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Segunda-feira, 5/5/2014
Os Arquivos Snowden, de Luke Harding

Julio Daio Borges




Digestivo nº 500 >>> Desde Julian Assange, em 2010, que o mundo não era chacoalhado por um hacker. Edward Snowden, ex-CIA, resolveu vazar todo um programa de espionagem do governo dos EUA, em associação com as principais empresas de internet, para monitorar as comunicações de cidadãos americanos ou não, ligados ao terrorismo ou não. Isso foi em 2013; e foi um escândalo. Para completar, comprovou-se que os mesmos EUA grampeavam, inclusive, celulares de chefes de estado, como Angela Merkel e, pasme-se, Dilma Roussef. Conhecendo os riscos de sua missão de delator, Snowden abandonou seu posto no Havaí e instalou sua base em Hong Kong, de onde contatou Glenn Greenwald, colunista do Guardian, radicado no Rio, e fez História. Ao contrário de Assange, sobre o qual se lançaram imediatamente livros, Snowden nunca foi afeito à exposição midiática, acabou menos conhecido e mereceu uma "biografia" só agora, com Luke Harding, correspondente internacional do mesmo Guardian. Snowden é bastante jovem, portanto não há muito o que se falar de seus anos de formação. (Sem contar que apagou seus rastros on-line.) Ficamos sabendo que passou bastante tempo participando do fórum de discussão do Ars Technica, que terminou vendido para o grupo Condé Nast. Acabou não se formando, mas sua habilidade com computadores era tamanha que imediatamente foi contratado e teve ascensão meteórica, como técnico, nos serviços de inteligência dos EUA. Quando decidiu jogar tudo pro alto, morava "no paraíso", segundo suas palavras, com a namorada, e tinha uma renda anual de mais de 200 mil dólares. Diferente de Assange, Snowden nunca foi "de esquerda", poderia ser definido como "um patriota", e simpatizava com Ron Paul, candidato republicano nas primárias de 2008 e 2012. Mais cerebral que Assange, porém, Snowden escolheu seus parceiros, no jornalismo, a dedo, criptografando desde o início todas as mensagens e só aceitando negociar pessoalmente os termos de seu "vazamento". Sabendo que sua atitude não teria volta e que os EUA só o receberiam para prendê-lo, acabou pedindo asilo na Rússia, de Putin, que terminou lhe concedendo, para a irritação de Obama. Hoje se sabe que está em Moscou, trabalhando para um empresa de tecnologia, mas sua ambição não é permanecer sob os holofotes. Glenn Greenwald, o ex-advogado que se tornou colunista do Guardian, terminou ganhando maior notoriedade que Snowden, e foi agradaciado com um convite de Pierre Omidyar, bilionário fundador do eBay, que resolveu investir no ramo de notícias, com a First Look Media. Assange, claro, tirou uma lasca, infiltrando uma representante do WikiLeaks para escoltar Snowden desde Hong Kong até a Rússia. Mas o que fica, de todo episódio, é que somos mais monitorados do que poderíamos imaginar e que não existe privacidade para quem usa serviços de empresas como Google, Facebook, Microsoft e até da Apple, de Steve Jobs.
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Editor
 

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