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Quinta-feira, 13/8/2015
Solange Rebuzzi
Julio Daio Borges



Atendendo a pedidos, publicamos pequenas entrevistas com os Blogueiros do Digestivo - JDB

1. Qual é a sua história com o Digestivo? (Como conheceu; há quanto tempo lê; por que acredita na iniciativa do Digestivo Blogs.)

Não tenho exatamente uma história com o Digestivo Cultural. Recebi um exemplar por e-mail em 2010 e o leio desde então. Gosto bastante da iniciativa de vocês de fazer circular textos, entrevistas, e pensamento literário na internet. Em tempos onde o jornal impresso (especialmente o do Rio de Janeiro) reduz cada vez mais seus espaços para temas literários, é muito bom ter nos sites um caminho. "Leite, leitura, literatura" repetindo o poeta Paulo Leminski! Os blogs são um desdobramento disso, ou seja, um lugar para os leitores mostrarem o que leem e como leem, e aqueles que escrevem mostrarem seus textos.

2. Qual é o seu "background" (sua formação)? De onde vem; o que estudou; quais trabalhos seus citaria etc.

Sou carioca, e estudei Psicologia na década de 70. Depois, estudei Psicanálise, Filosofia e Literatura. Morei em Manaus na infância, e no Rio de Janeiro fiz o segundo grau, a faculdade, e duas pós-graduações além da formação em Psicanálise. Em Belo Horizonte, cursei um doutorado em Literatura Brasileira, e estou em um pós-doutorado na UFF trabalhando com tradução. Traduzi o poeta Francis Ponge antes da primavera. Nos últimos anos, organizei encontros literários com escritores no Rio e em Minas Gerais: o "Café Letrado". Fundei com amigos o jornal Poesia Viva na década de 90. E organizo os encontros "Experiências de Tradução" na Mediateca da Maison de France, onde já coordenei alguns encontros "Café Letrado, Poesia e Arte".

3. Sobre quais temas vai falar/tratar no seu blog?

Vou escrever poemas e prosa. E histórias sobre escritores, textos e livros. Mas, não só.

4. Você já teve blog? Se sim, qual (ou quais), e com que repercussão?

Tenho um blog. Chama-se Manuscritos: poemas, narrativas, traduções, colagens: Ele é frequentado por leitores do Brasil e do exterior (EUA, Alemanha, França, Rússia, Portugal, Itália, principalmente).

5. Qual é sua relação com a escrita? Já escreveu em outros veículos/sites? Já publicou? Como foi a sua experiência nesse sentido (de colaborar e/ou publicar)?

A escrita é parte de minha trajetória e me ajuda a respirar! Publiquei a primeira vez em 1991. Comecei escrevendo poesia, depois escrevi ensaios, romances, narrativas e traduções de poesia. Fui colunista no Portal Cronópios e colaboradora na Revista de Poesia e Cultura Sibila. Tenho livros publicados na 7Letras (Rio de Janeiro) e na Lumme editor (S. Paulo). E o livro ensaístico O idioma pedra de João Cabral, pela editora Perspectiva. Posso afirmar que as editoras pequenas lutam muito para conseguir editar os escritores deste país, os escritores que ficam à margem na mídia.

6. Como é se interessar por cultura, ou ter uma atividade intelectual, ou simplesmente ler o Digestivo, num país como o Brasil, ou sendo brasileiro? É uma profissão de fé? Ou é um desafio que te motiva (no dia a dia)?

Ler é fundamental em qualquer tempo. E em qualquer lugar do mundo. O livro é vital! A cultura de um país sempre passará pelos livros. No Brasil parece que não sabemos disso. São os eventos banais que ganham destaque. Daí a importância de - na internet - circular, cada vez mais, o pensamento criativo e/ou crítico tanto na escrita como na arte, no cinema, no teatro etc. O exemplo está também no canal de TV Arte1.

7. Você acha que, através da internet, podemos mudar esse cenário (de pouca cultura, pouco interesse pela vida intelectual, parca discussão de ideias etc.)?

Creio que podemos ajudar a mudar. É importante criar os espaços na internet, muitos espaços, claro! Junto aos programas de leituras em escolas públicas ou fora delas e aos demais projetos de criação artística em comunidades etc. Todos nós, juntos, podemos vir a mudar o nosso País.

8. Quais foram suas maiores influências? (Não precisa, necessariamente, ser alguém conhecido ou "famoso". Pode citar obras e/ou experiências também.) Quais "modelos" pretende seguir (ou te servem de referência)?

A maior influência é o livro, a literatura. Mas o cinema também foi importante. Os poetas Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond e João Cabral são uma escola. Mas o estudo da Psicanálise estruturou a caminhada com as múltiplas leituras densas. Freud tem um lugar destacado em minha formação humanista, assim como as escritoras Doris Lessing, Silvina Ocampo e Virginia Woolf. Alguns filósofos da linguagem também me estimulam muito (Walter Benjamim, Jacques Derrida). Marc Nichanian, Annie Ernaux e outros contemporâneos me ajudam a pensar e a escrever.

9. Mais alguma coisa que os Leitores precisam saber de você (mais alguma coisa que você gostaria de falar e eu não te perguntei)?

Sou psicanalista e escritora. Trabalho com a clínica psicanalítica há mais de 30 anos. Durante meu doutorado em Letras, na UFMG, morei em Paris por 6 meses, na Cité Universitaire. Essa experiência transformei em livro: Estrangeira (7Letras) é um misto de moleskine e caderno de viagem. Escrever a vida, pensá-la, me parece importante em tempos onde a banalidade, a alienação e o fanatismo (religioso) ganham destaque no mundo.

10. Onde mais a gente pode te encontrar? (Links ou referências, na internet, que você quiser/puder passar...)

* No meu blog literário

Nota do Editor
Solange Rebuzzi compõe o grupo de blogueiros do Digestivo Cultural ;-)

Julio Daio Borges
13/8/2015 às 13h47

 

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