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Segunda-feira, 25/9/2006
After Mozart

Julio Daio Borges




Digestivo nº 298 >>> Gidon Kremer é um dos grandes violinistas contemporâneos que nos brinda com o privilégio da sua convivência de tempos em tempos. Kremer e sua Kremerata sempre chegam para nos ensinar alguma coisa. Neste ano, na Temporada 2006 do Mozarteum Brasileiro, instigando nossa curiosidade talvez com seu arranjo para “Smile”, de Chaplin, arrastou-nos até Beethoven, e esse seu redemoinho, que é o opus 133, a Grande Fuga. Depois, retomando sua periódica homenagem a Piazzolla, desta vez com “Celos” e “Libertango”, conduzindo-nos a Schumann, e a seu Concerto para violoncelo, op. 129, em lá menor. Gidon Kremer tem essa compreensão plena do público. Sabe que, no Brasil (e, talvez, no mundo), o cinema pode vir a ser uma “porta” para a música erudita – também pela inclusão no programa de Dunayevsky, e de sua trilha para Children of captain Grant –, mas não deixa de revisitar os mestres, e de acompanhar a audiência passo a passo. Como em todos os outros setores da cultura, em que existem intenções sérias por trás, a preocupação em, minimamente, educar as platéias é uma constante no universo da música. A encruzilhada da indústria fonográfica, no ramo da música clássica, é um problema ainda mais inquietante. Porque, além das vendas terem sofrido queda – como em todos os demais setores –, a empreitada do disco deixa de compensar a partir da gravação (muito mais dispendiosa, em termos orquestrais, do que a da música popular). Como Gidon Kremer, que mistura soundtrack com contraponto, vibrafone com movimento “religioso”, cada ator na música, cada músico, é, atualmente, responsável pela reinvenção da outrora naturalíssima relação entre expectador e intérprete. Os concertos que começaram com o virtuosismo, têm sua concepção elevada, em grau de importância, ao mesmo nível da performance. Fora o desempenho impecável, a orquestra e o solista devem hoje conquistar o público desde o libreto. Gidon Kremer, que com sua Kremerata faz até ação social, está, coincidentemente, na trilha certa – e nesse sentido nos ensinando sempre quando vem.
>>> Mozarteum Brasileiro
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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