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Quarta-feira, 25/7/2001
Digestivo nº 42
Julio Daio Borges
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Imprensa >>> Joelho no chão e oração
Existe um candidato à presidência da república que, em plena campanha pelas rádios e tevês do Brasil, está destronando Ciro Gomes e Itamar Franco (sem nenhum alvoroço), e prometendo vencer Lula no segundo turno, exatamente como fez um certo Fernando Collor de Mello, em 1989. Enquanto as atenções estão voltadas para o queridinho da Patrícia Pillar, para o ex-presidente pão-de-queijo, para o dirigente de honra do PT, ou ainda, para um eventual nome ligado ao atual Governo (seja quem seja), Anthony Garotinho, o mais novo lobo-em-pele-de-cordeiro, vai se consagrando de fininho, e proclamando, com voz singela, que essa é a vontade de Deus. Que a mídia constituída faça vista grossa para seu populismo à la Padre Marcelo, e para suas blasfêmias de ocasião, é sinal de que o Governador do Estado do Rio de Janeiro tem sido bem aceito pelo establishment como um possível nome do continuísmo ou da situação. Seus movimentos são estudados e, a cada passo, ele se aproxima mais da imagem do "salvador da pátria" que, repudiando a classe política que está aí, materializa-se como a alternativa primordial na sucessão de 2002. Sua estratégia é quase um "business case": primeiro, em 1994, ele se converteu à religião do Bispo Edir Macedo; em seguida, elegeu-se pelo Rio de Janeiro, com Benedita da Silva, uma vice "acima de qualquer suspeita"; logo adiante, rompeu com Brizola; depois (ou antes), liderou os governadores de oposição, renegociando suas dívidas diretamente com FHC; em tempos recentes, tem se apresentado em programas de auditório (na televisão), enquanto fala em cadeia de rádio, abarcando (estima-se) 58 emissoras em 16 estados. Não resta dúvida: se a passagem continuar livre, e se a máquina continuar azeitada desse jeito, Deus há mesmo de querer que Garotinho se eleja para o Planalto. Se alguém tem algo a dizer, é melhor que o diga agora ou, então, que se cale para sempre. [Comente esta Nota]
>>> Garotinho 2002
 



Cinema >>> Putos no faltan
A tradição latino-americana da "malandragem" nunca foi bem vista como representação dos povos ao sul dos EUA, nem na vida, nem na arte. Ainda que o espírito da "esperteza" permeie o caráter do brasileiro e do hispano-americano, a ditadura do politicamente correto não permite que esse aspecto da latinidade seja ressaltado. É, no entanto, por isso que um filme como Nove Rainhas, de Fabián Belinsky, chega como uma lufada de ar fresco, numa atmosfera carregada de preocupações políticas, sociais, estéticas. Depois de tanta conversa séria e grave, nada como uma história divertida, inteligente e bem montada, que não pretende salvar o Terceiro Mundo, e nem conscientizar as massas, mas simplesmente retratar o dia-a-dia de dois golpistas (ladrões de galinha) nas ruas civilizadas de Buenos Aires. De uns tempos para cá, felizmente, os realizadores de países periféricos se voltaram para os temas urbanos, deixando o regionalismo para documentaristas ou para entusiastas de obras já consagradas. Não há como fugir das grandes cidades, é nelas que o mundo nasce, vive, morre, constrói, destrói, ama, sofre. Assim, uma dupla que circula pela urbe, cometendo pequenos furtos, ludibriando os cidadãos desavisados, planejando polpudas negociatas, pode dizer muito mais sobre o Homem Latino das Américas do que tratados inteiros sobre a miséria, a desigualdade, a fome. O Brasil tem, mais uma vez, o exemplo da Argentina, agora no cinema, departamento onde os acertos ainda são maiores que os erros. [Comente esta Nota]
>>> Nueve Reinas
 



Além do Mais >>> O fígado é só seu e de mais ninguém
Quando o Ratos de Porão surgiu na mídia, mais ou menos junto com o Sepultura, no début da década de 90, brotou da terra feito lava de vulcão, cuspindo as víceras de uma sociedade, que evitava encarar de frente seus filhos menos diletos. Naquela época, eles eram desagradáveis, necessários e autênticos. De lá pra cá, o escatológico foi sendo alçado à condição de índice de audiência, de modo que o porta-voz do "mundo cão" de hoje pode, muito bem, converter-se no emergente "clown" de amanhã (rápido como num passe de mágica). Não existe mais gravidade, nem vergonha na cara, é tudo quase sempre materia-prima, para essa grande ópera bufa, em que se transformou a vida (pós-Machado). Assim sendo, o ingênuo, que defende causas justas neste instante, pode estar servindo de diversão, para esse imenso coliseu romano, em que se converteu a televisão (as revistas e as rádios que lhe dão suporte). Que João Gordo seja capa da Veja em São Paulo, só reforça a constatação de que ele foi plenamente digerido e assimilado, pelo mesmíssimo público, que, aliás, há meros dez anos, tratava de execrá-lo. De agora em diante, pois, é só uma questão de tempo, até que ele passe de "revolucionário" do talk show a "espantalho" da Rede Glodo. Abrir-lhe-ão, cada vez mais, os microfones, expondo suas fragilidades e suas indiossincrasias, para além do suportável. A ilusão inicial é a de que João Gordo ganha mais espaço, para se movimentar e para se expressar. Quem conhece o efeito, porém, sabe que, ao ser entendido e explicado, ele vai se convertendo em caricatura (da própria classe) e em anti-corpo (contra si próprio): repetirá sua mensagem até que ela não tenha mais efeito, num futuro próximo; será emulado com facilidade e sem prejuízo; terminará substituído e conduzido à obsolescência, sem dor ou trauma; acabará expelido de volta, como se por aqui nunca antes tivesse passado. [Comente esta Nota]
>>> Vejinha
 



Música >>> Frívola, despreocupada e sorridente alta sociedade
A Pittsburgh Symphony Orchestra trouxe à Sala São Paulo um dos seus maiores contigentes populacionais desde o início da temporada do Mozarteum. Feito que deve ser, igualmente, creditado à notoriedade de obras como a Sinfonia nº 5, de Beethoven, e a Sinfonia nº 35, de Mozart. Em música clássica, porém, o que acaba reluzindo nem sempre é o que há de mais evidente e esperado no repertório. Para o presente caso de Mariss Jansons e sua orquestra, o arrebatamento se deu quando da execução de Richard Strauss e da suíte da ópera O Cavaleiro da Rosa. Os ouvintes de música erudita, em geral, são bastante conservadores ao adquirir seus discos e videos, preferindo quase sempre o certo ao duvidoso - o que implica trocar qualquer compositor "moderno" por algo garantido, como, por exemplo, Johann Sebastian Bach. Na sala de concerto, contudo, o tiro sai invariavelmente pela culatra. Afinal, os autores que mais apelam ao sentimento da platéia contemporânea são, justamente, aqueles que lhe são mais "próximos", ou seja, os nascidos a partir do século XIX. Nesse sentido, Richard Strauss parece mais adaptado à realidade fragmentária das pessoas que vivem no Terceiro Milênio. Com suas inflexões rítmicas e poéticas - que fez Jansons conduzir sua "entourage" como quem comanda uma cavalaria - Strauss consegue prender a atenção do espectador por períodos curtos e intensos, não exigindo a concentraçao que um movimento de Mozart ou Beethoven, por exemplo, demandaria. É de se perguntar o que essa tendência provocará em décadas (uma temporada de sons estilhaçados, talvez?). Entendidos, entretanto, asseguram que essa é a sina da Grande Música: ser negligenciada e mal compreendida, através dos tempos. Enfim, afetada ou não, sincera ou não, clama-se pela adinheirada pláteia, nem que seja apenas para preservar templos, como esse da Estação Júlio Prestes. [Comente esta Nota]
>>> Strauss
 



Gastronomia >>> O Conselheiro também come (e bebe)
O Marie fica na Rua Araçari, e pode ser avistado, pelo seu tom de amarelo, como uma luz ao longe, desde a Rua Jorge Coelho, no Itaim Bibi. A cozinha é francesa e, dentre os proprietários, encontra-se traços da linhagem que começou com o Le Casserole. A entrada é modesta, mas o ambiente, extremamente sofisticado. O Marie é para conhecedores e, desde os atendentes até os cozinheiros, todos estão a par do que se está servindo e oferecendo. A montagem dos pratos, das entradas à sobremesa, sugere a presença de exímios designers dos comes & bebes, verdadeiros arquitetos gastronômicos, bolando maneiras incontestavelmente criativas de apresentar os alimentos. O equilíbrio dos ingredientes é delicado, e basta um toque para disparar a festa lúdica de prazer e de sabor. Mesmo o couvert é, em sua originalidade, um convite à brincadeira: pão com nozes fresco, acompanhado de manteiga e patê, esperando pela faca que virá cortá-lo e, inevitavelmente, esfarelá-lo por sobre a mesa. O ambiente é agradável e silencioso, propício para longas conversas com grandes amigos, que saibam apreciar as sutilezas do cardápio. O preço é justo para o que se desfruta, e a casa se apresenta surpreendentemente tranqüila no que diz respeito à freqüência. O local não é dos mais badalados, apenas para provar que, apesar de toda publicidade que se faça, o Marie se mostra sempre como uma feliz descoberta. [Comente esta Nota]
>>> Bistrô Marie - Rua Araçari, 200 - Tel.: 3045-4337
 

 
Julio Daio Borges
Editor
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