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Quinta-feira, 1/11/2001
Mas falem de mim

Julio Daio Borges




Digestivo nº 55 >>> Queridinhos da América, o filme, não é tão bobinho quanto parece. Ou melhor: talvez o seja, mas só no final. Conta a história de dois superstars cinematográficos (vividos por John Cusack e Catherine Zeta-Jones) que se separam e que têm de participar de uma “première” juntos, depois de brigas pela imprensa. Segue uma tendência hollywoodiana de mostrar os “bastidores”, elogiando subliminarmente todo aquele “pessoal” que cuida da produção (no caso, Billy Crystal e Julia Roberts) sem receber quaisquer créditos adicionais pelos abacaxis que descasca. Nesse aspecto, é louvável: retrata ironicamente (mas com fundamento) o dia-a-dia inútil e desinteressante dessa ralé em que se converteu a classe “artística” no mundo inteiro. O Brasil, com suas revistas de fofocas e seus programas sobre “celebridades”, daria um prato cheio para os realizadores de America’s Sweethearts. O longa se constrói a partir das trapalhadas que os dois queridinhos aprontam, com suas exigências infantilóides e seus caprichos adolescentes. Não à toa, enfatiza igualmente o lado canalha dos “assessores de imprensa” que, na primeira oportunidade, revelam aquele segredo mais picante, ou transformam aquele fato banal em uma crise de proporções supranacionais. O mal do filme, obviamente, é que ele acaba “bem”: com todos os bonzinhos se confraternizando e com todos os corações solitários encontrando um lugar ao sol. O destaque de “performance” fica por conta de Christopher Walken, que faz um diretor metido a maluco, mas de quem dependem os grandes estúdios, provavelmente inspirado em Kubrick (o único que ainda desfrutava desse tipo de “regalia”). O negócio é ir ver sem grandes expectativas, e preparando-se sempre para aquelas reflexões não mais elevadas que as nascidas sob o prisma de uma sessão da tarde.
>>> America's Sweethearts
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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