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Sexta-feira, 19/1/2007
O machete e o violoncelo

Julio Daio Borges




Digestivo nº 312 >>> Machado de Assis é nosso maior escritor. Quantas vezes você já não ouviu isso? Mas quantas vezes alguém já te convenceu disso? Alguém que não fosse o próprio Machado de Assis... Pois é, esse “alguém” pode ser John Gledson – com seu livro Por um novo Machado de Assis, uma coletânea de ensaios sobre o Bruxo do Cosme Velho. É chocante que um brasilianista (e, não, um brasileiro) venha justamente nos convencer da importância do nosso maior escritor. Acontece que Gledson, talvez por isso mesmo (talvez por ser um observador privilegiado), não sofre a influência dos truísmos nacionais sobre Machado de Assis, perpetrados de geração em geração. Outra razão talvez se relacione ao rigor de John Gledson – que tira conclusões, aparentemente, de anos de convivência com a obra do Bruxo; de modo que ele consegue saber, por exemplo, quando um conto falhou na avaliação do próprio autor (considerando-se claro que estaremos, em 2008, a um século de distância da morte de Joaquim Maria Machado de Assis...). Gledson propõe – outro exemplo – nova interpretação para a famosa crítica do criador de Dom Casmurro ao romance Primo Basílio, de Eça de Queiroz. Ao contrário do coro pró-Machado, obviamente da crítica brasileira, o livro sugere que Eça pode ter acertado muito mais do que errado (e reproduz a carta-resposta do próprio ao jovem Bruxo petulante...). Por um novo Machado de Assis fala ainda de homossexualidade, tema igualmente presente em Graciliano Ramos, de Roberto Schwarz (para os anglófonos) e reproduz a já clássica introdução àquela seleção de contos que a Companhia das Letras editou há alguns anos – entre outras coisas. Se você está cansado dos clichês que ouviu durante a vida inteira sobre Machado de Assis, esses ensaios podem reconciliá-lo com o autor de Memórias Póstumas de Brás Cubas.
>>> Por um novo Machado de Assis
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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