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Sexta-feira, 19/12/2014
Dia do Ram
Julio Daio Borges

Primeiro, conheci o Haiama. Na faculdade. Não era da turma com quem entrei, mas era da turma *para a qual* entrei, a partir do quarto ano, para fazer a ênfase computação. Em 1996.

O Haiama era um carioca com disciplina oriental - estudioso, mas dado a sarcasmos. Lembro de a gente estudando para uma prova de microeletrônica e o Borelli soltando: "O Haiama vem com essas 'perguntas esféricas', não tem nem como pegar..."

Em 1999, quando publiquei um texto no Observatório da Imprensa, pretensamente intitulado "Teia de Alcance Mundial", recebi um e-mail de um tal Rafael Lima. Era bem escrito e extrapolava meus raciocínios sobre a WWW. Viramos correspondentes virtuais.

Em 2001, quando tive a ideia de convidar os primeiros colunistas para o Digestivo, pensei no Lima. Ele aceitou e fez história com o site.

Em 2003, não sei se por iniciativa do Lima, me apareceu um tal de Luis Eduardo Matta. Era escritor. Tinha um site próprio. E me pediu para divulgar.

Eu sugeri: "Por que você não escreve um texto sobre o seu trabalho?". Ele topou. E lançou toda uma polêmica sobre a LPB, a literatura popular brasileira. O LEM é um dos escritores mais obstinados que eu conheço.

Finalmente, o Ram Rajagopal veio através do LEM. Havia estudado com todos eles, no Rio. Era também engenheiro, havia trabalhado em banco de investimento, mas tinha preferido sair do Brasil, e se fixar na Califórnia. Para o Digestivo, escreveu uma "história dos blogs", em 2005.

Conheci o Ram pessoalmente em 2006, quando ele veio para um lançamento do LEM, um evento da editora Planeta que o Digestivo encampou, na Cultura do Villa-Lobos. Descobri que o Ram era engraçado. Nada a ver com as polêmicas intermináveis por e-mail, onde ele se revela um debatedor infatigável - vencendo qualquer interlocutor. (Eu não me atrevo a discutir com o Ram.)

Lembrei de tudo isso, e mais um pouco, ontem, enquanto assistia a uma palestra do professor Ram, cujo mote era: "Como a tecnologia pode nos ajudar a viver numa cidade melhor?". Uma iniciativa do movimento Onda Azul, do Eduardo Andrade de Carvalho, que é um dos meus melhores amigos e que dispensa apresentação.

O Edu fundou o Onda Azul junto com o Humberto Laudares e o Eduardo Wolf. Querem ajudar na revitalização do PSDB, organizando uma filiação em massa. Aproveitando, claro, o bom momento da oposição desde as últimas eleições - e o presente interesse dos jovens pela política.

O Ram foi brilhante contando como uma equipe liderada por ele organiza, por exemplo, as vagas de estacionamento na universidade de Stanford hoje. Ou então detalhando um projeto, dele com um dos dez primeiros empregados do Google, que adapta as ideias de aplicativos para táxis e caronas ao universo dos ônibus (imagine um ônibus que não parasse só nos "pontos de ônibus" e que pudesse desviar um pouco sua rota, atendendo a mais pessoas?).

Que orgulho de ser amigo do Ram e de toda essa turma. É de gente assim que o Brasil precisa. Aliás, o Brasil já tem essas pessoas - elas nasceram aqui -, só tem de permitir que, com seu conhecimento e sua capacidade técnica, possam implementar as políticas de que o País tanto precisa. Que o Onda Azul chacoalhe o PSDB, e o governo. E que o Ram faça parte disso.

P.S. - Antes de começar sua palestra, o Ram me disse que tem gostado dos meus textos mais "pessoais". Então, em homenagem à nossa convivência virtual, à nossa amizade e às suas realizações, estou retribuindo. Que o Brasil volte a merecer gente como você, Ram. (Se puder disponibilizar sua palestra no SlideShare, agradecemos todos.)

Julio Daio Borges
19/12/2014 às 12h56

 

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