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Terça-feira, 19/12/2000
I won’t dance, don’t ask me

Julio Daio Borges




Digestivo nº 14 >>> A dança foi de tal forma banida do nosso currículo (dito) culto que Pina Bausch desembarca no Brasil e não temos elementos, nem tampouco capacitação, para avaliar Masurca Fogo, seu atual espetáculo. A crítica rodopia em torno dela, preferindo explorar sua pessoa — infinitamente mais afável e menos inquietante que qualquer um de seus trabalhos. Sua arte desafia o caráter verborrágico dos nossos articulistas, enquanto que não se deixa espremer no limite do breviário dos nossos resenhistas. Sua proposta, todavia, é encantadoramente alegre, sem ser tola; é agradavelmente leve, sem ser superficial; e é absolutamente convincente, sem lançar mão de nenhum argumento. Aqueles que se prestaram à experiência de assistir Masurca Fogo, no Teatro Alfa, comprovaram que ainda é possível chocar (sem fazer uso da violência), que ainda é possível conquistar pela beleza (sem apelar para o nu), que ainda é possível comunicar e cativar as pessoas (sem ter de manipulá-las ou comprá-las com promessas vãs). Para quem perdeu, fica o consolo de que Pina Bausch se dirige agora para Salvador — cidade que inspirará uma futura produção.
>>> http://www.pina-bausch.de/
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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