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Quarta-feira, 25/7/2007
Carnaval só ano que vem, da Orquestra Imperial

Julio Daio Borges




Digestivo nº 337 >>> De uma atração mais localizada para um público específico do Rio, a Orquestra Imperial vem se firmando como uma séria alternativa para a música brasileira que, há muito, não se renova. Luís Antônio Giron mostrou, na Bravo!, que a MPB é autofágica (afinal, os grandes nomes estão à beira da aposentadoria criativa, mas não largam o osso), e até os fãs já perceberam que o rock BR não sobreviveu musicalmente aos anos 80. Sobrou a geração surgida na década de 1990, entre as majors e a decadência delas, entre as poses estudadas e o escasso talento. A esperança para a música brasileira no novo século, não adianta, está em nomes como Kassin, Rodrigo Amarante e Domenico Lancelotti – e a prova, justamente, está no segundo álbum da Orquestra Imperial, Carnaval só ano que vem, que mistura essas figuras com outras, pelo selo Ping Pong. Abre com “O mar e o ar”, que é Amarante ainda melhor do que na época do Los Hermanos, segue com “Não foi em vão”, de Thalma de Freitas, que além de ótima intérprete é boa compositora, registra pérolas como “Yarusha Djaruba”, alternando a malandragem com as melhores intenções, junta veteranos como Wilson das Neves com Max Sette, em “Era bom”, e fecha com a superbacana “Supermercado do amor”, onde Nina Becker faz as vezes de Gal Costa e Pedro Sá (ou Bartolo) as de Lanny Gordin. A O.I. abriu a quinta edição da Festa Literária Internacional de Parati, mas soou muito moderna (e/ou desconhecida) para o público médio da FLIP – portanto, não foi unânime. O resgate da gafieira – muito alardeado pela imprensa viciada em press releases – é hoje, felizmente, mais um pretexto, porque, ao contrário da linha de regravações do primeiro EP da Orquestra Imperial, Carnaval só ano que vem aposta saudavelmente na veia autoral. Em fins de agosto, São Paulo confere o vanguardismo da Orquestra. E a grande lição da O.I. talvez seja, finalmente, a de que um grupo eclético, mas coeso, chega a soluções mais interessantes do que artistas individualistas emulando o batido mainstream.
>>> Orquestra Imperial
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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