Digestivo nº 140 | Julio Daio Borges | Digestivo Cultural

busca | avançada
71645 visitas/dia
2,4 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Última peça de Jô Soares, Gaslight, uma Relação Tóxica faz breve temporada em São José dos Campos
>>> Osasco recebe o Teatro Portátil gratuitamente com o espetáculo “Bichos do Brasil”
>>> “Sempre mais que um”, de Marcus Moreno, reestreia no Teatro Cacilda Becker
>>> #LeiaUmaMãe: campanha organizada pela com.tato promove a diversidade na literatura materna
>>> Projeto Experimente inicia sequência de eventos para comemorar 10 anos
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
>>> Soco no saco
>>> Xingando semáforos inocentes
>>> Os autômatos de Agnaldo Pinho
>>> Esporte de risco
>>> Tito Leite atravessa o deserto com poesia
>>> Sim, Thomas Bernhard
Colunistas
Últimos Posts
>>> Scott Galloway sobre o futuro dos jovens (2024)
>>> Fernando Ulrich e O Economista Sincero (2024)
>>> The Piper's Call de David Gilmour (2024)
>>> Glenn Greenwald sobre a censura no Brasil de hoje
>>> Fernando Schüler sobre o crime de opinião
>>> Folha:'Censura promovida por Moraes tem de acabar'
>>> Pondé sobre o crime de opinião no Brasil de hoje
>>> Uma nova forma de Macarthismo?
>>> Metallica homenageando Elton John
>>> Fernando Schüler sobre a liberdade de expressão
Últimos Posts
>>> A insanidade tem regras
>>> Uma coisa não é a outra
>>> AUSÊNCIA
>>> Mestres do ar, a esperança nos céus da II Guerra
>>> O Mal necessário
>>> Guerra. Estupidez e desvario.
>>> Calourada
>>> Apagão
>>> Napoleão, de Ridley de Scott: nem todo poder basta
>>> Sem noção
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Imre Kertész - O Fiasco
>>> Autor não é narrador, poeta não é eu lírico
>>> Um curso para editores
>>> Confissões de uma jovem leitora
>>> Notas confessionais de um angustiado (V)
>>> Aberta a temporada de caça
>>> O limite de um artista
>>> Diálogos de Platão, pela editora da Universidade Federal do Pará
>>> Janer Cristaldo (1947-2014)
>>> Aos assessores, divulgadores, amigos até, e afins
Mais Recentes
>>> Cupido E Psiquê E Outras Narrativas Da Literatura Mundial de Paulo Sérgio de Vasconcellos pela Objetivo
>>> Livro Religião Orientação Para Tempos Difíceis Quando Tudo Se Desfaz de Pema Chödrön pela Gryphus (2019)
>>> Nos Idos De Março de Luiz Ruffato pela Geração (2014)
>>> Coleção Lendas do Batman Neal Adams parte 2 de Neal Adams pela Eaglemoss (2020)
>>> Livro Saúde Um guia Para os Remédio Florais do Dr. Bach de Julian Barnard pela Pensamento (1979)
>>> Saude Mental Depressao E Capitalismo de Elton Rogério Corbanezi pela Unesp (2021)
>>> O Melhor De Mim de Paulo Sant'Ana pela RBS Publicações (2003)
>>> Livro Literatura Estrangeira Um Homem É Difícil de Encontrar e Outras Histórias de Flannery O'Connor pela Tag (2020)
>>> Livro Literatura Estrangeira 1934 Coleção Grandes Sucessos da Literatura Internacional de Alberto Moravia pela Riográfica (1934)
>>> O espião certo no lugar errado de Helen MacInnes pela Record (1976)
>>> Um Lugar Para Ficar de Deb Caletti pela Novo Conceito (2012)
>>> Dalai Lama - Personagens Que Marcaram Época de Marleine Cohen pela Globo (2006)
>>> Sem Vestígios de Taís Morais pela Geração (2009)
>>> Um guia seguro para a vida bem-sucedida: Exemplaridade e arte retórica no pensamento histórico moderno de Marcos Antônio Lopes pela Unesp (2021)
>>> Chãos De Maíconã de Paulo Jacob pela Americana (1974)
>>> O Sagrado Off Limits - A Experiência Religiosa e suas Expressões de Aldo Natale Terrin pela Loyola (1998)
>>> Ninguém Me Contou, Eu Vi de Sebastião Nery pela Geração (2014)
>>> Livro Auto Ajuda Reflexões Sobre a Vida de Roberto Vidal da Silva Martins pela Pax e Spes (2023)
>>> Disegno, Desenho, Designio de Edith Derdyk pela Senac (2007)
>>> Na asa da borboleta de Germán Sánchez Espeso pela Globo (1987)
>>> Tempo Medido - Coleção 101 Crônicas de Marcelo Coelho pela Publifolha (2007)
>>> 501 Grandes Artistas: Um Guia Abrangente Sobre Os Gigantes Da Arte de Stephen Farthing (editor) pela Sextante/gmt (2009)
>>> Casa Grande e Senzala de Gilberto Freyre pela José Olympio (1987)
>>> Menos Pode Ser Mais de Dalmir Sant'Anna pela Odorizzi (2008)
>>> Zélica E Outros de Flávio José Cardozo pela Ftd (2001)
DIGESTIVOS

Terça-feira, 5/8/2003
Digestivo nº 140
Julio Daio Borges
+ de 8000 Acessos
+ 1 Comentário(s)




Imprensa >>> Aforismos com juízo
Daniel Piza, como Edmund Wilson, se orgulha de ser um jornalista cultural. Tanto que aceitou o convite da editora Contexto e, engrossando a sua coleção sobre jornalismo, encarregou-se do volume que trata do “cultural”. Daniel chama a atenção para o fato de que talvez seja a primeira obra do gênero no Brasil. E tem razão: além de relegado a um “segundo plano”, na ordem de prioridades das revistas e dos jornais, o jornalismo cultural nunca foi objeto de alguma sistematização, ou mesmo do escrutínio de profissionais gabaritados. Num país em que o noticioso tem um peso mais forte, arrastando consigo multidões, é natural que a análise raramente se afirme ou sequer desperte curiosidade. E como a cultura deve ser alvo de reflexão sempre, o jornalismo a ela associado não provoca no brasileiro, digamos, as paixões mais avassaladoras. Daniel Piza, no entanto, ao abraçar essa vocação, desde 1991 (porém, mais intensamente, desde 1995, ao editar, na “Gazeta Mercantil”, o “Caderno Fim de Semana”), vem arrebanhando um público que parecia perdido ou então estava órfão (tendo de se contentar com as manifestações episódicas dos nossos diários e semanários). Sua carreira, e a projeção por ele alcançada através dela, é de alguma maneira a prova de que o “jornalista cultural” pode (e deve) ocupar uma posição de destaque, e de que o “jornalismo cultural” tem uma audiência cativa, ávida por que lhe dirijam a palavra. O livro, portanto, é quase uma defesa de tese – já que Daniel passa por todas as suas experiências na área (Estadão, Folha, Gazeta e Estadão, de novo), concluindo que a cultura merece do jornalismo brasileiro mais respeito e do leitor, um olhar mais aguçado. Além de carregar essa bandeira, o autor aproveita para traçar, nos primeiros capítulos, uma “genealogia” do jornalismo cultural no mundo e no Brasil. Retrocede até o século XVIII, na Inglaterra, e vai encontrar as últimas iniciativas nacionais no segmento, como, por exemplo, a revista “Bravo!”, da editora D’Avila. O tom é pessoal e Daniel Piza, insiste, não tem a pretensão de contar uma “História”. De qualquer jeito, acaba contando, e fazendo em quase 150 páginas (incluindo bibliografia comentada ao final) justiça à tarefa que lhe foi confiada. [Comente esta Nota]
>>> Jornalismo cultural - Daniel Piza - 143 págs. - Contexto
 



Música >>> Vou deixar a vida me levar
“Cosmotron”, o sétimo álbum do Skank, tem sido divulgado como uma imersão no universo dos Beatles e do Clube da Esquina, mas talvez seja mais que isso. É verdade que pode parecer de um certo oportunismo embarcar no “revival” do rock dos anos 60, que começou em meados da década de 90, com o Oasis, até porque Samuel Rosa poderia, inclusive, aproveitar de sua semelhança física e concorrer com os sobrancelhudos Irmãos Gallagher no exterior. Mas isso seria acreditar em teoria da conspiração; afinal, as letras são todas em português e o Skank soube incorporar o tal estilo deixando sua marca nele. “Cosmotron”, logo de início, produz um considerável estranhamento, pois parece saído de uma máquina do tempo, entre 1966 (do “Revolver”, dos Beatles) e 1972 (do “Clube da Esquina”, de Milton Nascimento e Lô Borges). O fato é que o Skank passou daquela fase de refrões renitentes, irradiados em escala planetária, no rádio e na tevê. Abandonou os metais e os sopros (uma referência aos Paralamas de Herbert Vianna?), e saltou do reggae para o rock. Segundo os entendidos, havia indicativos disso nos álbuns de estúdio imediatamente anteriores – mas a confirmação provavelmente veio com o “MTV ao Vivo” (2001) em Ouro Preto. Nele, a banda soava mais coesa do que o normal, Samuel estava catando melhor e até as canções mais estridentes, das novelas e do “hit parade”, ressurgiam palatáveis. Se na primeira metade da década de 90, era pretensioso declarar uma aproximação com João Gilberto na capa de uma revista de música, hoje fica claro que o Skank, aos trancos e barrancos, aprendeu a valorizar a canção. Independente do gênero, e da guinada, é ela que sai vitoriosa em “Cosmotron”. Numa época de enxugamento, as 14 (catorze) faixas não soam exageradas e apontam para um novo ciclo criativo. A crítica não teve (como sempre) tempo para apreciar esse trabalho, mas o disco parece resistir a inúmeras e criteriosas audições. Talvez porque seja simplesmente bom. E talvez porque o Skank mereça realmente uma reavaliação. [Comente esta Nota]
>>> Cosmotron - Skank - Sony
 



Teatro >>> Teatro de revista
O teatro brasileiro oscila muito. Ou vence o apelo televisivo; ou o desejo de fazer “arte” é maior, e o espectador fica em último plano. Então termina assim: ou o público leva uma coleção de risadas para casa e nenhuma lembrança marcante do espetáculo; ou sai sem entender nada, com raiva de ter se arrastado até o centro da cidade, divorciando-se eternamente do palco. Não parece haver solução, mas há. No meio termo entre uma condição e outra, nem tanto à terra nem tanto ao mar, a “Terça Insana” vem se consagrando e recentemente comemorou mais de 100 apresentações. O número é representativo porque, além de ter se mantido semanalmente em cartaz durante todo esse tempo, o grupo nunca repetiu sequer um programa. O conjunto de “esquetes” (quadros, cenas, situações) é renovado a cada terça-feira, demonstrando que existe criatividade, aceitação e vitalidade para tanto. A trupe é comandada por Grace Gianoukas, uma cara conhecida da televisão, mas uma tremenda comediante gaúcha radicada há quase 20 anos em São Paulo. Junto a ela estão, fixos toda semana, Graziella Moretto, Luis Miranda, Marcelo Mansfield, Octávio Mendes e Roberto Camargo. Volta e meia, novos nomes são convidados, arejando o “cast” e demonstrando que o marasmo teatral é injustificável. Quem teve a oportunidade de conferir “O Melhor da Terça Insana”, que ficou pouquíssimo tempo em cartaz no Tom Brasil, pôde rir descontroladamente enquanto guardou a imagem de uma produção inteligente. O sexteto, depois dessas 100 e 1 noites, desenvolveu tipos que são aqueles que comumente encontramos, mas que não remetem aos velhos clichês de sempre. Assim, topamos com o guardador de carros diplomado, com a ex-diva de voz embargada, com a debutante de língua presa, com o moderninho da Avenida Paulista e com o executivo de mil e uma utilidades. A “Terça Insana” não tem papas na língua, o que já lhe rendeu e rende processos. Não tem medo de falar o que pensa e, nesse sentido, é impagável uma apresentação ao vivo dos “Tribalistas”, ops!, “Herbalistas”. Fica provado que o teatro pode ser interessante e fazer valer o ingresso. [1 Comentário(s)]
>>> Terça Insana
 



Literatura >>> Os grilos não cantam mais
Fernando Sabino e a editora Record têm feito um belo trabalho com a coleção de cartas do escritor. Primeiro, editou-se sua correspondência com Clarice Lispector (“Cartas Perto do Coração”, 2001). Depois, as missivas compartilhadas entre os amigos da vida inteira: Hélio, Paulo e Otto (“Cartas na mesa”, 2002). Agora, surge mais um volume com a troca de gentilezas (e de grosserias também) entre um incipiente Fernando Sabino e um Mário de Andrade no fim da linha (“Cartas a um jovem escritor e suas respostas”, 2003). O “establishment” literário brasileiro tinha muita curiosidade por esse material – quase sempre referido como de um tempo longínquo, por vezes, inacessível. A impressão inicial é de que Mário foi o grande tutor de Fernando, então com 18 anos, quando o intercâmbio se iniciou. Com a leitura, porém, vamos percebendo que o escritor precoce adquire “maioridade”, publica a consagrada novela “A Marca” (1944), e rompe com Mário de Andrade. Há suspeitas de que o Papa do Modernismo tenha desdenhado do sucesso de seu “protegido” e, enciumado, sugerindo abandono, direcionado-lhe farpas numa carta a Paulo Mendes Campos (parcialmente reproduzida no volume). São futricas – ainda que futricas de grandes nomes da nossa literatura. Talvez não merecessem menção, mas é por causa delas que a correspondência se interrompe e o livro se arrasta, alquebrado, até a morte de Mário (1945). O que há para se destacar é o prefácio carinhoso, do Fernando Sabino de hoje (que, em outubro, completa 80 anos), e a paixão (no melhor sentido do termo) nascida entre os dois homens. O jovem num ardor e numa desorientação que não cabiam no mundo; e o velho “vampirizando-o” (também no bom sentido), dividindo um pouco do seu saber e de suas conclusões sobre os tempos idos. Achados: Mário de Andrade chamando Jorge Amado de ignorante e preferindo Portinari a Lasar Segall; também revendo os “erros” de Macunaíma e compondo o célebre “Frederico Paciência”. Talvez uma das maiores contribuições desse Andrade tenha sido mesmo a epistolar. E Sabino, para a nossa sorte, soube aproveitar. [Comente esta Nota]
>>> Cartas a um jovem escritor e suas respostas - Fernando Sabino e Mário de Andrade - 218 págs. - Record
 
>>> MAU HUMOR

“As coisas mais desagradáveis que os nossos piores inimigos nos dizem pela frente não se comparam com as que nossos amigos dizem de nós pelas costas.” (Alfred Musset)

* do livro Mau humor: uma antologia definitiva de frases venenosas, com tradução e organização de Ruy Castro (autorizado)
 
Julio Daio Borges
Editor
* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
24/7/2003
13h27min
Grande preciosidade para quem sempre tem interesse pelos "bastidores" na vida dos escritores. Tanto para desmitificar, quanto para contribuir ainda mais com a imagem e os detalhes que garantem a aura encantadora destes seres. Sendo Fernando Sabino e Mário de Andrade, então, a preciosidade é ainda maior.
[Leia outros Comentários de Alessandro Garcia]

Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




As Pátrias, A Sociometria e a Medicina (A Destruição das Pátrias)
Cláudio Luiz Fontanillas Fragelli
Do Autor
(2005)



Memórias de um Sargento de Milícias
Manuel Antônio de Almeida
Scipione
(2003)



Um Ato de Liberdade
Nechama Tec
Record
(2009)



A Poesia Épica de Camões 388
Rosemeire da Silva
Policarpo



O Espírito do Líder: Volume 2
Ken O'Donnell
Integrare
(2010)



Justiceiro Max Frank
Jason Aaron Steve Dillon
Panini Livros
(2016)



Livro Infanto Juvenis Os Três Amigos O Mistério da Discoteca Arruinada
Ciranda Cultural
Ciranda Cultural
(2009)



Grimms Fairy Tales: Introduction and Notes By Elizabeth Dalton
Jacob Grimm, Wilhelm Grimm
Barnes & Nobel Classics
(2003)



Das Grosse Visuelle Wörterbuch
Vários Autores
Coventgarden
(2003)



A Teoria Personalíssima do Nascituro
Márcio Martins Moreira
Paulista
(2003)





busca | avançada
71645 visitas/dia
2,4 milhões/mês