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Quarta-feira, 14/9/2005
O ciclo está se fechando
Julio Daio Borges

Amigo Leitor,

Lá pelos idos de 2000, poucos meses depois do Digestivo ter nascido, quando eu nem era ainda Editor, fui assistir à peça Dom Quixote, protagonizada por Carlos Moreno, o eterno garoto-propaganda da Bombril, no Teatro Alfa, e publiquei logo em seguida meu comentário no site, no Digestivo de número 11, a 28/11/2000.

Não tinha a pretensão de ser crítico de teatro (embora me arriscasse), e nem poderia imaginar que meu comentário tivesse alguma relevância para um rosto tão conhecido da televisão. Mas teve. Agora, 5 anos depois, quando a peça volta a ser encenada, em função dos 400 anos do Quixote de Cervantes, lá está, no release de divulgação para a imprensa, um trecho daquele meu comentário, de 5 anos atrás, junto a outros trechos de matérias da revista IstoÉ e do jornal Correio Braziliense.

há alguns Digestivos, da última safra, dei meus pitacos sobre os 20 indicados para a finalíssima do Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira. Nestes 5 anos, passei de leitor da Bravo! a conhecido do Michel Laub, que chegou ao cargo mais alto da revista (diretor de redação), e que me enviou, ainda nas provas, seu livro, Longe da água. Gostei tanto que fiz campanha pra ele desde o início e inclusive notei sua ausência na lista do mesmo Portugal Telecom. E não é que, no dia seguinte à minha Nota, ele aparece entre os 10 finalistas do Prêmio (embora não estivesse realmente entre os 20 originalmente indicados)?

E há poucos meses, você sabe, venho divulgando podcasts (e podcasters – programas e programadores de rádio da internet). Fui provavelmente um dos primeiros a incentivar publicamente os trabalhos de Guilherme Werneck, Alexandre Aguiar e Fred Leal na imprensa brasileira. Até levei comigo trechos de seus podcasts à entrevista que recentemente concedi a Gioconda Bordon, no programa Estação Cultura, da Cultura FM (providencio o áudio num próximo release). E possivelmente fui o primeiro a tocar trechos de programas seus em uma rádio de grande porte – encurtando, mais uma vez, a distância entre os “independentes” e o mainstream.

Pois, outro dia, abro o jornal e percebo, com uma sensação de missão cumprida, que minha iniciativa teve efeito: depois de dizer que o Guilherme Werneck fazia, em seu podcast, uma coisa que as grandes rádios não faziam mais – justamente, programas de rádio –, vejo que seu esforço foi recompensado e que ele ganha espaço no novo programa do caderno “Link” do Estadão, na rádio Eldorado, e que lá eles também vão falar... sobre podcasts (e podcasters).

Por último, amanhã, dia 15 de setembro, você vai tomar contato com a primeira propaganda do jornal O Estado de S. Paulo no site Digestivo Cultural. Isso mesmo: uma oferta de assinatura, da centenária instituição, especialmente elaborada para os jovens leitores do Digestivo Cultural, que completa, na próxima semana, seus 5 anos. Depois de quase 5 anos de pregação por mais respeito ao jornalismo que se pratica na internet brasileira, essa é a maior prova de que, na minha aposta de setembro de 2000, eu estava certo. Portanto, não estranhe quando a propaganda chegar: é mesmo o Estadão anunciando no Digestivo Cultural.

E é por isso tudo, e por tantas outras coisas, que eu digo, agora, que o ciclo está se fechando. Passamos, em 5 anos, de expectadores a comentadores; de descobridores de tendências a formadores de opinião. E é por isso que eu sempre digo que o que hoje acontece na internet brasileira não tem paralelo na história da imprensa do Brasil.

E isso é só o começo.

Um abraço forte, não deixe de comemorar conosco os 5 anos do Digestivo Cultural,

Julio Daio Borges
Quarta-feira, 14/9/2005

 

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