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Segunda-feira, 30/11/2015
Man in the Arena 100 (e uma história do Gemp)
Julio Daio Borges


O Claudio Baran, eu conheci quando entrei na escola (1979). Perdemos um pouco o contato quando mudei do Compa para o Pueri Domus, no colegial (1989). Mas nos reencontramos quando o Claudio estava na FGV e eu, na Poli. E nos reaproximamos, de verdade, quando ele começou a namorar a Kelly Lobos e montaram uma assessoria focada em gastronomia, a KRP. Eu escrevia sobre restaurantes no Digestivo Cultural e a Kelly e o Claudião me levaram a todos os melhores de São Paulo. Foram meus padrinhos de casamento, no civil, em 2006.

O Leo Kuba, eu conheci quando entrei na Poli (1992). Íamos almoçar juntos na lanchonete do Senzala, na Praça Panamericana. Eu e ele tocávamos guitarra e eu me lembro do Leo reproduzindo o solo de "The One I Love", do R.E.M. Acontece que o Leo já ganhava o dinheiro dele e não aguentou aqueles intermináveis laboratórios de Física. Fomos retomar contato só a partir de 2004, por causa do Orkut. O Leo, então, tinha um blog - já se interessava por empreendedorismo e já acompanhava o que acontecia fora do Brasil.

O Eduardo Andrade de Carvalho, eu conheci através do Daniel Piza. Ambos nos correspondíamos com o Daniel, por e-mail. Quando ele saiu da Gazeta Mercantil e foi para o Estadão, em 2000, mandou uma mensagem "aberta" para todos os seus correspondentes. Não tive dúvida e passei a disparar meus textos, pré-Digestivo, também para esse grupo. O Edu começou a me responder. Tinha entrado na FGV e fazia História na USP. Conversávamos sobre nossas dúvidas vocacionais (eu trabalhava no banco Real). Publiquei o Edu no meu primeiro site, ele foi um dos primeiros Colunistas do Digestivo, teve um blog influente e se tornou um dos meus melhores amigos. Foi meu padrinho de casamento - e a Catarina foi daminha, no casamento dele e da Paula, no ano passado.

O Eduardo Fleury Camargo, eu conheci na festa de 10 anos da turma da FAU da Carol, em 2002. Lembro das fotos do casamento dele, feitas pela Renata Ursaia, mas não me lembro se as vi nessa mesma ocasião. Sei que passamos a noite inteira conversando sobre internet. Ele já tinha o ObaOba e estava a anos-luz na minha frente. Foi o Duda quem me ensinou o que era "P.I." - pedido de inserção -, quando as agências começaram a procurar o Digestivo. Saíamos para almoçar, nos encontrávamos em eventos de internet, e o Duda chegou a ir até em encontros dos Colaboradores do Digestivo.

*

Um belo dia, em 2008, o Claudio me aparece com umas cortesias da KRP, para almoçar no novo Pandoro by João Armentano. Eu já havia apresentando o Edu ao Leo (num almoço no extinto Oliviers & Co., do shopping Morumbi). Mas, desta vez, eu resolvi abusar da boa vontade do Claudião e convidar, além deles, o Duda - porque o ObaOba também tinha muitos restaurantes, como parceiros, e achei que - com a KRP - poderia dar samba.

Acontece que a conversa foi tão boa, entre nós cinco, que a gente resolveu se reunir de novo. Aproveitamos e retomamos uma ideia - do Edu mais uns amigos (do Leo, também) - de montar um "grupo de empreendedores". E já na segunda reunião, o Edu resolveu convidar o Miguel Cavalcanti - que o Edu conhecia porque o Miguel assinava o Digestivo, havia lido um post do Edu (que eu reproduzira) e começou a se corresponder com ele (Edu). O Miguel também tinha um blog. Já havíamos almoçado com o Miguel e seu sócio na AgriPoint, na época em que o Vicente, o primeiro filho do Miguel, nasceu. Mas nunca me esqueci da justificativa do Edu para convidar o Miguel para o nosso "grupo": entre uma série de pontos, dos quais não me lembro mais, encerrava com o seguinte: "E porque eu gosto muito dele [Miguel]".

O "Gemp" - na falta de um nome melhor - começou em "happy hours" no Santo Grão, passou para uma sala de reunião no Octavio Café, ocupou uma sala no prédio onde ficava a KRP e, atualmente, se reúne numa sala da Inkuba, agência do Leo, que nasceu - e cresceu - dentro do Gemp (como ele gosta de dizer). No Gemp, também, nasceram a Moby, incorporadora do Edu, o BeffPoint, e o AgroTalento, ambos do Miguel, e, desde o ano passado, o Portal dos Livreiros - cujo processo eles acompanharam de perto, e me ajudaram, desde as primeiras apresentações, em PowerPoint, até o business plan, até a escolha dos sócios, até os contratos.

O Claudião criou o Burger Fest, no Gemp, mas preferiu se afastar do grupo. Também passei uma época "fora", em 2013, quando perdi a Mamãe - mas o Gemp me resgatou, e tenho uma dívida de gratidão, com o grupo, que é impagável. Nessa mesma época, entrou o Mario Fernandes, da Mobly. E, em 2014, o Daniel Bushatsky - que era amigão da Julia Monteiro, minha concunhada, fez-se colaborador do Digestivo, numa Flip - e se converteu no advogado do Gemp. Neste ano, também, o Miguel se afastou. (Mas insisto para que ele volte em 2016.)

Já conversamos sobre tudo no grupo. Rimos muito e, posso dizer, choramos juntos. No bom sentido. Através dos contatos de cada um, conseguimos convidar desde o Christian Barbosa até o Gustavo Cerbasi, desde o Paulo Bilyk até o Jair Ribeiro, desde o Riccardo Gambarotto, meu ex-chefe na (M)GDK, até a Cris Correa, autora do Sonho Grande, passando pelo meu ex-vizinho e amigo e hoje sócio, no Portal, Adriano Maluf Amui. Tivemos dois coordenadores, o Fernando Domingues Jr. e o Italo Biondo. Mas, em algumas das melhores reuniões, estávamos só nós, com as nossas "questões". O Gemp teve momentos críticos, de impasse. Mas uma boa reunião, na sequência, sempre bastou para nos relembrar da importância do grupo. E ele fez sete anos em 2015...

*

Numa noite, saindo da Nespresso - um dos nossos locais provisórios -, lembro do Leo e do Miguel combinando, na rua, de gravar um videocast: Man in the Arena, "o homem na arena" - sobre, claro, empreendedorismo, e cultura digital (como eles o definiram). A inspiração, naquela época, eram os videocasts do Kevin Rose, do Digg, e do Tim Ferriss, autor de best-sellers como The 4-Hour Workweek.

Quase todos os "Gemps" passaram pelo Man in the Arena, ou "MitA", para os íntimos. O Edu, como convidado, no terceiro episódio, o Duda no décimo e eu no décimo-segundo. Não sei por que o Claudião não participou (talvez porque ele seja enrolado). A Mobly, do Mario, aparece através do seu sócio, Marcelo Marques, no episódio número 39. Então só o Daniel ainda não participou.

O fato é que, desde 2010, o Leo e o Miguel criaram o maior acervo, em vídeo, sobre empreendedorismo, na internet, no Brasil. Começaram olhando para a câmera, do Mac do Leo, passaram pela Pto de Contato, onde eu gravei com eles, passaram pelo auditório da FIAP e, hoje, estão na Livraria Cultura do shopping Iguatemi.

Com a chegada do número 100, a centésima edição do Man in the Arena, resolveram organizar um evento, de um dia inteiro, convidando todos os entrevistados que já passaram pelo programa. Organizaram palestras, e mesas-redondas, sobre o tema "Cultura: o que faz uma empresa excelente?". O evento teve lugar no espaço Cubo, na rua Casa do Ator, na última terça-feira.

*

Eu gostaria de manter a objetividade, e fazer um relato "jornalístico" do MitA #100, mas, para mim, é impossível. Eu vi o Man in the Arena nascer, conheço o Leo desde a faculdade e o Miguel é hoje, além de meu sócio no Portal, um dos meus melhores amigos (nos falamos, praticamente, todos os dias).

Assim, eu me emocionei desde a programação (que o Leo antecipou, para nós, na última reunião do Gemp). E me emocionei, no dia do evento, por encontrar todas aquelas pessoas, brilhantes, que eles reuniram - e reencontrar muitas das pessoas que fizeram parte da *minha história* empreendedora, também.

Desde o Rodrigo Martinez, o "Chileno", que veio direto de Cingapura, e que eu não via há mais de 20 anos (foi meu colega de colegial). Até o Sergio Herz, que fez da Livraria Cultura a primeira parceira, e anunciante, do Digestivo - e que ficou conosco quase uma década e com quem eu ainda troco, com muita honra, algumas figurinhas. Passando pelo Eric Santos, que eu conheci no início do Gemp, que falava baixinho, e que hoje comanda esse colosso do marketing digital que é a Resultados Digitais.

Gostei de ver o Paulo Lima, da Trip, falar (acho que é dele uma das melhores entrevistas do MitA). Gostei de conhecer Geraldo Rufino, uma das pessoas mais motivadas da face da Terra. Me impressionei com a palestra da Ana Julia Ghirello, do bomnegócio.com. E me impressionei, também, com a história do Tallis Gomes, do Easy Taxi, que tem pouco mais de 30 anos e que levou a empresa a mais de 30 países. A mesa dele, com o Chileno e o Eric, foi a melhor de todas.

Gostei, ainda, da mesa dos fundos de "venture capital". Já conhecia o Manoel Lemos, da época dos blogs, descobri, encantado, que o Edson Rigonatti, da Astella Investimentos, teve uma banda de thrash metal - da qual eu me lembrava, a Sacred Curse -, e mal consegui acompanhar o raciocínio do Pedro Sorrentino, do FundersClub - cuja briga é de "cachorro grande", lá no Vale do Silício.

Last but not least: foi muito legal rever o Michel Lent Schwartzman, outro "highlander" da internet brasileira, que colocou os primeiros sites importantes no ar, teve agência, atravessou os blogs, vendeu agência, teve podcast, trabalhou em agência grande - e está com uma nova agência, pequena. Até o meu amigo de Facebook, Stephen Kanitz, estava lá, na plateia - e eu queria ter puxado a polêmica dos engenheiros da Poli "versus" os administradores, mas não deu tempo, ele saiu antes.

Todos os Gemps estavam lá, obviamente, com exceção do Claudião (seu viado). O Daniel foi apenas para ficar um pouquinho e avisar que estava indisposto. Foram o Fernando e o Italo, também. O Miguel providenciou um churrasco, no encerramento, com cervejas e vinhos especiais - e foi a maior balada, para mim, em muito, muito tempo. (Acabou às 22 horas.)

Estou "grávido" deste texto desde terça-feira. E queria concluí-lo dizendo que o Gemp é a minha família. E que o MitA é a minha turma. Obrigado, Leo e Miguel. Obrigado, Gemps. Obrigado, internet, por você existir.

Para ir além
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Julio Daio Borges
São Paulo, 30/11/2015

 

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