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Segunda-feira, 29/5/2006
Ladainha

Julio Daio Borges




Digestivo nº 281 >>> Zélia Duncan agora está voando com os Mutantes, então seria covardia incomodá-la. Na realidade, nem é essa a idéia. Ela, na verdade, salva muito do CD Paralelas, o primeiro álbum do Duncan Discos, selo lançado por Zélia no ano passado. Alice Ruiz, que já foi mulher de Paulo Leminski, e ocupa hoje o lugar de viúva oficial, recebeu um impulso como letrista, desde que compôs “Socorro”, com Arnaldo Antunes, e foi exaustivamente executada na rádio Eldorado, por exemplo. Andou compondo com João Suplicy, entre outros, mas sua maior cartada foi mesmo esse CD, Paralelas, ao lado de Alzira Espíndola (alguma coisa de Tetê Espíndola?). A intenção é boa, Ruiz “passa” como compositora, Zélia Duncan que o diga, “Milágrimas” é um ponto alto de Pré-pos-tudo-bossa-band (2005, um título que quer ser tudo e que acabou pegando mais do que o disco, como o caso do “Reloaded” em Matrix)... Enfim: valeu a tentativa, mas Paralelas se perde um pouco no discurso pra lá de feminista, em ataque quase direto aos homens. A personagem, construída hibridamente em Paralelas, esnoba o gênero masculino – porque este não consegue mais acender a sua fogueira extinta –, mas parece ainda precisar dele, porque insiste, insiste... insiste na sua presença no disco. Conforme dito no começo, os melhores momentos são as participações de Zélia Duncan que, em vez de recitar, canta, e dá alguma forma sonora ao todo: vide “Diz que é você”, “É só começar” e “Invisível”. A cozinha segue segura, com Luiz Waack ao violão e Sandro Moreno à bateria – mas a estrutura é tão minimalista que vêm à tona novamente... o texto. Paralelas, como música, fica difícil julgar; já como discurso, poderíamos substituir por... Desencontradas?
>>> Paralelas - Alice Ruiz e Alzira Espíndola - Duncan Discos
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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