| Mais Recentes >>> Livro Alca Quem Ganha E Quem Perde Com O Livre Comércio Nas Américas de Kjeld Jakobsen pela Fundação Perseu Abramo (2004) >>> Livro El Caballero De La Armadura Oxidada de Robert Fisher pela Ediciones Obelisco (1998) >>> Livro Gerenciamento Da Comunicação Em Projetos de Fernando Henrique Silveira Neto, Lucio Edi Chaves, Gerson Pech pela Fgv (2010) >>> Livro Pelos Ares de Asun Balzola, traduzido por José Arrabal pela Paulinas (1991) >>> Comer, Rezar, Amar de Elizabeth Gilbert pela Objetiva (2008) >>> Livro Fundamentos Do Gerenciamento De Projetos de Jose Finocchio Jr; Lincoln de Souza Firmino Silva pela Fgv (2010) >>> Livro O Poder Do Agora Um Guia Para Iluminação Espiritual de Eckhart Tolle pela Sextante (2002) >>> Livro Negociação E Administração De Conflitos de Eugenio De Carvalhal; Outros pela Fgv (2010) >>> Livro Gerenciamento De Pessoas Em Projetos de Vários Autores pela Fgv (2012) >>> Livro Anjo Da Morte de Pedro Bandeira pela Moderna (1994) >>> Livro Gerenciamento De Aquisições Em Projetos de Carlos Magno Da Silva Xavier; Outros pela Fgv (2012) >>> Receitas Selecionadas De Ofélia (3 Volumes) de Ofélia Ramos Anunciato pela Melhoramentos (1978) >>> Livro Gerenciamento Do Tempo Em Projetos de Vários Autores pela Fgv (2012) >>> Livro Viabilidade Econômico Financeira De Projetos de Vários Autores pela Fgv (2010) >>> Livro Gerenciamento De Riscos Em Projetos de Vários Autores pela Fgv (2010) >>> Livro Morte E Vida Severina E Outros Poemas Para Vozes de João Cabral De Melo Neto pela Nova Fronteira (2000) >>> Livro O Tesouro das Virtudes Para Crianças de Organizado por Ana Maria Machado, ilustrado por Thais Quintella de Linhares pela Nova Fronteira (1999) >>> Livro Ética E Cidadania de Herbert José De Souza E Carla Rodrigues pela Moderna (1994) >>> Livro Rei Édipo Antígone Prometeu Acorrentado de Sófocles Ésquilo pela Ediouro >>> Livro Muitas Vidas, Muitos Mestres de M. D. Brian L. Weiss pela Sextante (1998) >>> Livro Meu Primeiro Livro de Contos de Fadas de Recontado por Mary Hoffman, ilustrado por Julie Downing, traduzido por Hildegard Feist pela Companhia Das Letrinhas (2003) >>> Livro Memórias De Um Sargento De Milícias Clássicos Saraiva de Manuel Antônio De Almeida pela Saraiva (2006) >>> As Conchas (Introdução ao Seu Estudo) de Maury Pinto de Oliveira pela Esdeva (1969) >>> Livro Além da Alfabetização a Aprendizagem Fonológica, Ortográfica, Textual e Matemática de Ana Teberosky e Liana Tolchinsky pela Ática (1997) >>> Livro Uma Ética Para O Novo Milênio de Dalai Lama pela Sextante (2000)
|
|
BLOGS
>>> Posts
Sábado,
28/5/2016
Arroz com rapa
ANDRÉ LUIZ ALVEZ
+ de 1200 Acessos
No atropelo do dia que caminha para a metade, entre carros apressados e motos atabalhoadas, eis que de repente, do restaurante da esquina, sinto escapar o inconfundível cheiro de alho fritando no óleo, atingindo em cheio o meu nariz, fazendo meu rosto erguer para cima, de olhos fechados, tentando a todo custo pegar nas mãos aquele cheiro delicioso, como se sólido fosse. A pessoa do carro ao lado olha para mim de um jeito estranho, mas não ligo. No deslumbre daquele instante, visualizei na mente a fumaça subindo da panela de arroz, quentinho e saboroso. Adoro arroz. É sabido que tenho várias idades, e que muitas vezes, no assombro causado por algum detalhe, como esse cheiro de agora, me remeto a outros lugares. Assim, abriu-se novamente aquele súbito espelho do passado, fui lá atrás, na mocidade, nas asas daquele cheiro que muito se assemelha ao que saía da velha panela de ferro na qual minha mãe cozinhava. Imaginei que no fundo da panela tinha rapa e cheguei a sentir o gosto, porque o arroz da minha mãe tem esse ingrediente especial, lá no fundo, bastando remexer a colher e com leves batidas trazer ao prato a rapa do arroz. E dona Dalva jogava por cima ovo frito, tomate com alface, misturados com pedaços de carne frita. Não existe comida melhor que aquela. Comidinha de mãe é sem igual, já reparei que quando a Graziela consegue tempo pra cozinhar, nossas crianças comem feitos ursos que despertam da hibernação. Recentemente tive problemas com o diabetes e descobri, incrédulo, que arroz produz açúcar e, portanto, só poderia comer no máximo duas colheres de arroz. Mas nunca fui apegado a regras, continuo comendo a porção que meu apetite pede, depois faço caminhada e compenso, com sacrifício, o exagero. Não me canso de contar que o prato mais saboroso que experimentei na vida foi um arroz carreteiro, feito na hora, pelo ponteiro da comitiva, numa fazenda na região da ponte do grego, depois de um dia cruzando a estrada, imaginando que a fazenda fosse perto, mas que a viagem durou mais horas que o imaginado. Cheguei a engasgar, tirando risos dos rostos pantaneiros ao meu lado. Foi um tantinho melhor do que aquele dos tempos da faculdade, que varei o dia estudando e nada comi o dia todo. Quando cheguei em casa, encontrei o arroz da minha mãe, enegrecido pela rapa, que juntei a um ovo frito e comi como se fosse a última refeição, na própria panela, que raspei, raspei e raspei até ficar com o fundo brilhando. Eu sei que minha mãe faz arroz com rapa todos os dias, mas estou sempre correndo contra o relógio, sem tempo para essas coisas raras e belas que a vida me concede e delas me desfaço com singelas desculpas. Talvez domingo... - penso breve - e logo volto a atenção para o volante do carro, enquanto o cheiro vai se esvaindo pela rua na qual atravessa o povo apressado de sempre, e eu , pobre de mim, só queria mesmo um prato de arroz, esfumaçante, saboroso e com rapa, daquele jeito que só a minha mãe sabe fazer.
Postado por ANDRÉ LUIZ ALVEZ
Em
28/5/2016 às 20h22
Ative seu Blog no Digestivo Cultural!
* esta seção é livre, não refletindo
necessariamente a opinião do site
|
|
|