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Quinta-feira, 3/3/2011
Sobre Moacyr Scliar
Julio Daio Borges

(Para @gschultze, @D_Ugo, @CamargoCarla e @ProjetoPalavras)

Avistei Moacyr Scliar pela primeira vez na Bienal do Livro de 2002.

Era minha primeira Bienal através do Digestivo. Scliar estava de entrada (ou de saída), cercado por repórteres, de modo que nem pude me aproximar...

Ainda estava com a Primeira Geração de Colunistas do Digestivo fresca na minha cabeça e o Scliar me lembrou o Polzonoff ;-)

Ao longo dos anos, recebi dois livros do Scliar através da Companhia das Letras — mas não consegui ler nenhum dos dois. Um era uma recriação do episódio da "expulsão dos vendilhões do templo"; e o outro era (também) sobre a Bíblia (supondo que uma mulher a tivesse escrito — a Pilar até resenhou).

Já havia cruzado, lógico, com o "jornalismo" de Scliar, mas não gostava das suas crônicas. Sobretudo depois de ele admitir que as escrevia no avião, sem muita inspiração.

Scliar só foi me impressionar na Fliporto — da qual ambos participamos —, em 2008.

Ele dominou a plateia. E como eu estava assistindo, me dominou também.

Contou o episódio de ter sido plagiado internacionalmente. Assim compreendi que ele desempenhava o papel do escritor público, muito melhor que todos nós ;-)

Meses depois, recebi uma espécie de anuário daquela Fliporto, e lá estava a narração da história do plágio, em toda a sua riqueza de detalhes.

Pedi ao Scliar — de novo através da Companhia das Letras — e ele liberou para republicação no Digestivo.

Sua morte me surpreendeu. Há pouco mais de dois anos me pareceu muito ativo, lúcido, dando conta, exemplarmente, das demandas de todo escritor nacionalmente conhecido.

Perdemos alguém que sabia falar aos leitores. Algo que pode ser tão importante quanto escrever para manter viva a chama da literatura...

Para ir além
"Um estranho incidente literário" (Moacyr Scliar no Digestivo)

Julio Daio Borges
3/3/2011 à 00h47

 

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