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Terça-feira, 26/2/2002
Muito mais que vencer

Julio Daio Borges




Digestivo nº 70 >>> Por fim, Ed Motta, um dos maiores conhecedores de música brasileira, pôde colocar em prática tudo o que aprendeu. O resultado é “Dwitza”, um disco quase 100% instrumental, como ele queria ter feito há, pelo menos, 5 anos. Assinou, inclusive, o contrato com a Universal nessa base: a cada dois CDs lançados de acordo às diretrizes da gravadora, Ed Motta teria o direito de produzir um trabalho totalmente seu – sem qualquer compromisso com a indústria fonográfica e o mercado. Chegou finalmente a hora. O resultado, ao contrário do que se poderia esperar, não é purista nem virtuosístico. O cantor e compositor aparece amadurecido e, embora extremamente sofisticado, continua acessível como sempre foi. Tanto que almeja incursões por outros tipos de público que não só o brasileiro. Deve-se reconhecer que ele atingiu, de fato, um patamar universalizante, o que lhe permitirá comunicar-se independentemente da língua e da linguagem. O gênero preponderante é o Jazz, combinado ao melhor da Bossa Nova instrumental e a gigantes da invenção e do arranjo, como o trompetista Moacir Santos. A ele, reabilitado em disco no ano passado (com o magnífico “Ouro Negro”), ao autor de “Coisas”, “Dwitza” é dedicado. Além de cantar em todas as 14 faixas (ainda que só 2 tenham letra de fato), Ed Motta alterna-se nos pianos rhodes e wurlitzer, na guitarra semi-acústica e em “complementos” variados. Graças aos primeiros, têm enriquecidas suas harmonias (nas quais até arrisca “solos”), e graças aos últimos, têm garantido o pleno domínio do ritmo (em quebras, alternâncias e brincadeiras muito sérias com o “tempo”). Apaixonado pela sonoridade dos LPs dos anos 50, 60 e 70, abdicou dos processos “digitais”, mantendo-se no reino do “analógico” e prometendo edições de “Dwitza” em vinil. As faixas falam por si. O que se ouve é um verdadeiro músico atingindo a sua essência. E, com ela, deixando, como os mestres, uma contribuição perene.
>>> Dwitza faixa a faixa
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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