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Segunda-feira, 13/6/2005
Xeque-mate

Julio Daio Borges




Digestivo nº 231 >>> Não resta dúvida – vale repetir – que Ivana Arruda Leite é uma das mais importantes escritoras brasileiras da atualidade. Obrigatória para quem quer se familiarizar com as tendências da nossa literatura contemporânea e, principalmente, para quem não agüenta mais ouvir falar em Clarices, Lygias e Hildas. Junto com Livia Garcia-Roza e Cíntia Moscovich, Ivana promove um sopro de renovação que só não enxerga quem não quer. Tanto que, embora Ivana Arruda Leite tenha sido publicada quase na meia-idade, já é possível falar numa obra e analisar seu desenvolvimento estético. Ivana começou, como é quase comum hoje (graças a ela), dentro da tendência dos pequenos contos, minicontos e microcontos. Nesse sentido, foi emblemático o seu Falo de Mulher (2002), que inspirou uma porção de jovens escritoras, como Ana Elisa Ribeiro (coisa que até já se disse aqui). Ivana então, merecidamente, despontou: virou colunista da revista da Folha e alcançou a graça das editoras grandes. Publicou o, mais uma vez, excelente Eu te darei o céu (2004) e, agora, chega com um lançamento pela remodelada Agir: Ao homem que não me quis (para variar, um título bastante acertado). Nesse livro – e por isso podemos falar num avanço –, ela abre com os mesmos pequenos contos, mas inteligentemente caminha para os contos tradicionais, no tamanho que normalmente se conhece. Ao homem que não me quis é uma obra de transição e ela deixou registrar essa evolução num livro de fronteira, digamos assim. Ivana continua hábil com as frases curtas, com as rajadas de bom humor e até com os insights, mas a novidade – e os melhores momentos – são as investidas nas narrativas de muitas páginas, como a melhor de todas, que dá título ao volume. Também Mulher do povo, uma história originalíssima contada de dentro de um hospital (por uma mulher, evidentemente, internada sem recursos). Apesar da necessidade constante, no Brasil, de se reafirmar o óbvio, Ivana dispensa elogios e a única coisa que lhe faltaria agora é uma acolhida junto ao grande público – porque, para isso, ela também tem potencial.
>>> Ao homem que não me quis - Ivana Arruda Leite - 88 págs. - Agir | Da difícil vida das rêmoras
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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