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Quarta-feira, 1/8/2001
The greatest fairy tale never told

Julio Daio Borges




Digestivo nº 43 >>> É preciso muita ousadia (ou então a certeza da indiferença) para propor uma crítica e, ao mesmo tempo, uma alternativa ao consagrado universo Disney. Com muito humor e a última palavra em tecnologia (animação), Shrek realiza precisamente esse objetivo. Ainda que eleve o desenho animado a um patamar superior (em termos estéticos), construindo personagens em terceira dimensão com perspectivas e sombras inéditas, o argumento (roteiro) privilegia as imperfeições e os contra-tempos que cercam o protagonista. A idéia é satirizar o "mundo ideal" dos contos-de-fada, mostrando o quão longe ele pode estar da "vida real". Nesse sentido, Shrek é o anti-herói repudiado e desacreditado, que resgata uma princesa, deforme e desiludida, para um príncipe, mesquinho e ambicioso, que quer ser rei a todo custo mas que acaba devorado pelo dragão que solta fogo pelas ventas. Parece que, de repente, nem as crianças (dos 8 aos 80 anos) conseguem acreditar nos clássicos da ética e da moral, que povoaram o imaginário de gerações inteiras. A imprevisibilidade e o caos da época contemporanea terminou por invadir até os domínios mais protegidos e preservados, aqueles em que costumavam habitar os exemplares inocentes e, em formação, da raça humana. Quando toda a aura de beleza e bondade se for, o que restará desses futuros adultos que não tiveram infância? Prepara'-los para uma existência em que tudo dá certo é, obviamente, um erro (conforme denuncia Shrek), mas suprimir-lhes toda a esperança e crença na Humanidade também é. Será que, daqui para frente, os pais terão sempre de ponderar entre as fábulas e os reality shows?
>>> http://www.shrek.com/
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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