Mês das crianças, hora de ler histórias! | Blog de Sonia Regina Rocha Rodrigues

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Quinta-feira, 1/10/2015
Mês das crianças, hora de ler histórias!
Sonia Regina Rocha Rodrigues
+ de 1200 Acessos



Sou uma leitora apaixonada por contos de fadas. Do tipo que pega emprestado os filhos das amigas para poder ir ao cinema ver os filmes da Pixar (conheço outras mulheres que fizeram o mesmo...)
. Estudei, como pediatra, a boa influência das histórias sobre o psiquismo infantil. Eu estava meio "engessada" no assunto, até o momento que um certo tipo inovador de histórias me surpreendeu, a princípio, confesso, de modo negativo. Minha filha estava rindo muito do ogro que arrotava e se comportava com outros modos muito deselegantes, quando resolvi sentar e assistir ao filme com ela. De repente, eu estava rindo e entendendo as (para mim) novas mensagens!
A partir da análise dos filmes À Procura de Nemo e Shrek I e II: percebi de que forma o mundo mudou; e de que nova maneira as histórias infantis estão a influenciar o psiquismo da futura geração..
A jornada do herói já não é mais, como dizia Campbell, " sempre a mesma estória que se repete" com novas roupagens. Surgiu algo novo, que continua a evoluir na temática dos contos infantis..
Para o psiquiatra Bettelheim, o conto de fadas traz alívio ao sofrimento infantil face a fortes emoções, através de " resgate, escape e consolo". (vide A Psicanálise dos Contos de Fadas). O alívio advinha do evoluir da psique para um estágio mais maduro, porque o conto de fadas elabora de forma simbólica os conflitos entre a criança e o mundo. Tratava-se de absorver os valores sociais para ser feliz, O sucesso de Nemo e Shrek surpreendeu-me, pois eu vinha há um certo tempo observando uma série de crônicas feministas um tanto quanto pertinentes, como a célebre charge em que a princesa beija o sapo e vira...uma sapinha! Ou aquela outra em que Cinderela diz ao príncipe que não quer casar e sim ir fazer faculdade e arrumar um emprego maravilhoso para poder viajar e etc Claro as pessoas continuam interessadas por histórias, mas as mães de hoje preferem um novo tipo de histórias, com uma diferente abordagem da psique e do estar no mundo. As histórias de hoje trazem alívio psicológico sobre um diferente enfoque: aceitar-se e acreditar em si para ser feliz.
Durante séculos o bem estar individual entrou em choque com ao interesse social. O que era bom para a sociedade não era necessariamente bom para o indivíduo. Casamentos arranjados, regras profissionais, tratados comerciais e políticos massacravam até mesmo os reis. Por outro lado, o que era bom para o indivíduo não era necessariamente bom para a sociedade. Liberdade de escolha era um privilégio de poucos e, sem o controle de paternidade, as mulheres não tinham autonomia e necessitavam do arrimo masculino.
Quem ousasse discordar das regras estabelecidas sofria desprezo, humilhações, exílio e até a morte. Na contramão da cultura, pensadores como Nietszche denunciavam o processo de escravizar o espírito humano; e defendiam o direito à liberdade e à felicidade pessoal.
A partir das últimas décadas do século XX, o individual veio ganhando cada vez mais espaço, de uma maneira bem positiva, em detrimento de valores limitantes tradicionais. Claro que alguns exagerdos egoístas vêm a ser a exceção que confirma a regra, pois temos a liberdade de dar-lhes as costas ou combatê-los! Divórcio,homossexualismo, celibato, tolerância religiosa surgem na sociedade atual como formas possíveis de ser, e todos têm acesso a respeito e oportunidades iguais, através de leis trata que garantem os direitos fundamentais de todos.
Tempos mais felizes aguardam as crianças que são criadas com histórias como À Procura de Nemo, Monstros S.A. e Shrek I e II.
Nessas estórias, a tônica é a manifestação do Eu, a aceitação da pessoa em um mundo mutante aberto a infinitas possibilidades.
No conto de fadas tradicional o herói tem uma missão a cumprir e seu mérito é a vitória. O objetivo é pré determinado por outrem e ele não pode falhar! Nas novas histórias o mérito é a persistência. Na aventura de Nemo, o herói inclusive está invertido: não é o filho que parte para salvar o pai, e sim o pai que parte para salvar o filho. Quando este pai pensa que falhou, no entanto, ainda recebe a simpatia do expectador e aparece um novo valor social: a solidariedade, manifesta por seus aliados (os pelicanos, a peixinha esquecida, que por si só é um resgate do papel social do velho e do doente).
O conto de fadas tradicional molda o espírito infantil para o " sacrifício" e a busca de metas orientadas. Seus heróis perdem partes do corpo, renunciam a prazeres, trabalham arduamente, conquistam princesas, animais encantados ou objetos de ouro enclausurados em torres ou palácios, sob a guarda de ferozes dragões, bruxas ou encantamentos. Mundo fascinante, é verdade, mas as novas histórias oferecem opções bem criativas e divertidas, ao valorizar a determinação de atingir sua meta, a coragem de assumir suas peculiaridades e a capacidade de adaptação a um ambiente instável.
A figura do mentor desaparece, e ao invés de santos disfarçados, gênios ou fadas madrinha, o companheiro do herói é um igual, imperfeito. Em Nemo, a peixinha distraída, em Shrek, o asno solitário, em Monstros S.A. criaturas horrendas e ridicularizadas. E como as crianças riem com a inversão da realidade: os montros é que teme as crianças! Os objetos mágicos dão lugar a conselhos práticos: 'continue nadando', 'faça alguma coisa', 'qualquer coisa!', enfim, persista.
Observamos na estória de Nemo uma didátiva genial para o pai superprotetor que é o responsável pelos deslizes do filho, e é ele quem necessita modificar o seu modo medroso de pensar. Analisando com cuidado, quantos casos o leitor conhece de um pai ou mãe desgraçou o destino de um filho? Por frustrar uma vocação, impedir um casamento de amor ou ter um preconceito qualquer? (em meu tempo, por exemplo, era muito comum a filha mulher não poder sair de casa para cursar a faculdade e ter de se contentar com os cursos disponíveis em sua cidade, já os filhos homens, esses podiam estudar o que quisessem e onde quisessem)
Diz a peixinha Dora, em Procurando Nemo : "que coisa estranha para se desejar a um filho, que nada lhe aconteça, pois, se nada lhe acontecer, sua vida será muito sem graça". Pura verdade!
Nemo é uma história para pais superprotetores ante a fragilidade dos filhos; filhos que, intimidados, tendem a ficar cada vez mais frágeis. Este comportamento que limita a liberdade da criança nela gera revolta. Nemo foge para o mar aberto, ação em que segundos antes nem se atreveria a pensar, é capturado e tem início a saga paterna. Ao final da história, o filho é aceito e até estimulado a participar da alegre aventura da vida, com as bênçãos do pai.
É fácil para a criança identificar-se com Nemo; ela é a parte mais fraca da relação pai-filho, com pouco poder de negociação, e desejosa de ser vista como alegre, bonita e meiga, assim como o peixinho.
Já a identificação com Shrek ocorre pelo lado inadequado de ser criança. O ogro desengonçado e feio, socialmente inadequado, sem controle do próprio corpo: como as crinaças pequenas, arrota, imite sons desagradáveis, suja-se todo. Ora, estes desastres a criança conhece bem! Em Shrek, a sujeira não é necessariamente ruim, pode ser divertida, e o ogrozinho se enlameia, transforma a flatulência em bolas de gás, faz caretas etc
Shrek é o herói que não se encaixa nas expectativas e demonstra sua boa índole através de atitudes bem estranhas, como fazer um churrasco de ratos, brincar de empurrar ou presentear a princesa com sapos.
Já o príncipe "certinho" que aparece em um os filmes 3D de Shreck, é visto com ressalvas, por ser vaidoso, tolo e manipulado pela mãe controladora. Além disso, ele chega atrasado à torre!
Nessas novas histórias, a princesa tem a opção de escolher seu destino. Fiona é corajosa, luta karatê, defende seu companheiro e pode decidir-se entre ser princesa ou ogra, assumindo seu lado individual e criativo.
Se no conto tradicional o beijo de amor " quebra o encanto" , no conto moderno o beijo de amor leva ao plano real e reafirma o encanto., pois Fiona permanece ogra. Interessante é é reparar no significado de 'quebrar o encanto', pois a expressão faz pensar em deixar tudo do que jeito que sempre foi, que alguém estipulou ser o certo, sem graça, previsível.
O conto moderno estimula o indivíduo a aceitar-se e a buscar a própria felicidade. Não importa se você é um monstrinho, em algum lugar haverá uma ogrinha a aguardar por você.
No conto moderno os valores pré determinados apresentados são rejeitados e ousa-se buscar a autenticidade. Em um século em que a informação e a tecnologia evoluem na velocidade dos bits, as barreiras geográficas desaparecem e a alma busca expressar-se, esta ousadia é a diferença entre o sucesso e o fracasso.
Resumindo, a mensagem do conto de fadas tradicional é Siga as regras para ser feliz.
O conto infantil de nossos dias aconselha, em um desafio muito simpática: Seja você sem medo de ser feliz.

Leia aqui uma bela história seus filhos:
Hoje é seu dia de sorte!

E um livro com haicais para os maiorzinhos:

Uma casa no interior


Postado por Sonia Regina Rocha Rodrigues
Em 1/10/2015 às 13h32

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