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Quarta-feira, 26/10/2011
Kindle Fire e Kindle Touch, os tablets da Amazon

Julio Daio Borges




Digestivo nº 483 >>> Depois do advento do iPad, em janeiro de 2010, a vida ficou mais difícil para o Kindle. Steve Jobs, quando soube do Kindle 1 (antes de lançar o iPad 1), afirmou que o dispositivo para leitura, da Amazon, não iria "pegar", porque as pessoas simplesmente não liam mais e, também, porque todo mundo queria um dispositivo "multifunção". Jeff Bezos ainda tentou defender seu Kindle, no ano passado, lançando uma versão 3 do dispositivo: mais barata, mais leve, mais fina, mais bonita. Também havia rumores de que a Amazon preparava um aparelho multi-touch, pois adquirira uma empresa especializada nessa tecnologia. Demorou mais de um ano e meio para Jeff Bezos responder a Steve Jobs. E é admirável que ele não tenha desistido, já que seu Kindle estava, praticamente, "na lona", depois do iPad (e do iPad 2). E a Amazon teve de ser render aos tablets... Mas não abandonou sua marca Kindle. A versão incrementada agora se chama "Kindle Fire" e é como um iPad menor, mais fino e mais barato... (mas, não, "mais bonito"). Quer competir, sobretudo, no preço: 199 versus 499 dólares (custo de um iPad básico). E o Kindle Fire, claro, toca música, passa filmes, lê revistas e faz downloads de programas da televisão, games e "apps". Tem, finalmente, 16 milhões de cores e tela sensível ao toque. Para inovar, Bezos quer acabar com a necessidade de "sincronizar" o tablet com o computador (um hábito que se arrasta desde o iPod). A Amazon ficará responsável pelo back-up, "na nuvem". E, usando sua tradição em hospedagem desde 2004, a mesma Amazon quer incrementar o browser, dividindo o processamento das páginas da Web entre o dispositivo e a mesma "nuvem". Tecnologias bastante impressionantes, sem dúvida, mas que para nós, brasileiros, podem não funcionar a contento, dada a "qualidade" da nossa conexão... Subvertendo outra regra desde o iPod: com o fim da "sincronização", o usuário ficaria restrito a "consumir" apenas conteúdo da Amazon, limitando sua "contribuição" a e-mails que conseguisse enviar ao Kindle Fire (a exemplo do que já acontece nos Kindles anteriores: que aceitam PDFs mediante uma taxa de "conversão"...). Se antes reclamavam que Steve Jobs havia enjaulado o consumidor (a partir de 2007, com o iPhone), a Amazon tem a oportunidade de converter o Kindle Fire numa "solitária", principalmente no Brasil, cuja novela entre as gravadoras e o iTunes é longa (como se sabe). Para completar, a Amazon não mata o velho Kindle ― exclusivo para leitura ―, rebatizando-o "Kindle Touch", com a mesma tela de E Ink, mas agora com multi-touch e a 99 dólares (a versão com propaganda)... O mercado recebeu positivamente a entrada da Amazon no segmento de tablets, afinal este ameaçava se tornar virtualmente um monopólio da Apple. E os consumidores já estão respondendo bem, com a encomenda de milhares de únidades (uma vez que o Kindle Fire só estará disponível em 15 de novembro). Soa providencial que a apresentação de Jeff Bezos, para a imprensa, tenha acontecido dias antes da morte de Steve Jobs. Se demorasse mais um pouco, com toda a comoção, os novos Kindles corriam o risco de não chamar tanta atenção. Basta comparar com a atenção que o iPhone 4S recebeu no dia de seu lançamento (horas antes do falecimento de Jobs) e a atual, com Steve Wozniak, em pessoa, na fila da Apple Store para adquirir a nova versão do telefone. Por outro lado, Bezos não tem mais aquele oponente todo-poderoso, anunciando que seu Kindle não vai "pegar"... De qualquer modo, é interessante conjecturar se Jobs assistiu à apresentação de Bezos, na cama do hospital, de onde pode ter comentado: "Não disse que 2011 seria o ano dos copycats?".
>>> Kindle Fire e Kindle Touch
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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