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Terça-feira, 13/11/2001
Tudo é tudo, e nada é nada

Julio Daio Borges




Digestivo nº 56 >>> Apesar de um cartaz de tamanho considerável na porta de algumas lojas de disco, muita gente não entende o que vem a ser o Gorillaz. É mais uma daquelas campanhas publicitárias que a indústria fonográfica considera “auto-explicativas”, mas que se perde na miríade de subentendidos ou referências. Um jipe, um macaco, um sujeito com cara de mau. Será um desenho animado? Tons de verde, padrões quadriculados que lembram uma calça de camuflar do exército. Mais um “game” tendo a guerra como tema? Rebeldes sem causa pichando muros, aquele ar de subúrbio. Um novo autor de história em quadrinhos que é sensação no Japão? Não, não e não. Mas podia ser. O Gorillaz, na verdade, resumindo, é o projeto paralelo de Damon Albarn, líder do Blur, aquela banda que já foi cool e que emplacou There’s No Other Way, há dez anos atrás. Desta vez, ele se juntou a outras cabeças e criou um conjunto em que todos os integrantes são personagens virtuais: o baixista esteve preso; o vocalista quase morreu atropelado; o baterista ficou quatro anos em coma; e a guitarrista é uma oriental anã que chegou pelo correio encaixotada. Essas pessoas só existem na internet, mas lançaram um CD. Em termos musicais, “os” Gorillaz padecem de um certo ecletismo que cansa um pouco. Descobriram – como muitos outros artistas – que o compact disc abriga até 80 minutos, de modo que é quase impossível ouvir-lhes as 17 faixas. Começam com “levadas” de baixo e bateria, evocando Beastie Boys. Passam pela crueza punk, num crossover de Sex Pistols e Toy Dolls. Resvalam no reggae e no niilismo à inglesa. Terminam atirando para todos os lados, com tecno, Ibrahim Ferrer (o herói do Buena Vista), e sopros que se inspiraram nas séries de tevê. Por Albarn ser um sujeito talentoso, sobram alguns bons momentos. O álbum fica, no entanto, como símbolo de uma era que quer ser tudo e que acaba sendo nada. A era atual.
>>> Gorillaz.com
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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