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Terça-feira,
26/5/2015
O novo mundo após a Guerra Fria
Guilherme Carvalhal
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Conflitos entre Israel e Palestina. Ataques do Boko Haram na Nigéria e do Anti-Balaka na República Centro-Africana. Choque entre ucranianos nacionalistas e pró-russos. Fim do embargo de décadas sobre Cuba. Morte dentro do Charlie Hebdo. Revoltas populares no Iêmen, Egito e Síria, sob o título de Primavera Árabe.
Essas notícias recentes mostram como o mundo permanece em movimento. O fim da Guerra Fria mudou o panorama das relações, levando o mundo a ver pela TV (com destaque então à CNN) à Guerra do Golfo, à Guerra nos Balcãs, à independência de Timor Leste, entre muitos outros fatos. É justamente tentando entender esse mundo que se ergueu após a queda do muro de Berlim que Samuel Huntington publicou O Choque de Civilizações em 1996, uma busca pela compreensão das novas relações que se construíam.
A argumentação do autor refere-se que nesse mundo pós-Guerra Fria as relações que se baseavam na dicotomia entre capitalismo e socialismo deram espaço a um novo modelo, no qual as relações culturais (questão de civilização) contam mais do que as convenções políticas. E esse novo modelo tem dado espaço para novas alianças e também para a formação de novos conflitos.
Durante o período da Guerra Fria, o mundo percebeu relações um tanto quanto inusitadas. Cuba aliou-se à União Soviética, os Estados Unidos se enfiaram em uma guerra no Vietnã, guerra esse de interesses pouco pragmáticos e de caráter idealista, Che Guevara quis se meter com guerrilha no Congo. No Brasil, o PC do B manteve relações com China e Albânia, locais de formação cultural que destoam bastante da nossa.
Com a queda do Muro de Berlim, a formação de grupos de interesse deixou de lado esse aspecto ideológico e assumiu um outro, o de proximidades culturais. Dessa forma, começaram a se formar blocos regionais (MercoSul e Nafta, por exemplo), da mesma maneira como conflitos locais se tornaram mais acirrados. Dos conflitos nos balcãs à Primavera Árabe, o que se vê são choques devido à questão cultural mundo afora.
O autor apresenta uma profunda análise para sustentar seus argumentos. Ele divide o mundo em civilizações, como a ocidental, a islâmica, a hindu, e diversas outras, que geram as relações atuais. Mesmo sendo um consultor da presidência dos Estados Unidos, cujas posições podem colocar em cheque seus estudos, o livro é bastante isento, mostrando sem idealismos uma nova realidade ainda difícil de se absorver.
A leitura de O Choque de Civilizações não é interessante apenas para se entender de geopolítica. O livro também é uma imensa aula das diversas disciplinas humanas (sociologia, antropologia, história, economia) e sua leitura é bastante enriquecedora.
Postado por Guilherme Carvalhal
Em
26/5/2015 às 17h09
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