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Terça-feira, 4/12/2001
I read the news today oh boy

Julio Daio Borges




Digestivo nº 59 >>> Com a morte de George Harrison, ficam enterradas as últimas esperanças que se tinha de uma acalentada reunião dos Beatles remanescentes. Quer dizer: segundo foi publicado, em meio às homenagens póstumas, parece que o próprio George inviabilizou sistematicamente qualquer “revival”: prometeu jamais tocar em uma banda com Paul McCartney novamente. E cumpriu. Parece que as desavenças entre ambos datam desde os Quarymen, culminando com a tumultuada gravação de Let It Be, onde no documentário Anthology, Paul ouve de George: “Me diga o que você quer que eu faça, que eu faço. Se quiser que eu toque, eu toco. Se não quiser que eu não toque, eu não toco.” O fato é que ele nunca foi levado a sério por Lennon & McCartney. Ringo também não foi, tendo precisado de “a little help from his friends”, mas a diferença é que Richard Starkey nunca ambicionou muito. George Harrison quis ser mais que um guitarrista competente (John Lennon reconhecia sua superioridade técnica), quis ser um compositor. O autor de Imagine conta como ajudou o mais jovem dos Beatles a montar suas primeiras canções, como Taxman, mas ressentiu-se quando não obteve o devido crédito (tendo sido agredido por Harrison em sua autobiografia). E como não era de levar desaforos para casa, o marido de Yoko Ono acabou acusando o ex-colega de plagio, por My Sweet Lord. É o que chamam de relação de amor-e-ódio. É inegável, no entanto, o talento do autor de Something, Here Comes The Sun e While My Guitar Gently Weeps. Ao mesmo tempo, a dupla mais consagrada da música pop teve razão em suprimir Not Guilty e todo o All Things Must Pass (o vôo solo de Harrison), embora George tenha pressionado para colocar mais que uma ou duas faixas suas no White Album, e nos subseqüentes. Quando olhava para trás, o orientalista, amigo de Eric Clapton, menosprezava a importância dos Beatles (talvez desprezando aqueles que o haviam desprezado). Em meio a tantos réquiens, esqueceram de mencionar o disco Cloud Nine, uma coleção de boas peças, de 1988. E os Travelling Wilburies, com Tom Petty e Roy Orbison. Não adianta: mesmo que falasse em filosofia hindu, o negócio dele era mesmo rock’n’roll. E do bom.
>>> All Things Must Pass
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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