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Quarta-feira, 25/7/2001
Putos no faltan

Julio Daio Borges




Digestivo nº 42 >>> A tradição latino-americana da "malandragem" nunca foi bem vista como representação dos povos ao sul dos EUA, nem na vida, nem na arte. Ainda que o espírito da "esperteza" permeie o caráter do brasileiro e do hispano-americano, a ditadura do politicamente correto não permite que esse aspecto da latinidade seja ressaltado. É, no entanto, por isso que um filme como Nove Rainhas, de Fabián Belinsky, chega como uma lufada de ar fresco, numa atmosfera carregada de preocupações políticas, sociais, estéticas. Depois de tanta conversa séria e grave, nada como uma história divertida, inteligente e bem montada, que não pretende salvar o Terceiro Mundo, e nem conscientizar as massas, mas simplesmente retratar o dia-a-dia de dois golpistas (ladrões de galinha) nas ruas civilizadas de Buenos Aires. De uns tempos para cá, felizmente, os realizadores de países periféricos se voltaram para os temas urbanos, deixando o regionalismo para documentaristas ou para entusiastas de obras já consagradas. Não há como fugir das grandes cidades, é nelas que o mundo nasce, vive, morre, constrói, destrói, ama, sofre. Assim, uma dupla que circula pela urbe, cometendo pequenos furtos, ludibriando os cidadãos desavisados, planejando polpudas negociatas, pode dizer muito mais sobre o Homem Latino das Américas do que tratados inteiros sobre a miséria, a desigualdade, a fome. O Brasil tem, mais uma vez, o exemplo da Argentina, agora no cinema, departamento onde os acertos ainda são maiores que os erros.
>>> Nueve Reinas
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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