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Sexta-feira, 14/9/2007
Tarde, de Paulo Henriques Britto

Julio Daio Borges




Digestivo nº 344 >>> Paulo Henriques Britto abafou na Flip 2005. Levou a nocaute dois "poetas" que participavam da sua mesa e saiu ovacionado, e até um pouco constrangido, de Parati. Paulo Henriques Britto se consagrou como tradutor, mas sua poesia ganhou impulso na Companhia das Letras, a ponto de lhe conceder um Portugal Telecom, de valor polpudo, em 2004. Paulo Henriques Britto lançou ainda um duvidoso livro de contos, Paraísos Artificiais (2004) - que os amigos cobriram de elogios, como é praxe no Brasil -, e, agora em 2007, retorna à poesia com Tarde. O primeiro poema é brilhante e a orelha anuncia que Paulo Henriques Britto vai se direcionar à modernidade poética. Naquela Flip, foi chamado de "erudito", por ser simplesmente bom e, no Rascunho, talvez para contrastar, fez questão de elogiar "letristas" como Bob Dylan. Tarde, portanto, é uma tentativa de combinar o rigor técnico de sempre (considerado erudito por quem não lê) com o "baixo", em Drummond e em outros grandes do século XX, como Pessoa e Bandeira. Reunindo uma produção que estava relativamente dispersa em publicações, revistas etc., Tarde parece, ainda, um esforço de "popularizar" Paulo Henriques Britto, retirando-o da atemporalidade de sua produção anterior, encaixando-o na mundanidade dos cadernos e suplementos em geral. Se, como tradutor, o poeta poderia desovar seus livros em intervalos de 6 a 7 anos, agora, com algum reconhecimento literário (e um prêmio pesando nas costas), o autor se vê instado a lançar algo no mercado anual ou bienalmente. Se for uma estratégia, não é a melhor. Tarde ainda vale, mas ninguém pode prever, nesse ritmo, o que virá...
>>> Tarde
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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