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Terça-feira, 30/5/2023 Diogo Salles no Roda Viva Julio Daio Borges Estive no Roda Viva há quase vinte anos. Estimulado pelo Ruy Castro, que lançava então “Carmen” (sua melhor biografia, na minha opinião). Mas eu queria falar do amigo Diogo Salles, que ontem, no Roda Viva, assumiu o lugar do grande Paulo Caruso (que, em março, nos deixou). Conheci o Diogo numa festa da FAU/USP, quando comecei a namorar a Carol. Morria de ciúmes dela na época e, quando o Diogo Salles apareceu, com seus amigos, devo ter feito uma cara péssima, já que ele, imediatamente, me tranquilizou: “Calma, cara: a gente é amigo dela!”. Minha lembrança é que, nos primórdios do Digestivo Cultural, o Diogo igualmente distribuía suas produções via e-mail. Lembro, também, que, quando eu gostava de alguma charge, pedia para republicar, no rodapé de algum “Digestivo” meu, e ele autorizava. Dessa fase, lembro, particularmente, de uma em que o Diogo juntou a ideia do “Lula I” de requentar o programa Fome Zero com a sequência do filme “Matrix” (então em cartaz): o resultado era um presidente Lula vestido de Neo (personagem do Keanu Reeves), com aqueles óculos futuristas e aquele verde fosforescente, sob o título “Fome Zero Reloaded”. Lembro, ainda, que, na minha despedida de solteiro, Diogo nos relatava a epopeia de editar, imprimir e distribuir seu primeiro livro: “CorruPTos, mas quem não é?” - cuja resenha escrevi e publiquei no dia do lançamento, em meio a uma correria louca, a ponto de a Carol ir me representar sozinha. Como amigo, naturalmente, vejo muitas qualidades no Diogo Salles, mas, como profissional, admiro sua resiliência. Uma palavra que nem era moda na década de 2000, mas foi graças a ela que o Diogo fez seu livro chegar ao “Jornal da Tarde” - e acabou se tornando chargista oficial, na última encarnação do jornal. Era com o Diogo que eu discutia a crise do jornais impressos, além do saudoso Daniel Piza, ambos no Grupo Estado. No lançamento do segundo livro, “Trágico e Cômico”, Diogo me chamou para mediar uma mesa composta por ele e pelo Baptistão, de quem se tornara amigo na redação. Aproveitou e me passou um pito “ao vivo” pelas minhas previsões apocalípticas. Naquela altura, Diogo Salles já revelara seu talento para o texto, como colunista no Digestivo - e conseguia falar de política, um tema bastante sensível, ao mesmo tempo em que dividia sua experiência no terceiro setor (muito antes da moda “ESG”). Não bastasse, manteve um blog no portal do Estadão e dividiu, com Rafael Fernandes, um site de música e um podcast, no qual honrosamente fiz uma aparição. Eu e meu outro grande amigo, Edu Carvalho, vivíamos enchendo o Diogo, no tempo do “JT”, para que ele criasse um personagem do tipo “blogueiro”. Diogo Salles se vingou, fazendo as nossas caricaturas, e criando o Urbanóide, que era uma das tirinhas preferidas do Papai - que conheceu o autor da obra, se não me engano, num dos aniversários da Carol. Já deu para perceber que o Diogo é parte da família e que eu não tenho nenhuma isenção para recomendar seu trabalho. Morro, particularmente, de orgulho do Paulo Francis “à la Loredano” com que Diogo me presenteou - e que me encara diariamente no trabalho. E, especialmente, de um texto do Ruy Castro, que publiquei no Digestivo e que o Diogo ilustrou, com uma belíssima caricatura do nosso herói em comum, Nelson Falcão Rodrigues. Nelson, aliás, dizia que o amigo é “o grande acontecimento” - e é mesmo. Portanto, antes de perder a credibilidade que ainda me resta, indico o vídeo do Roda Viva com Diogo Salles (no YouTube). Para os mais apressados - ou os “sem paciência” para com o entrevistado -, o Diogo aparece nos primeiros minutos, quando a Vera Magalhães termina de anunciar a bancada ;-) Para ir além Trilogia de Charges Julio Daio Borges |
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