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Quarta-feira, 17/3/2010
A Few Thoughts on Cognitive Overload, de David Kirsh

Julio Daio Borges




Digestivo nº 458 >>> De information overload ou "overdose de informação", quase todo mundo já ouviu falar. Agora, de cognitive overload ou "overdose mental (ou cognitiva)", nem todo mundo. Pois — a fim de entender (e remediar) o processo que está impedindo muita gente de trabalhar direito (ou de, simplesmente, viver a vida) — existe um artigo de David Kirsh, disponível na internet, que é bastante ilustrativo: "A Few Toughts on Cognitive Overload" ou, em livre tradução, "Alguns pensamentos sobre a overdose cognitiva". Longe de ser acadêmico, embora rico em dados, o paper, digamos assim, é bem legível, chegando a surpreender como pôde, justamente, ser tão bem estruturado, e escrito, na mesma era do excesso de informação (e de interrupção). ;-) Kirsh começa afirmando que a principal carga de overdose mental, ou cognitiva, é o "esforço psicológico" de ter de "tomar decisões" em cima das "informações que nos são empurradas" todos os dias. Kirsh lamenta que a Web tenha promovido o crescimento da chamada "informação de baixo custo", em detrimento, logicamente, da "informação de qualidade". Num gráfico explicativo, ele mostra que a informação, em geral, cresce junto com a internet (exponencialmente), mas a informação de qualidade cresce num ritmo bem mais lento (linearmente). Para David Kirsh, lidamos com informação, basicamente, de três maneiras. Ou somos o que ele chama de "acumuladores cegos" (1): para esses, "se qualquer informação pode ser crítica (para a tomada de decisão), estoca-se toda e qualquer informação". Infelizmente, para esses, há o problema de "não se conseguir recuperar a informação (guardada) depois"... Sem falar no "acúmulo excessivo de informação". Já os "acumuladores just-in-case" (2)...: "Algumas pessoas gostam de saber 'o suficiente' a fim de estarem preparadas para 'o que vier'", introduz o segundo grupo Kirsh. (Esses seguem a máxima, em português: "Vai que, um dia, eu preciso...") Fazem pesquisas, e até estudam coisas, que podem "usar (um dia)"... Infelizmente, para esses: como é impossível saber "o que será necessário" (no futuro), o valor da informação estocada torna-se, automaticamente, duvidoso. O risco — de querer acompanhar desde periódicos até as últimas pesquisas em várias matérias — é perder o foco. (Kirsh lamenta, ainda, que esse seja, justamente, o modelo de nossas escolas e da nossa educação...) O último, e terceiro, tipo são os "acumuladores just-in-time" (3): "Uma vez que você não sabe, exatamente, de qual informação vai precisar, melhor ignorar todo o tipo de informação, a não ser que ela sirva para uma tarefa no presente". Ou seja: "quando descobrir de qual informação você precisa, colete apenas essa". O risco — claro — é não conseguir encontrar a informação certa no tempo necessário. E o excesso de foco, no curto prazo... pode levar à "miopia", na visão de longo prazo... Mas, afinal de contas, trabalho tem tanto a ver, assim, com informação? David Kirsh responde que, no século XXI, somos todos trabalhadores da "era do conhecimento". Kirsh ainda se debruça sobre os espaços nos quais trabalhamos — ele acredita que influenciem, igualmente, nos nossos processos mentais —, mas seu principal conselho é: precisamos nos antecipar, e nos planejar, em relação ao volume de informação atual; caso contrário, estaremos sempre reagindo — e sendo soterrados — pelo information overload.
>>> A Few Thoughts on Cognitive Overload
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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