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Segunda-feira, 19/4/2004
Maestros Mecânicos

Julio Daio Borges




Digestivo nº 171 >>> Nos anos 1990, quase todo mundo ouviu falar do Sepultura. O grupo mineiro de rock pesado que chegou ao 19º lugar da parada inglesa com a faixa “Roots Bloody Roots” (1996). Seus CDs venderam milhões ao redor do globo, eles se tornaram “a” referência e participaram dos principais festivais musicais da época (nem sempre como “banda de abertura” mas também como “headliners”). Em comparação, nos anos 2000, pouca gente ouviu falar dos DJs brasileiros no exterior. Quase ninguém soube, por exemplo, que uma faixa do DJ Xerxes de Oliveira (XRS) desbancou o antigo êxito do Sepultura (“LK”, montada a partir de uma versão de “Carolina Carol Bela”, de Jorge Ben e Toquinho, chegou à 17ª posição nas “charts” da Inglaterra). Nem que o DJ Marky tem “torcida organizada” nos principais clubes de Londres, sendo tratado como celebridade à altura dos nossos mais famosos jogadores de futebol. Ou então que o DJ Anderson Noise (da mesma Belo Horizonte dos Irmãos Cavalera) é apontado hoje, pelos mais festejados disc jockeys do planeta, como a futura revelação da música eletrônica. Pois é: por essas e por outras que todo mundo precisa ler “Todo DJ Já Sambou” (Conrad, 2003) de Claudia Assef – um dos sucessos editoriais (leia-se: edição esgotada) do ano passado. Nele, a autora viaja no tempo até a pré-História dos disc jockeys nacionais. Seu Osvaldo, um técnico em eletrônica, atualmente com quase 70 anos, deu a partida com sua Orquestra Invisível, lá no final dos anos 50. (Sim, a “discotecagem” é tão velha quanto a bossa nova.) Foi seguido pelos mais variados tipos. Pelo Big Boy, o tal “Hello, Crazy People”, que é uma das estrelas do “Noites Tropicais” de Nelson Motta. Pelo Mister Sam, um argentino vivíssimo, que até os anos 80 apresentava o “Realce” (da ex-TV Gazeta) e que teve a idéia de produzir a primeira rainha das pistas brasileiras: a Gretchen. Claudia Assef passa, obviamente, pelo Frenetic Dancing Days, nos anos 70, e amarra a sua existência à das danceterias na década seguinte (Toco e Overnight, para citar apenas duas). Segundo ela, os DJs catapultaram igualmente o sucesso do Rock BR – recriando hits que estouraram como “Louras Geladas” (do RPM, aprimorada pelos DJs Grego, Iraí Campos e Julinho Mazzei). Os anos 90 seriam de sujeitos como Mau Mau, Memê (o parceiro de Lulu Santos) e Mauro Borges (no Massivo e no Que Fim Levou Robin?, pai do “brazilian drum’n’bass”). Já os anos 2000 seriam da consagração mundial, do Skol Beats e da elevação do DJ ao patamar de artista (sem esquecer das contribuições, a tudo isso, do Hell’s Club, do Mercado Mundo Mix e da “Noite Ilustrada” de Erika Palomino). É uma história e tanto – e o “samba”, que Assef dançou para produzir o volume, trouxe à luz um capítulo da adolescência e juventude de muita gente.
>>> Todo DJ Já Sambou - Claudia Assef - 260 págs. - Conrad
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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