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Terça-feira, 10/11/2009 No InterCon 2009 II Julio Daio Borges * * * Se a palestra da manhã, do mesmo Sebrae, tinha sido sonolenta e arrastada, a da tarde, com Vivianne Vilela, funcionou como uma injeção de ânimo. Ela abriu com estatísticas: no Brasil, são mais de 5,5 milhões de médias e pequenas empresas. Portanto: 99% das empresas, do País, são pequenas ― e são responsáveis por 50% de todos os empregos. Somos quase 15 milhões de empreendedores, e o Brasil é o terceiro país que mais empreende no G20. Apesar disso, mais da metade das empresas fecha com idade média de 2 anos. Além dos números, que são sempre importantes, a mensagem da Vivianne era a de que muitos pequenos empreendedores não sabem o que estão fazendo, pois não conhecem administração (embora alguns acertem por instinto). Ela falou da experiência dela, no Brasil inteiro, com microempresários (não confundir com "empreendedores de Twitter"), mas havia uma mensagem subliminar, que ela passou elegantemente: os empreendedores de internet, por mais modernos que sejam, não conhecem administração de empresas, também, e nem sempre sabem o que estão fazendo... Encerrou com algo como: "Nós somos do Sebrae, estamos aqui para atender vocês!" ― e foi ovacionada pela plateia. (Nem o Luli se aguentou, e entrou uivando: "Fe-no-me-nal!".) * * * Mário Nogueira ― meu colega de Poli, fui descobrir isso ao longo da palestra ― falou rápido demais. E vai aí a minha crítica a esse formato "TED", que se espalhou pelos eventos de internet ou tecnologia, no Brasil. 15, 20 minutos, para quem fala português ― uma língua prolixa como a nossa, cheia de vogais ―, é muito pouco. Tudo bem, algumas pessoas dão um show em alguns minutos, mas a maioria tropeça e faz uma apresentação que não caberia nem no dobro do tempo. Infelizmente, era o caso do Mário ― que parecia ter uma bela experiência, com programação, em empresas como Pagestacker e Amanaiê, mas que, no ímpeto de percorrer bullet points em segundos, enrolava a língua, se enrolava com os slides e não traduzia ― numa apresentação eficiente ― todo o seu conhecimento. Algum engraçadinho poderia assoprar que, talvez, seja uma "herança politécnica", mas eu não quero entrar, aqui, nesse mérito... Highlights do Mário (que eu consegui pescar apesar de sua loquacidade): "Grandes empresas na internet são grandes produtoras de software"; Be on the Net, BuzzVolume e Spesa (são empresas cujo trabalho ele admira neste momento). Já a palestra do Leonardo Naressi, da Direct Performance, sofreu por repetir alguns conceitos da palestra imediatamente anterior ― a do Mário Nogueira ―, talvez inconscientemente; mas também por repisar cases de sucesso, como o do Obama, que saturou um pouco (até porque a lua-de-mel nos EUA acabou, e entramos na "lua de fel" ― a dos desentendimentos e das brigas). Anotei uma única frase, que é de alguém do boo-box: "Programar é grátis, então aprendam!" ― querendo dizer o seguinte: se você reclama porque não é programador, e pode "se dar mal" ao empreender na internet, aprenda, porque os tutoriais estão aí, são grátis e sempre disponíveis para qualquer pessoa. O que é fato: se há algum conhecimento disponível na internet, em todos os níveis de complexidade, esse conhecimento é o da programação. O Luli ― agora não lembro, exatamente, por quê ― voltou com esta outra pérola, no intervalo: "Quem sempre olha pra cima, cai da escada". (Ovos no mainstream, de novo?) Luli e seus amigos haviam me nocauteado, finalmente. Ainda assisti ao Rafael Kiso, que apresentou um belo case da Embraer, e ao Matias Feldman, do qual me lembro pouco (além do sotaque "portunhol"). Saí, positivamente, impressionado dessa segunda metade do InterCon 2009. Fiquei pensando que, quando comecei, não havia nada desse negócio de "acolher" os empreendedores de internet. Há dez anos, você era considerado lunático se montasse algum site, principalmente depois da explosão da bolha. E a internet foi xingada em prosa e verso, durante anos (tanto que eu acho que muito dos xingamentos de agora, contra os jornais, as gravadoras e os estúdios de cinema, entre tantos outros, têm igualmente um caráter de revanche). Ao mesmo tempo em que me surpreendeu, para bem, essa discussão sobre empreendedorismo na internet brasileira, me preocupou a euforia, e não só na palestra do Gilberto. Tenho visto muita gente, que não é do meio, embarcar no jargão da "Web 2.0", das "mídias sociais", do "Twitter" ― e me parecem ser aqueles que "pulam fora" numa eventual mudança de maré... Não estou falando de ninguém em específico, muito menos só do InterCon 2009. Estou falando de um "ambiente" que vejo evoluir há alguns anos, de 2005 pra cá talvez... Enfim: que os negócios on-line avancem, que o Brasil apresente seus empreendedores para o mundo e que os deuses da internet nos projetam! Nota do Autor (Começa aqui...) Julio Daio Borges |
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