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Quarta-feira, 6/10/2010
Pelo Sabor do Gesto, o show de Zélia Duncan

Julio Daio Borges


Foto de Marcia Costa no Flickr


Digestivo nº 472 >>> Se, na turnê de Pré Pós Tudo Bossa Band (2005), Zélia Duncan estava mais protocolar, apresentando os números na sequência, ainda que impecavelmente, como se uma sucessão natural de Sortimento (o show), na turnê de Pelo Sabor do Gesto, seu melhor disco em anos, ela finalmente se reinventou no palco. A direção de Ana Beatriz Nogueira lhe caiu bem: Zélia está mais feminina, mais bonita, mais alegre como performer. O rearranjo da banda, igualmente, foi providencial: com as principais cordas concentradas em Webster Santos, os principais efeitos concentrados em Leo Brandão e a seção percussiva quase toda a cargo de Jadna Zimmerman, o som pareceu mais redondo, mesmo num Memorial da América Latina inicialmente embolado, distribuindo melhor as responsabilidades e harmonizando mais o conjunto. O aquecimento, numa noite de centenário de Adoniran Barbosa, foi OK com "Boas Razões", "Ambição" (Rita Lee) e "Telhados de Paris" (Nei Lisboa). Mas o fogo mesmo foi atiçado a partir de "Tudo Sobre Você" (aquela radiofônica), uma versão inesperada de "Intimidade" e a impagável "Felicidade" (de Luiz Tatit), arrancando gargalhadas da plateia, ao trocar "depressão" por "felicidade", e fazer desta (e, não, da outra) o "mal do século". "Esporte Fino Confortável" não soou muito bem ao vivo, nem "Cedotardar". Felizmente o clima esquentou, mais uma vez, com "Duas Namoradas" (na letra de Itamar Assumpção: a Música e a Poesia), "Todos os Verbos" (a melhor letra do último de ZD em estúdio) e "Pelo Sabor do Gesto" (quase confessional na interpretação). Marcos Valle recebeu sua merecida homenagem em "Os Dentes Brancos do Mundo", até Roberto Carlos foi homenageado com a engraçadinha "I love you" e a noite se encerrou, naturalmente, com "Tiro ao Álvaro", bem ensaiada, mas ainda longe da versão de Elis. A surpresa ficou por conta de uma "nova" de Paulo Moska — o amigo de Jorge Drexler —, que, homenageando seu filho, fez Zélia Duncan errar a letra e recomeçar, sensibilizada. A turnê de Pelo Sabor do Gesto, portanto, confirma que esse disco, e seus desdobramentos, é um recomeço, para uma ZD que havia tido um ponto alto em Sortimento (o show e o disco).
>>> Pelo Sabor do Gesto
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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