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Quinta-feira, 18/7/2002
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Julio Daio Borges




Digestivo nº 91 >>> Para o grande público, pode parecer contraditório que Rubens Ewald Filho tenha lançado um alentado "Dicionário de Cineastas", afinal, o crítico sempre perseguiu a televisão e foi um dos pioneiros do vídeo no Brasil. De fato, conforme atesta o próprio, sua ambição foi também a de comunicador: Rubens escolheu a telinha pois quis falar de cinema para as massas. Seu nome igualmente evoca as controvertidas participações durante as transmissões do Oscar, sempre prejudicadas pelo horário, pelas traduções rocambolescas (não dele) e pelas constantes indefinições (que, por exemplo, fizeram Silvio Santos errar seu sobrenome, numa gafe terrível). A face do Rubens Ewald Filho escritor fica, portanto, escondida atrás de todos esses mitos que ele mesmo preferiu construir. É pena, porque o "Dicionário", de quase 800 páginas, revela um profundo conhecedor de seu métier, tendo produzido a primeira edição dessa obra de referência em 1977, sem similares em matéria de literatura para a sétima arte no País. Seu estilo é leve, em acordo com a imagem que propaga através da tevê. Rubens procura a conciliação e a isenção e, por isso, praticamente não faz crítica (no sentido mais rigoroso do termo); chama a atenção para falhas e escorregões, revelando suas preferências, mas não chega a ser ferino e parece não ter preconceitos de qualquer tipo. Seu objetivo maior é informativo, pois, como conta no prefácio, sonhou com esse guia feito para a consulta de cinéfilos e profissionais do meio. Se a intenção inicial reduz o escopo, o preço (R$ 45) o reduz mais ainda, embora os verbetes sejam tremendamente acessíveis. Além de diretores e produtores, o autor inclui também roteiristas, atores e até outras categorias que caibam na definição de Louis Delluc ("aqueles que fazem alguma coisa pela indústria artística do cinema"). Há um belo trabalho em prol do cinema brasileiro e, no que se refere ao cinema estrangeiro, abarca desde os primórdios da era falada (a muda fica de fora) até o Oscar de 2002. Os entusiastas da internet e do IMDb (que Rubens também consulta) têm ainda a alternativa eletrônica do "Dicionário". É, ele continua querendo ser visto; e lido.
>>> Dicionário de Cineastas - Rubens Ewald Filho - 797 págs. - Companhia Editora Nacional
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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