O nome da Roza | Renato Alessandro dos Santos | Digestivo Cultural

busca | avançada
61186 visitas/dia
2,4 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Paulistana Marina Cyrino Leonel lança livro infantil “Clay”: uma história sobre vocações
>>> MorumbiShopping desafia a imaginação e a criatividade das crianças com o evento LEGO® Minecraft®
>>> Mila Nascimento participa de painel do 1º Café Literário do Interior Paulista
>>> AIEnruta. Anna Colom. Gira Brasil
>>> Zebra sem nome Com Cia Cênica
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
Colunistas
Últimos Posts
>>> Professor HOC sobre o cessar-fogo (2025)
>>> Suicide Blonde (1997)
>>> Love In An Elevator (1997)
>>> Ratamahatta (1996)
>>> Santo Agostinho para o hoje
>>> Uma história da Empiricus (2025)
>>> Professor HOC sobre Trump e Zelensky
>>> All-In com John e Patrick Collison (2025)
>>> Jakurski, Stuhlberger e Xavier (2025)
>>> Naval Ravikant no All-In (2025)
Últimos Posts
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
>>> Transforme histórias em experiências lucrativas
>>> Editora lança guia para descomplicar vida moderna
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Literatura Falada (ou: Ora, direis, ouvir poetas)
>>> Visões Fugitivas
>>> Uma Receita de Bolo de Mel
>>> Quais são os verdadeiros valores?
>>> Vanilla Ninja: a hora e a vez do pop estoniano
>>> Às Cinco da Tarde
>>> Sobre Parar de Escrever Para Sempre
>>> O bosque inveterado dos oitis
>>> Um bar em permanente construção
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
Mais Recentes
>>> Coleção Folha Grandes Vozes Anita O ' Day n 12 Livreto + CD de Folha de São Paulo - Anita O ' Day pela Folha de São Paulo (2012)
>>> Coleção Folha Clássicos Do Jazz Thelonious Monk n 08 Livreto + CD de Folha de São Paulo - Thelonious Monk pela Folha de São Paulo (2007)
>>> Coleção Folha Clássicos Do Jazz Louis Armstrong n 03 Livreto + CD de Folha de São Paulo - Louis Armstrong pela Folha de São Paulo (2007)
>>> Coleção Folha Clássicos Do Jazz Chet Baker Livreto + CD de Folha de São Paulo - Chet Baker pela Folha de São Paulo (2007)
>>> Colecao Folha O Mundo Da Cerveja- Brasil Argentina e Uruguai Volume 7 de Folha De S. Paulo pela Folha De S. Paulo (2012)
>>> Colecao Folha O Mundo Da Cerveja - A Cerveja Lager Volume 1 de Folha De S. Paulo pela Folha De S. Paulo (2012)
>>> Colecao Folha O Mundo Da Cerveja - A Harmonizaçao da Cerveja Volume 10 de Folha De S. Paulo pela Folha De S. Paulo (2012)
>>> Colecao Folha O Mundo Da Cerveja - A Cerveja Belgica e Holanda Volume 5 de Folha De S. Paulo pela Folha De S. Paulo (2012)
>>> Colecao Folha O Mundo Da Cerveja A Cerveja Ale Volume 2 de Folha De S. Paulo pela Folha De S. Paulo (2012)
>>> Édipo Rei de Sófocles - Tradução de Domingos Paschoal pela Difel (2000)
>>> Assombramentos - Contos de Pinsky Mirna - Helena Alexandrino ilustrador pela Paulus (1986)
>>> Um Coracao Saudavel de Roque Marcos Savioli pela Cancao Nova (2009)
>>> O Grande Gatsby de F. Scott Fitzgerald pela Circulo do Livro
>>> Saraiva Infantil De A A Z - Dicionário De Língua Portuguesa Ilustrado de Saraiva pela Saraiva (2012)
>>> Revista Fada do Lar Nº 161 de Mario de Aguiar pela Fada do Lar Edições (1982)
>>> Revista Espiritismo e Ciencia Especial n 14 - Exilados de Capela de Mythos pela Mythos (2007)
>>> O Melhor Do Musée D'orsay de Françoise Cachin pela Ática (1997)
>>> Revista Moda Moldes Especial Nº 36 de Online pela Online (2012)
>>> Concentração de Mouni Sadhu pela Pensamento (1993)
>>> Campeoes do Mundo de Dias Gomes pela Círculo do Livro (1986)
>>> Demônios da loucura de Aldous Huxley pela Cea (1972)
>>> Entrelacadas de Kanae Minato pela Gutenberg (2021)
>>> Coleção Folha Clássicos Do Jazz Nat King Cole n 01 Livreto + CD de Folha de São Paulo - Nat King Cole pela Folha de São Paulo (2007)
>>> Coleção Folha Clássicos Do Jazz Miles Davis n 11 Livreto + CD de Folha de São Paulo - Miles Davis pela Folha de São Paulo (2007)
>>> Coleção Folha Clássicos Do Jazz Ornette Coleman 15 Livreto + CD de Folha de São Paulo - Ornette Coleman pela Folha de São Paulo (2007)
COLUNAS

Terça-feira, 4/2/2025
O nome da Roza
Renato Alessandro dos Santos
+ de 1500 Acessos

Você vê: na cadeia, o personagem central do filme Estômago pega água de azeitona, colírio, inseticida, lágrimas de carrapato-estrela e, depois de uma cambalhota e de um passinho para trás, o resultado é uma secreção à peixaria vintage, Jack Daniels da roça do tipo daqueles tempos estadunidenses da Lei Seca.

Também acontece assim: você pega um smart guy full of charisma que nem o Steve Jobs e dá a ele um bobe de cabelo, um capacitor, um transistor e uma lata de sardinhas sem sardinhas e, com um pouco de estanho e solda, ele faz um iPod – um o quê?!

Na manhã seguinte, ainda com apetite, o CEO acorda e capricha no upgrade: o aparelhinho ganha uma maçã, um teclado sem esqueleto e, escalando, vira um iPhone.

Há outras maneiras: lembra quando sua mãe ou seu avô ou sua tia Bete fazia um prato Michelin Três Estrelas com carne-moída, quiabo, arroz, feijão e um pouco de pimenta caseira da casa? Se minha tia encontrasse Steve na cozinha, juntos, fariam uns bolinhos de chuva com gosto de macieiras da Califórnia.

Algo parecido ocorreu com o romance policial a partir dos anos 1980: alguns escritores resolveram agir como minha tia Bete e o genial Steve e, enquanto o Stephen King, o cinema americano e o boteco pé-sujo recebiam o desprezo finissecular da "Ilustrada", novelistas e romancistas sentaram-se diante de seus TK-85, PC 486, Macintosh e MSX como verdadeiros argonautas e, rebocados por leitores e críticos, ajudaram a pôr uma mola lá no fundo do poço onde os romances policiais orbitavam, para descobrir que, de lá debaixo, arremessados de volta à superfície, a terra era capaz de regurgitar obras que, se antes ninguém dava muita bola para elas, hoje, merecem reconhecimento de todos, de Tik Tokers a médicos plantonistas, de funcionários de cooperativas a filhos de MEIs, de I.A. a ratos de biblioteca, de algoritmos com spleen virtual a códigos de barra bipolar, e, folks, sério: se desconhecem Luiz Alfredo Garcia-Roza, moça, rapaz, crianças, pais, professores, vocês precisam (três pontinhos)



Paquere O silêncio da chuva, primeiro romance de Roza, escritor e psicólogo e professor que só debutou em 1996, quando estava prestes a mergulhar na vida sexagenária, ainda que, como a gente tudinho, decerto, ia adolescendo dentro da cachola, porque não que a obra seja uma creche na hora do recreio do jovem-adulto (não mesmo), ou uma lanterna a leitores instagramáveis, deslumbrados com o influencer que queriam ser hoje de manhã.

No.



Garcia-Roza, com cintilantes olhos de anime, pegou o romance policial e, afastando a poeira com um sopro, deu a ele ginga e cor local, em blow-up, com várias demãos de tinta literária que, reconfigurando, reconfigurando, evocou aquela aliciante literatura em que mistério, assassinatos, sangue, detetives, inveja, trapaças, ousadia, injustiças, gendarmeria, delegados et al confluem ao buraco da fechadura onde se mói literatura policial de procedência, poleiro de Poe Christie Doyle Chandler Hammet Fonseca Saer Eco, dentre outros gregos & baianos que, ademais, sempre souberam encantar a comunidade de leitores literários ― a quem ler é melhor do que gastar tempo e dinheiro em bets, do que praticar hate em pirâmide na rede, do que estacar em paranoide canabidiol diante do sol poente, do que se arrastar com a mais valia pinicando o corpo, do que sofrer bullying por ter seu time rebaixado no campeonato nacional.

Concorda que, ora com interrogação, ora com exclamação, ler é pôr o cérebro a caminho?

( ) concordo totalmente;
( ) concordo parcialmente;
( ) discordo totalmente;
( ) discordo parcialmente.

Por quê?

Por que o quê?!

Por que “ler é pôr o cérebro a caminho”, “ora com interrogação, ora com exclamação”?

Porque em O silêncio da chuva, nos primeiros quinze minutos de leitura, o delegado Espinosa não sabe bem o que fazer com aquele caso, o do cara do jet set encontrado num estacionamento em Copacabana, morto com um tiro nos caracóis.

Sem nenhum suspeito, sem nenhum indício para averiguar, o que fazer, coach Deus?

(a) prestidigitação;
(b) metempsicose;
(c) cartomancia;
(d) tequila;
(e) NDA.

Assim, após optar pela letra “e” de helicóptero, só restou ao delegado-amante dos livros, enfim, investigar, enquanto nós leitores multitarefas entregamos de mão dada a costurada alma ao que vier, e o resultado é um esplendor de perícia técnica narrativa (oscilação entre narrador onisciente e narrador personagem), referências literárias (“preferiria não fazê-lo”, A carta roubada), GPS a passar por ruas, bairros e becos da cidade do Rio de Janeiro e + umas mortes lá tipo Sexta-feira 13 (dedos cortados, jugular fatiada, gente carbonizada), um suadouro tântrico de fazer inveja ao sobrinho e à tia incestuosos de Dois irmãos, plot twists, McDonald’s jabá e, quando menos percebemos, só aguardamos Espinosa terminar seus trabalhos para segui-lo feito stalkers em mais outra incursão Rio adentro (Vento Sudoeste retirado da estante).



Brothers, sisters & o pessoal lá de Minas, é impossível não se deixar levar, romance adentro, por essa trama bem parafusada: sim, aquele homem encontrado morto deixou um milhão de dólares para sua esposa, mas a seguradora não pode descobrir que ele _____, e, embora a gente saiba que ele _____, a polícia, a amante e a esposa nada sabem.

Então, é subir a bordo e, com o literato delegado Espinosa, esperar pelo desfecho, quando a solução do mistério vai emergir, e nós, com Dom João VI na barriga, ficaremos todos felizes por Garcia-Roza ter feito de seu romance uma joia-rara de ficção policial escaldante, que, hoje ― lembra? ― tornou-se leitura frequentada entre aquela gente que tem apreço pela literatura melhor, seja poesia pura, seja Queirós-Queiroz Rosa Lispector Ramos Capote Borges Shakespeare (Zadie) Smith Couto Muianga Tezza, o cânone por dentro e por fora, seja leitura de mistério como Onomedarosa Asnuvens Ogêniodocrime Baladadapraiadoscães Oescaravelhododiabo Tchekhov’sOassassinato OcasodaborboletaAtíria Vastasemoçõesepensamentosimperfeitos (reticências)


Renato Alessandro dos Santos
Batatais, 4/2/2025

Quem leu este, também leu esse(s):
01. Radiohead e sua piscina em forma de lua de Luís Fernando Amâncio
02. As fronteiras da ficção científica de Gian Danton


Mais Renato Alessandro dos Santos
Mais Acessadas de Renato Alessandro dos Santos
01. A forca de cascavel — Angústia (Fuvest) - 24/9/2019
02. A pulsão Oblómov - 21/5/2024
03. Meu Telefunken - 16/7/2019
04. Eu não entendo nada de alta gastronomia - Parte 1 - 20/8/2019
05. Mãos de veludo: Toda terça, de Carola Saavedra - 14/9/2021


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site



Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




História da Inteligência Brasileira (1915-1933) 6
Wilson Martins
Tag



the history of tom jones
A Foundling
william benton publisher
(1952)



Primeiro Como Tragédia, Depois Como Farsa
Slavoj Zizek
Boitempo
(2011)



Edipo Rei
Sofocles
Lpm pocket
(2011)



Ensaio Geral
Olavo Drummond
Nova Fronteira
(1984)



Lagoa Santa e a vegetação de cerrados Brasileiros 594
Eugênio Warming
Sem
(1973)



Uma vida de cão 390
Kim Levin
Sextante
(2002)



a engenahria e o relacionamento homem-máquina
Alphonse Chapanis
Atlas
(1972)



Constituição do Estado Rio de Janeiro - 1996
Espaço Juridico
Espaço Jurídico



Livro Literatura Estrangeira Märchenmond A Terra das Florestas Sombrias
Wolfgang Hohlbein
Prestigio
(2005)





busca | avançada
61186 visitas/dia
2,4 milhões/mês