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Quinta-feira, 29/8/2002
Curral da Mostra
Eduardo Carvalho

Leon Cakoff deveria se dedicar com exclusividade aos trabalhos que tem executado com relativa competência: a organização da Mostra de Cinema de São Paulo e a distribuição, através do Jornal da Mostra, de notícias sobre cinema.

Quando, de repente, na edição número 128 do seu jornal eletrônico, resolveu criticar a própria crítica nacional de cinema, cometeu um erro ridículo: apesar de ter exercido a profissão, parece não entender nada do assunto. Ou pior: entende tudo errado.

Cakoff usou, como exemplo de crítica condenável, um artigo de Mário Sergio Conti, "Giorgetti cria trama frouxa com idéia banal", publicado na Folha de São Paulo, sobre o filme O Príncipe. Condenável simplesmente porque, segundo Cakoff, é uma "crítica negativa", produzida por um estilo de "jornalismo destrutivo", que "não contribui em nada para a diversidade e a tolerância". Como se crítica séria pudesse ser reduzida a maniqueísmos bobos ("negativa" e "positiva"), e como se todo crítico precisasse pensar exatamente como quer Leon Cakoff, para, aí sim, respeitar a diversidade e ser tolerante.

O próprio Cakoff, no mesmo texto, assume que Conti "foi a única voz dissonante na imprensa brasileira", mas interpreta esse fato como se fosse negativo. Conti é, portanto, acusado de intolerante justamente pelo motivo de ter apresentado uma opinião diferente. Quem é intransigente, afinal?

Eu mesmo gostei do filme, que já recomendei aqui. Mas, se Conti não gostou, tem todo o direito de explicar o motivo, e de falar mal mesmo. Sobretudo se for o único. E principalmente em uma época de opiniões fáceis e fechadas, impostas e espalhadas por gente como, por exemplo, o próprio Cakoff.

Eduardo Carvalho
29/8/2002 às 14h51

 

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