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Quarta-feira, 18/5/2011
The Social Network ou A Rede Social, o filme

Julio Daio Borges




Digestivo nº 479 >>> A Rede Social, o filme, é a verdadeira Vingança dos Nerds (1984). Quem poderia imaginar que, décadas depois, os nerds seriam aceitos pela sociedade, a ponto de dominarem o mundo? Claro, antes de Mark Zuckerberg, houve Bill Gates, mas este, em seu período hegemônico, não gozava de muito boa reputação, levando tortas na cara, entre outras coisas. Se os nerds eram aqueles que sofriam bullying, se davam mal com as garotas — embora tivessem boas notas —, depois do advento da computação, os nerds — pelo menos nos Estados Unidos — foram promovidos a "geeks", e adquiriram uma importância, e encontraram seu espaço. O Zuckerberg, do filme, provavelmente sofreu bullying, dado o seu medo de regressar a Harvard, mas, em vez voltar para os bancos escolares atirando nas meninas — como o nosso Wellington Menezes —, resolveu criar o Facebook, conquistando-as na marra ;-) No que concerne à verdade dos fatos, nunca vamos saber quem tem razão. Até porque o filme usa de "licença poética" para contrariar o próprio livro usado na adaptação. Sean Parker, na narrativa de Ben Mezrich, não aparece como o espertalhão vivido por Justin Timberlake. Mesmo porque, no livro, toma uma bela rasteira dos investidores do Facebook e acaba, como Eduardo Saverin, "diluído". Fora que, na vida real, Sean Parker não rompeu relações com Mark Zuckerberg e — segundo um perfil recente na Vanity Fair — aconselha o jovem nerd até hoje. Independente de quem tem razão, de Zuckerberg ser mocinho ou vilão, o grande mérito do filme é transportar o universo da internet para o cinema, sem parecer, justamente, "coisa de nerd", de gente que não lida bem com a "vida real", ou de ser marketing para inflar uma nova "bolha" (ainda que a do Facebook seja preocupante). Qualquer pessoa que tenha participado de uma iniciativa bem-sucedida na internet, desde um blog até uma rede social, vai se identificar com a empreitada começada num quarto, espalhando-se de modo "viral" entre pessoas "comuns", até chamar a atenção do mainstream. A diferença entre o Facebook e tantas outras iniciativas que vimos nascer e morrer, desde o advento da Web nos anos 90, não é apenas o "fator" Mark Zuckerberg, mas, principalmente, o ambiente favorável no Vale do Silício, que permite a uma ideia florescer, plenamente, sem preocupações de curto prazo, como "despesas", "receitas" e "lucros", firmemente apoiada no dinheiro dos investidores. Fazendo uma comparação bastante grosseira, não é preciso dizer que um Facebook nunca prosperaria no Brasil: no seu primeiro salto viral, derrubando a rede de uma universidade, seu custo de manutenção se tornaria inviável, matando no nascedouro o empreendedor Zuckerberg, que acabaria trabalhando em consultoria ou banco. Sem contar que o Brasil não teve uma Web 1.0, muito menos uma Web 2.0, e, com blogueiros que simples e apenasmente "se lançam" para conseguir "uma vaga" nas velhas mídias, nunca vamos ter inovação de verdade, nunca vamos ter um Facebook ;-(
>>> The Social Network
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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