O Drama | Blog de Diana Guenzburger

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Terça-feira, 25/3/2025
O Drama
Diana Guenzburger
+ de 1400 Acessos

A cortina do imponente teatro abriu-se lentamente. Era dia da estreia da peça. Um casal de atores, já presentes no palco, iniciaram o primeiro diálogo. Júlia e José eram recém-casados; as falas mostravam amor e harmonia entre os dois. Jovens de classe média, conversavam sobre suas carreiras e o desejo de ter filhos.

O cenário, bastante rico, representava a sala de estar da residência de uma família abastada. À medida que a trama se desenrolava, outros personagens, com papéis secundários, apareceram no palco. Um casal de amigos, um advogado, a empregada. Finalmente, surgiu a atriz principal, Marisa Maya. Muito conhecida da televisão, seu aparecimento fez várias pessoas da plateia baterem palmas em cena aberta, interrompendo momentaneamente a apresentação. Mulher lindíssima quando moça, mostrava-se ainda deslumbrante na maturidade. O figurino, bem escolhido, acentuava sua beleza. Seu personagem era Aurora, a mãe de Júlia, cantora de ópera famosa. Sofisticada e refinada, as falas em português culto contrastavam com a linguagem coloquial e um tanto vulgar da filha.

Marisa Maya é uma atriz experiente e carismática, o que fez o interesse da plateia aumentar. Na peça, Aurora veio morar por algum tempo com o casal, durante obra em seu apartamento. Conversa muito com José, o que desperta ciúme na filha. É óbvio o poder de sedução que a mãe de Júlia exerce sobre o genro.

Aurora sai de cena e Júlia acusa o marido.

“O que você quer com minha mãe? Parece que você está paquerando ela. Ela é sua sogra, viu? E muito mais velha que você.”

“Que bobagem, Júlia. Eu me dou bem com ela, só isso. Você tem ciúme de todo mundo.”

“Pois trata de ficar longe dela, viu? Conheço minha mãe, ela adora seduzir qualquer homem que esteja perto.”

A discussão continua até que a cortina se fecha. Fim do primeiro ato; o público vai para o saguão e conversa animado. Enquanto isso, porém, atrás da cortina, nos bastidores, inicia-se uma discussão, a princípio em tom baixo para ninguém do público poder ouvir.

“Eu já disse várias vezes que não estou nada satisfeita com minha posição secundária”, disse a jovem atriz que interpreta Júlia. “Só porque essa mulher trabalha na televisão, me passaram pra trás. Meu nome está menor do que o dela nos cartazes. E em segundo lugar. Toda a propaganda do espetáculo foi feita em torno dessa Marisa Maya. Mas o meu papel é o mais importante!”

O diretor, claramente nervoso com essa pendenga no meio da apresentação, tentou botar panos quentes.

“É claro, querida, mas você sabe como é o público. Marisa Maya é famosa. Só fizemos isso pra vender mais ingressos. Mas a atriz principal é você!”

A jovem levantou a voz. “Tudo bem, mas pra continuar no elenco exijo que troquem os cartazes. Quero pelo menos o mesmo destaque que ela!”

“Shhh! Fala baixo pelo amor de Deus. Olha, o público está voltando, já tocaram o sinal três vezes. Vamos terminar o espetáculo, depois a gente resolve isso.”

Começa o segundo ato. A trama da peça se adensa. Aurora aparece sozinha no palco; sentada no sofá, fala em monólogo sobre sua solidão e carência. O genro surge e senta-se a seu lado.

“Espero que você esteja gostando de ficar aqui em casa. De minha parte, me sinto honrado por você estar morando com a gente, mesmo por pouco tempo!"

Aurora não responde. Uma lágrima escorre pelo seu rosto, e José percebe.

“Querida sogra! O que houve? Uma lágrima! Está triste? O que posso fazer pra ajudar?”

A mulher percebe o interesse indisfarçado do jovem genro, e os dois se engajam num jogo de sedução. Aurora tenta captar sua compaixão narrando as dificuldades de sua vida solitária; José tenta consolá-la. Aproxima-se dela cada vez mais no sofá, e suas mãos tocam suas coxas.

“Sou louco por você”, murmura o rapaz por fim. “Você é a mulher mais maravilhosa que conheci.”

Aurora afasta José, tentando mostrar-se sensata.

“Você é casado com minha filha, tenha juízo, vamos parar com isso.”

No entanto, a atração mútua é óbvia. Os dois acabam se abraçando com sofreguidão, e saem de cena em direção ao quarto. Gemidos, suspiros, gritos de prazer abafados.

A cortina se fecha por uns poucos minutos. Quando se abre de novo, Julia está voltando do encontro em um restaurante que tivera com amigas. O marido está sozinho na sala, sentado com a cabeça entre as mãos.

“Tenho uma notícia boa pra te dar. Estou grávida!”

Em vez de pular de alegria, José olha a esposa com expressão estarrecida. Pela reação inesperada, Júlia percebe que alguma coisa está errada.

“Onde está mamãe?”

José não responde e continua de cabeça baixa. Júlia olha desconfiada e corre para o quarto onde está a mãe.

A cortina se fecha mais uma vez para o segundo intervalo e os atores se reencontram nos bastidores. A discussão agora era sobre quem seria a última a aparecer no palco, privilégio reservado à atriz principal. Ficara resolvido nos ensaios que seria Marisa Maya, o que agora era contestado pela atriz mais jovem.

“Mas será possível isso, minha filha? Por que você aceitou antes, e agora, no meio do espetáculo, vem com essas exigências?” O diretor estava ficando frenético e mal conseguia manter a voz em tom baixo.

“Porque só agora tomei consciência de meus direitos. Você e aquela velha megera estão querendo me explorar. Mas não vou deixar que isso aconteça!”

Desta vez, Marisa Maya resolveu interferir.

“Querida”, disse em tom irônico para a jovem, “você ainda precisa percorrer muito chão pra chegar ao meu nível. Se é que algum dia vai chegar. Faço questão de ser aplaudida por último. Além disso, é o que o público quer!”

A jovem “Júlia” reagiu mal.

“Não vou aceitar suas exigências, baranga. O seu tempo já passou. Reconhece, e deixa o lugar para as mais novas!”

A atriz de televisão respondeu com uma sonora gargalhada.

“É o que você mais queria, ter um contrato com a Globo como eu. Isso não vai acontecer nunca!”

As duas atrizes aproximaram-se perigosamente. Temerosos do que poderia acontecer, o resto do elenco e o diretor tentaram apartar. Ninguém notou que o terceiro sinal já havia soado. Repentinamente, a cortina abriu-se mais uma vez. Uma cena espantosa revelava-se ao público. “Júlia” e sua “mãe” engalfinhavam-se no palco. Os outros atores resolveram tomar partido de uma ou de outra, o que resultou numa briga geral. Barulho de gritos, tapas e roupa rasgada abafando as ordens do diretor, que acabou retirando-se do palco com as mãos na cabeça.

Dia seguinte, o principal jornal da cidade estampava manchete na segunda página:

BRIGA NOS BASTIDORES INTERROMPE ESTRÉIA DE PEÇA Boletim de ocorrência foi feito na 10a Delegacia, após Polícia ser chamada


Postado por Diana Guenzburger
Em 25/3/2025 às 18h49

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