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Quinta-feira, 2/5/2002
Vindita

Julio Daio Borges




Digestivo nº 80 >>> Abril Despedaçado, filme de Walter Salles que acaba de estrear, é o mais novo candidato a unanimidade nacional. Devido a uma campanha bem-sucedida pelos festivais de cinema, mundo afora, vem sendo aclamado pela crítica especializada como obra-prima – antes mesmo de passar pelo crivo de um juiz importante: o público. A consagração antecipada, meses antes da estréia, lembra o marketing esmagador da indústria cinematográfica hollywoodiana – embora a temática de Walter Salles seja a regionalista-universalista, fugindo a esquemas fáceis que poderiam, mais imediatamente, conduzi-lo ao mainstream global. Ninguém nega (nem provavelmente o próprio) que ele objetivava o Oscar. Todos os elementos estão lá: a estética terceiro-mundista; os atores brasileiros laureados aqui e ali (Santoro com “Bicho de Sete Cabeças”, Luiz Carlos Vasconcelos com “Eu Tu Eles”, José Dumont com “A Hora da Estrela”); o protagonista-infante; o destino trágico; o final de fazer chorar; a analogia, muito a propósito, com os conflitos étnicos e do Oriente Médio. Juntando a fotografia sem precedentes, o romance água-com-açúcar, o som e a música impactantes, tem-se a receita infalível para o Oscar. Mas Walter Salles foi acusado de lobby; e voltou atrás. Tirando as questões políticas e o coro do “já ganhou”, Abril Despedaçado é um marco, nem que seja técnico, na cinematografia nacional. Será aquele tipo da atração inescapável, sobre a qual cada um fará juízo próprio. Mas não é obra-prima; embora só a posteridade possa, com segurança, afirmar.
>>> Abril Despedaçado
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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