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Quinta-feira, 31/10/2002
Revolução e Niilismo
Heitor De Paola
+ de 5500 Acessos
+ 2 Comentário(s)

"O fanatismo é a única forma de verdade que
pode ser incutida nos fracos e nos tímidos"

Friedrich Nietzche

Construção da figura mítica do Líder Herói: defesa do mesmo para que se torne inatacável e qualquer crítica seja respondida com profunda indignação, abolição de qualquer conceito válido, científico ou moral, de verdade objetiva, destruição sistemática do conhecimento racional e afirmação da vontade como superior a todo conhecimento. A 'blindagem' do Líder deve ser de tal monta que qualquer crítico ou discordante, seja visto como um ET. Tanto o Líder como seus adeptos devem falar de forma a mais genérica possível, sobretudo jamais entrar em discussões ou debates, nem tentar ser informativo ou usar algum argumento racional.

Rauschning diz que as pessoas geralmente levam a sério os programas revolucionários, mas não dão a devida atenção às táticas utilizadas pelas forças efetivas que se escondem atrás do programa. O programa é a exposição racional de metas aceitáveis; aquelas forças atuam no emocional de forma hipnótica, gerando o fanatismo. O programa deve conter elementos de forte apelo popular. Por exemplo, a "justiça" social. Mas este elemento não passa de isca para esconder o verdadeiro anzol: as táticas revolucionárias extremistas e a avidez pelo poder. Os objetivos devem ser descritos de forma vaga pois servem apenas como elementos de recrutamento para atrair a militância, ou ao menos o voto, de todas as pessoas insatisfeitas com suas condições de existência. Os programas e objetivos são para as massas, a elite do movimento não respeita padrões éticos ou filosóficos e não deve se sentir comprometida senão com a mais absoluta lealdade aos companheiros.

A destruição do sentido das palavras é fundamental de modo que não reste mais nenhuma idéia digna deste nome, mas apenas substitutos das mesmas que possam ser instiladas nas massas por sugestão emocional de modo a criar um mito que dê às mesmas a energia para a ação. Faz-se necessária a apropriação das idéias das genuínas elites sociais e políticas - que costumam usa-las de forma racional - para enganar e hipnotizar uma nação perplexa com palavras que já não têm mais nenhum significado racional. Ausência de idéias e triunfo da vontade: eis o âmago do niilismo. Uma nação desprovida de idéias é fácil de ser hipnotizada; um povo sem idéias não é mais do que massa amorfa e moldável.

Diferentemente dos partidos clássicos, que aceitam as regras do jogo e pretendem governar durante o período constitucional e se submeter a novo sufrágio, o partido revolucionário, ao chegar ao poder, começa a dar os primeiros passos para se perpetuar. Geralmente, aproveitando a onda de desejo de mudanças profundas que os levou lá, induzem a população a crer que o período constitucional, seja qual for, é pequeno para implantar todas as medidas desejadas pelo povo e que é no interesse deste que algumas modificações institucionais e constitucionais devem ser adotadas. Na verdade, o Líder e a cúpula do partido já sabiam há muito que esta era a finalidade de aceitarem se submeter ao que consideram 'farsa eleitoral'.

Os outros partidos que formaram a aliança eleitoral devem ser descartados rapidamente, pois este primeiro governo é visto apenas como um governo de transição.

Um dos passos mais importantes é manter o País num stress contínuo, criando e estimulando crises, reais ou fictícias, impedindo com isto a população de 'parar para pensar' racionalmente, e aumentar a pressão no sentido da ação, do aprofundamento do niilismo. Criar continuamente novos inimigos, internos ou externos, os que se adequarem mais à ocasião: classes sociais, raças, países estrangeiros, capital especulativo que sufoca a economia nacional, e, principalmente, os aliados do governo de "transição" e o próprio Parlamento do qual supostamente aceitaram participar. Dir-se-á ao povo que o governo não pode ficar refém de um Parlamento corrupto, mas sim recorrer às forças vivas da Nação.

É importante, ainda, a aliança diplomática com outros Estados aliados contra as democracias, principalmente com aqueles cujo Líder é um dos ídolos do Líder da revolução.

Talvez a mais importante de todas as tarefas seja a de criar uma polícia política e um serviço de censura que impeça a livre divulgação de idéias. Hoje, com a Internet, ficou mais difícil, mas não impossível. Refiro-me aqui a algo que poderia ser chamado de Polícia do Pensamento, antes de tudo algo que o povo aceite como inexorável.

"Mesmo as Sociedades primitivas,
que já conhecem alguma forma de história,
se obstinam em não a levar em conta".

Mircea Eliade


Heitor De Paola
Rio de Janeiro, 31/10/2002

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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
1/11/2002
20h06min
Eu acrescentaria, caro colunista, a sensação que tive, na noite do dia 27 p.p.: "O apocalipse deve estar muito próximo, pois eu vi o Messias, pessoalmente, na Avenida Paulista. As pessoas choravam e esticavam os braços, tentando tocá-Lo". Maldito o povo, que depende de um herói para mover-se. Deus nos salve!
[Leia outros Comentários de JOSÉ PEREIRA]
6/11/2002
16h37min
Caro José Pereira: este artigo, tal como está aqui editado, é eminentemente teórico. Você identificou-o numa ocorrência do mundo real. Ótimo! Um artigo teórico se presta para isto mesmo.
[Leia outros Comentários de Heitor De Paola]
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