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Segunda-feira, 5/5/2003
Imagens saídas da penumbra

Julio Daio Borges




Digestivo nº 132 >>> Foi com a lembrança da alegria contagiante do German Brass que se abriu a temporada 2003 do Mozarteum Brasileiro. Embora o programa estivesse a cargo dos noruegueses do The Trondheim Soloists, a entrada do trompetista Ole Edvard Antonsen, combinada com o bom-humor de toda a trupe, evocou a simpatia do grupo de metais alemão que encerrou a temporada 2002. Sem Ole Edvard Antonsen, a orquestra de câmara da Noruega atacou, logo de início, com Cláudio Santoro e seu “Ponteio”, prestigiando a produção nacional. (Num agradecimento aos incessantes aplausos, ao final, a peça voltou a ser executada.) A disputa entre compositores basicamente se estabeleceu quando os séculos XVII e XVIII, nas figuras de Haendel e Albinoni, partiram para o enfrentamento de Mendelssohn e principalmente de Shostakovich, nos séculos XIX e XX respectivamente. Ainda que o The Trondheim Soloists, pela sua estrutura camerística, estivesse mais inclinado para o lado de Bach, seus contemporâneos e seus antecessores, arrancou do público verdadeira emoção quando se aproximou dos horrores da Segunda Guerra Mundial, impressos no “Quarteto de cordas nº 8” de Shostakovich, cuja exasperante “Sinfonia de câmara” foi implacavelmente executada. O clima soturno obviamente dividiu a audiência, que: ou aderiu à sua densidade, e também à de Mendelssohn (representado por sua “Sinfonia para cordas nº 10”); ou então preferiu o contraste airoso e – por que não dizer? – saltitante de Haendel (“Water Music”), Albinoni (“Concerto em si bemol maior nº 3”) e também Telemann (“Sonata de concerto em ré maior”). E como Ole Edvard Antonsen floreou (no bom sentido) esse último jardim de graciosidades, a escolha se resumia a: com ou sem Ole Edvard. Desnecessário comentar que ambas as preferências saíram vencedoras: tanto o século XVII e XVIII quanto o XIX e XX estiveram bem representados e receberam o aplauso merecido. Agora é esperar que o restante da temporada mantenha a mesma agitação e o mesmo esplendor.
>>> Mozarteum Brasileiro
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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