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Quarta-feira, 30/5/2007
Orra, meu

Julio Daio Borges




Digestivo nº 331 >>> Rita Lee sempre esteve no meio do caminho entre o rock e a música brasileira, então não é estranho que agora ela pule de uma major do disco para a gravadora Biscoito Fino. Seu primeiro lançamento na nova casa é a caixa de DVDs Biograffiti, no embalo de boxes como o de Tom Jobim (da mesma BF) e Elis Regina. Alternando-se entre depoimentos e performances – a aparente receita do atual sucesso em DVD –, Biograffiti tem seus melhores momentos em imagens de arquivo, como no caso de Elis e Tom, às vezes em algumas declarações de Rita, de repente em um ou outro show recente e em inéditas razoáveis como “Tão” (dedicada a Rosinha Garotinho?). Do arquivo, constam: “Panis et Circenses”, com os Mutantes na TV Cultura (já disponível no YouTube, bem como outros vídeos da mesma apresentação); o dueto com João Gilberto, na TV Globo, num momento de docilidade em que o próprio João provavelmente não se reconhece mais; e o dueto com Elis, que a havia apoiado na época da prisão – Rita conta –, mas que entra na canção mais pela farra. Das declarações: entre piadas da compositora, amores como Roberto de Carvalho e boas sacadas sobre a condição da mulher, sobressai a história de expulsão dos Mutantes (que talvez justifique sua resistência em reunir-se com eles hoje), a declaração torta de Tom Zé nos extras (que começa, logicamente, xingando) e, por incrível que pareça, o testemunho grisalho e manso de Caetano Veloso (associando a homenageada à sofisticação maior do rock inglês). Preenchendo essas cenas que caberiam todas num único DVD – quando, na caixa, são três – canções de turnês de Rita Lee no fim do século XX, início do XXI, na era “Beto Lee” da banda. Como no caso de Elis e de Tom, mais uma vez, o arranjo de Biograffiti não tem a profundidade (nem o fio condutor) de um documentário sobre a artista, mas promete horas interessantes para os fãs. Numa época de fartura midiática, em que a edição passou para as mãos do consumidor, até a indústria fonográfica aderiu à moda de despejar cada vez mais material bruto, e fartas sobras de estúdio, nas mãos de melômanos.
>>> Biograffiti
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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