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Sábado, 9/7/2005
Zona de conflito
Julio Daio Borges

Jeanette Winterson

Perdi, ontem, a Jeanette Winterson. Foi uma das palestras mais comoventes da Flip. Quando eu digo que perdi, vocês podem achar que eu estou sendo leviano em reportar alguma coisa que não vi, mas não estou. Jornalistas fazem isso toda hora. Depois da primeira mesa (em geral, são cinco por dia), muitos vêm aqui à sala de imprensa e escrevem: "A mesa tal foi a mais importante do dia". Traduzindo: viram uma mesa apenas e já concluíram que aquela foi "a mais importante" (porque, obviamente, não vão ver as outras). E depois vocês confiam no que lêem no jornal (e depois eles dizem que a internet é que "não é confiável")...

* * *

Ohran Pamuk

O Orhan Pamuk fez da segunda edição do "Mar de Histórias" a segunda mesa mais xaroposa da Flip. A primeira mais xaroposa foi justamente o primeiro "Mar de Histórias", a mesa do Robert Alter - criticado de cima a baixo, aqui na Flip, mas que vocês vão ver nos jornais como "um sujeito ótimo" etc. e tal. O Orhan bebia um copo com um líquido amarelo e que parecia uísque. Na verdade, ele parecia aquela personagem da Terça Insana, que vai se embebedando e se tornando cada vez mais ininteligível e maçante. Acabou com qualquer possibilidade de se ler as Mil e Uma Noites (o Alter acabou com qualquer possibilidade de se ler a Bíblia). P.S. - o Salman Rushdie dormiu e roncou na mesa do Orhan (era a atração da fila...).

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Jô Soares

O clima começou a esquentar com a mesa do Jô Soares. Mediada pelo Luis Fernando Veríssimo, não tinha como não cair nas atualidades. A Isabel Lustosa, convidada como o Jô para falar de sátira, habilmente dominou a cena e fez as críticas que todo mundo queria fazer ou que, pelo menos, "o povo" queria ouvir. Claro que em festas elitistas em Parati não há quase povo, mas as pessoas da cidade que assistiram, da praça, aplaudiram quando ela disse, por exemplo, que o Lula mantém a tradição, dos governantes brasileiros, de falar "bobagens"... O Veríssimo (o computador está acentuando, não tem jeito), o Veríssimo não defendeu o governo como no ano passado (dizendo que era "discurso da direita"). Ficou calado e concordou que a situação era calamitosa.

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Eu ia dizendo que a bomba estourou com o Jabor, quando o computador aqui me censurou. Perdi tudo (digo, parte do post) - ainda que a Carla Rodrigues, aqui do meu lado agora, do No Mínimo, tenha tentado me ajudar (ela está postando no blog de lá)... Enfim, o Jabor já vinha com um imenso mau-humor e parece que, depois de ver algumas sugestões políticas no ar, desembestou chamando o atual governo de - literalmente - "uma bosta". (O palavrão é necessário, como diria o Polzonoff.) Tentou defender o Fernando Henrique (ao contrário do Chico Buarque) e foi vaiado. Me lembrou o Nélson Rodrigues, pra variar. "Vaiem, vaiem", ele bradava. Chamou uma mulher, que retrucava, de "leninista" e atacou o Dirceu defendendo o "Bob" Jefferson - leu um artigo de próprio punho (que vai sair no jornal). Sofreu um revés da mesa apenas: o Luiz Eduardo Soares, que acompanhava o comovido MV Bill, deu um rebote afirmando que se acontecesse alguma coisa "a alguém da elite" (em termos de violência no Rio etc.), o William Bonner iria transformar em editorial do Jornal Nacional... Como todo mundo sabe, o Jabor é comentador de lá.

Julio Daio Borges
9/7/2005 às 13h46

 

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