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Sexta-feira, 1/5/2015
Não cortem-lhes a cabeça!
Carla Lopes
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Cada obra, cada texto, cria um ponto de ligação/identificação com o leitor(a). Todos temos preferências, e por conta das experiências pessoais de cada um, diferentes umas das outras.
Em Alice, do Lewis Carroll, este é o meu trecho favorito:


"Uma grande roseira imperava na entrada do jardim: as rosas que nela cresciam eram brancas, mas havia três jardineiros que se ocupavam em pintá-las de vermelho. Alice achou que aquilo era uma coisa estranha e aproximou-se para ver melhor. Justamente na hora que chegou perto deles, ouviu um dos jardineiros dizer:
"Cuidado, Cinco! Não jogue tinta em mim!"
"Eu não tive culpa", disse o Cinco em um tom aborrecido. "O Sete empurrou meu cotovelo."
Nisso o Sete olhou para cima e retrucou:
"Muito bem, Cinco! Sempre colocando a culpa nos outros!"
"É melhor você não falar nada!", disse o Cinco. "Ontem mesmo eu ouvi a Rainha dizer que você merecia ser decapitado!"
"Por quê?", disse aquele que tinha falado primeiro.
"Não é de sua conta, Dois!", disse o Sete.
"É sim, é da conta dele!", disse o Cinco. "E eu vou dizer pra ele... é porque você levou raízes de tulipa ao invés de cebolas para a cozinheira."
O Sete jogou o pincel fora, e estava começando a falar "Bem, de todas as injustiças...", quando seus olhos caíram sobre Alice, que os estava observando. Ele calou-se subitamente: os outros olharam ao redor e todos curvaram-se em respeitosa reverência.
"Vocês poderiam dizer-me, por favor", disse Alice, um pouco timidamente, "por que estão pintando estas rosas?"
O Cinco e o Sete não disseram nada, mas olharam para o Dois. O Dois começou, em um tom baixo:
"Porque, de fato, você vê, Senhorita, esta deveria ser uma roseira vermelha, e nós plantamos uma roseira branca por engano, e, se a Rainha descobrir, nós todos seremos decapitados, sabe. Portanto, você vê, Senhorita, estamos fazendo o melhor possível, antes que ela chegue para..."
Neste exato momento, o Cinco, que estivera todo o tempo olhando ansiosamente para o jardim, gritou: "A Rainha! A Rainha!"
E os três jardineiros atiraram-se instantaneamente de bruços no chão. Havia o som de muitas passadas, e Alice olhava ao redor, doida para ver a Rainha.
(...)"E quem são esses?", perguntou a Rainha, apontando para os três jardineiros que estavam ainda estendidos ao lado da roseira. Isso porque, vocês sabem, como eles estavam de bruços e a parte de trás do baralho era igual a todo o resto do baralho, ela não poderia dizer se eles eram jardineiros, ou soldados, ou cortesãos ou três das crianças reais.
"Como é que eu poderia saber?", disse Alice surpreendida por sua coragem. "Não é da minha conta." A Rainha ficou vermelha de raiva e depois de encará-la por um momento como uma fera selvagem, começou a gritar: "Cortem-lhe a cabeça! Cortem-lhe..." 
 "Besteira!", retrucou Alice, em tom alto e decidido, e a Rainha calou-se. 
O Rei pousou sua mão sobre o braço da esposa e disse timidamente: "Deixe pra lá, minha querida: ela é apenas uma criança!" 
A Rainha afastou-se dele com raiva e disse para o Valete: "Vire-os!" 
O Valete os virou, muito delicadamente, com um pé. "Levantem-se!", disse a Rainha com uma voz estridente e alta, e os três jardineiros instantaneamente saltaram e começaram a fazer reverências para o Rei, a Rainha, as crianças reais e todo o resto do pessoal. 
 "Parem com isso", gritou a Rainha. "Vocês me deixam tonta." 
Então, virando-se para a roseira, ela continuou falando: "O que vocês estavam fazendo aqui?" 
"Para servir à Sua Majestade", disse o Dois, humildemente, ficando sobre um joelho enquanto falava, "nós estávamos tentando..." 
"Eu entendo!", disse a Rainha, enquanto examinava as rosas. 
"Cortem-lhes a cabeça!" e o cortejo prosseguiu, com três dos soldados ficando para trás para executar os desafortunados jardineiros, que correram na direção de Alice em busca de proteção. "Vocês não serão decapitados!", disse Alice, colocando-os dentro de um grande jarro de flores que estava por perto. Os três soldados ficaram confusos por um minuto ou dois, procurando por eles e então voltaram para o final do cortejo. 
"As cabeças já foram cortadas?", berrou a Rainha. 
"Suas cabeças se foram, para servi-la, Majestade!", os soldados gritaram em resposta. 
"Muito bem!", gritou a Rainha. "Você sabe jogar críquete?"



Eu prefiro rosas brancas!



Postado por Carla Lopes
Em 1/5/2015 às 17h09

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