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Quarta-feira, 30/4/2008
Cada mesa é um palco, de Lima+Salles

Julio Daio Borges




Digestivo nº 365 >>> Carlos Fernando fez tanto sucesso nos anos 90, com o Nouvelle Cuisine, que seu fantasma continua nos assombrando nos anos 2000. Quem, senão ele, salta logo nas primeiras faixas de Cada mesa é um palco, de Claudio Lima e Rubens Salles? Felizmente, a angústia da influência, neste caso, é para bem. Afinal, as melhores interpretações são, efetivamente, as do início: "Bis", animadíssima, de César Teixeira, abrindo; "Minha Carta", oscilando, entre desesperada, arrastada e pontuada, de Tom Zé; "Caminhemos", grave e eletrônica, ao mesmo tempo, de Herivelto Martins; e "Lush Life", clássico reinventado com bravura, de Billy Strayhorn. O CD perde um pouco do ritmo a partir de "Lígia", dificílima depois do próprio Jobim; lenta demais aqui (chata&dramática e, não, lúdica&auto-irônica). "Tola foi você", então, parece querer pegar carona no revival de Ângela Rorô (pós-Barão Vermelho), mas só consegue soar indecisa entre os vários gêneros oferecidos. E "My Funny Valentine" é um desperdício, porque se rivalizar com o instrumentista Chet Baker em "Lush Life" poderia parecer admirável ao ouvinte, evocá-lo, de novo, depois, num ritmo de Marcos Valle contemporâneo, simplesmente não funciona. (A musa veio e se foi.) Neste ponto, com a arriscadíssima "Despedida", de rimas fáceis (e de um desconhecido Bruno Batista), o álbum empata. "Assum Preto", devagar quase parando, não ajuda na conclusão (o que diria Luiz Gonzaga dessa versão?). Cada mesa é um palco satisfaz a curiosidade nas primeiras audições (da primeira metade do disco); mas, num próximo passo, talvez seja melhor evitar a comparação com André Mehmari e Ná Ozzetti — por enquanto insuperável na atual formação de piano e voz.
>>> Cada mesa é um palco
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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