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Sexta-feira, 18/1/2002
Feijão preto com paio: daqui não saio

Julio Daio Borges




Digestivo nº 65 >>> Era uma vez, em 1946, Affonso Paulillo, o Bolinha, e seu amigo, Zé Gordinho, que, motoristas de táxi, resolveram arrendar um boteco na avenida Cidade Jardim. A sociedade não prosperou. Sobrou para Bolinha que, arregaçando as mangas, resolveu transformar o local em pizzaria. Em 1952, porém, ele decidiu comemorar uma vitória no futebol com uma feijoada. Foi um sucesso. Tanto que Bolinha se sentiu obrigado a incluí-la no cardápio, às quartas e aos sábados, convertendo-a em prato diário, a partir de 1976, por sugestão de Caio Pompeu de Toledo (então secretário municipal de turismo). Hoje o restaurante segue sob a direção da família Paulillo: José Orlando e Paulo Affonso, ambos filhos de Bolinha (já falecido). Carne seca, costela, pé, rabo, orelha e lombo de porco; paio, lingüiça portuguesa, língua, bacon, feijão preto; cebola, alho, louro e laranja. É de se perguntar o que a geração light-diet vai fazer da feijoada. (Uma heresia para quem segue à risca os mandamentos da “tabela de calorias”.) Não por acaso, já foi incluída no cardápio do Bolinha, uma versão “magra” (sem orelha, pé e rabo). Em pleno século XXI, deliciar-se com essa iguaria, mais que um ato de resistência, é passar por um dos últimos rituais à brasileira, na metrópole. Desde o manobrista até os garçons, que trazem, uma a uma, as guarnições: arroz, couve, banana; mandioca, bacon, torresmo; bisteca, farinha e molho apimentado. Sem falar na batida de limão, que vai derrubar os mais esfaimados, no meio da refeição. O Bolinha segue, portanto, a todo vapor. Da primeira feijoada, a gente nunca esquece. Nem da última.
>>> Bolinha - Av. Cidade Jardim, 53 - Tel.: 3061-2010
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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