasil, na Vila Olímpia. René não era exatamente um informante, um “agente secreto” ou mesmo um observador privilegiado, era mais uma voz no Yahoo.com.br, abordando, em geral, aspectos da Web 2.0: seu crescimento exponencial, sua ligação dúbia com a geografia, suas promessas mirabolantes e seu potencial não realizado (ainda), entre outras coisas. Com uma qualidade técnica questionável, e alguns bons insights, um dos maiores atrativos do Roda&Avisa, seu podcast, era justamente misturar um “making-off” insólito com a vivência de alguém dentro do segundo maior portal (no mundo, só atrás do Google). Mas René de Paula se desligou, como Calacanis da AOL, do Yahoo Brasil... O que nos aguarda agora? Será que ele vai colocar a boca no mundo? Vamos ganhar nosso Internet Outsider? Desde Deep Throat que os especialistas (ou informantes) não tinham tanto cartaz. E, no Brasil, desde o vizinho blogueiro de Roberto Jefferson... Atenção em René de Paula Jr.: agora desempregado e perigoso.
>>> Roda&Avisa
 
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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