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Quarta-feira, 24/2/2010
O Iconoclasta, de Gregory Berns

Julio Daio Borges




Digestivo nº 455 >>> Muita gente queria ter inventado o iPod, mas nem todo mundo teria a mesma coragem do gênio da Apple. Gregory Berns, pioneiro da "neuroeconomia", escreveu Iconoclasta (Record), para mostrar que uma ideia, só, não basta. "Iconoclasta", a palavra, vem do grego e significa, literalmente, "destruidor de ícones". O iconoclasta bem-sucedido, segundo Berns, precisa de, no mínimo, três características. Primeiro, precisa de uma percepção diferente. O iconoclasta não vê, apenas, as coisas como elas são, mas como elas podem ser. E, para enxergar diferente, é preciso "sair da rotina" - é preciso alimentar-se de informações novas. O iconoclasta é um inovador. O iconoclasta é um contestador, o iconoclasta, como diz o autor, se orgulha da sua "não conformidade" - e o iconoclasta, como Richard Feynman, tem "uma indisposição [natural] para aceitar qualquer afirmação de autoridade". O iconoclasta é um rebelde, em suma. Segundo: ele não deve ter medo. A maioria das pessoas sofre ou de "medo da incerteza" ou de "medo do ridículo". O iconoclasta tem outro "padrão" de risco. Ele usa essa fonte natural de stress, o medo, em benefício próprio - e converte-o numa oportunidade, para descobrir algo novo. O iconoclasta não tem medo de falhar, pois, como diz a frase de Burt Rutan (evocando Henry Ford): "O teste leva ao fracasso, e o fracasso à compreensão". O iconoclasta tem aquela sensação (nas palavras do autor): "Se eu não fizer, ninguém mais fará". O iconoclasta não teme as consequências físicas, sociais, legais e, principalmente, financeiras. Terceiro (e último): ele precisa ter "inteligência social". Entre as "pessoas inovadoras" e as "pessoas imitadoras", frequentemente, existe uma distância. E o iconoclasta precisa de "conectores" - ou precisa ser um "conector" ele próprio; ou, até, fabricar seus "conectores". As pessoas comuns precisam de algo familiar para aceitar uma ideia nova. E quem vai produzir essa "familiaridade" são os conectores. É a diferença entre Van Gogh, o gênio que se suicidou, e Picasso, o gênio que conquistou o mundo. É - se você quiser - a diferença entre o "gênio verdadeiro" e o tal "gênio incompreendido"... Gregory Berns estudou iconoclastas desde Walt Disney até Warren Buffett, desde Martin Luther King Jr. até o nosso Steve Jobs (que, voilà, se tornou um ícone). Seu livro é delicioso, tem a "duração" ideal e deveria ser obrigatório para quem quer evitar - como sabiamente profetizou Nietzsche - o "espírito de rebanho"...
>>> O Iconoclasta
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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