Em parceria com o Portal dos Livreiros, lançamos esta série de entrevistas com os Livreiros do Portal. Sempre foi o nosso desejo - desde que o Portal começou -, revelar esse profissional que faz a oxigenação do mercado, recuperando e fazendo circular obras que, de outra forma, seriam descartadas (muitas delas fora de catálogo).
Esperamos que você aproveite esta Entrevista e prestigie o Livreiro Paulo F.M. de Carvalho, neste momento tão delicado do mercado e do Livro, no Brasil e no mundo.
1. Conte um pouco da história sua loja e/ou do seu acervo. Como começou, há quanto tempo, qual era a motivação inicial etc.
Não tenho loja física, apenas possuo uns 100 livros que, por falta de espaço, tenho procurado vender.
2. Conte um pouco da sua história pessoal. Qual sua formação, seu histórico profissional. Como chegou até o mercado livreiro?
Sou formado em Letras, sempre gostei de ler, desde a adolescência que leio bastante, já fui mecânico de automóvel.
Cheguei ao mercado livreiro procurando pela internet, e através da compra de livros usados.
3. Qual é a sua relação com o livro? Sempre leu, ou lê pouco, lia mais, pretende ler ainda bastante? Poderia citar autores de sua predileção?
Sempre li, sempre aprendi muito com os livros.
Hoje já não leio tanto. A visão, o condicionamento físico e as necessidades não são os mesmos da minha juventude.
Não tenho autores prediletos, até porque seriam vários, mas, de um modo geral, gosto dos clássicos nacionais e internacionais.
4. Como é seu histórico de vendas online? Tem site? Trabalha com mídias sociais? Participou (ou participa) de marketplaces (como o Portal dos Livreiros)? Se participa de mais de um, como avalia cada um deles?
Andam baixas, as minhas vendas. Em mais de um ano, vendi menos de uma dezena de livros...
5. Como vê as transformações do mercado livreiro (desde os antigos sebos até o e-commerce)? Se passou por mudanças, quais foram e como se adaptou a elas?
Os sites permitem que busquemos com muito mais eficácia qualquer livro. Podemos percorrer todos os vendedores sem precisar sair de casa. Perdemos muito menos tempo assim.
Os sebos costumam ter preços mais elevados e não atendem tão bem como os sites de vendas, a única vantagem deles é que, se encontramos em um sebo, logo pegamos o livro. Algo que pode ser resolvido com um Sedex, em menos de 24 horas...
6. E o leitor? Acha que ele mudou muito? Ou não mudou tanto? No seu comércio, você trabalha com um perfil de consumidor específico (ou acha isso bobagem)? Como imagina o leitor do futuro?
Não conheço tão bem os meus leitores, devido ao fato de ser Livreiro 100% online, e por causa das minhas poucas vendas.
Creio que o leitor do futuro será mais um “ouvidor” do que um leitor. Não teremos muitos livros físicos, teremos mais e-books, que, na minha opinião, serão mais "falados" e menos lidos.
7. E a leitura? Mudou muito? E o livro eletrônico? E a leitura no celular e em outros aparelhos? Acha que é uma ameaça ao livro de papel? Isso te preocupa (ou acha besteira essa preocupação)?
Não me preocupa. Será um passo que o mundo será obrigado a dar, o mundo é dinâmico e está em constante mudança.
Assim como foi com a máquina de escrever, a carta com selo, o filme de fotografia, os ferros a brasa e as máquinas domésticas, como a de moer carne, grãos de café, bem como as máquinas de costura, que existiam em todos os lares e, hoje, não existem mais.
Acredito que o livro impresso também desaparecerá, num futuro não muito distante.
8. Do que você tem na sua loja e/ou no seu acervo, o que você indica para quem está nos lendo? Alguma coisa em especial? Alguma edição rara? Algum livro difícil de encontrar?
Não tenho nada de especial ou raro, também não dá para indicar sem saber o gosto (o perfil) do leitor... Isso é muito pessoal, bem específico.
Há quem goste de romances policiais, livros de espionagem, livros de guerra, suspense, histórias de amor...
Até livros que nos interessam por questões profissionais ou mesmo de estudo...
Livros sobre animais, para criadores, lojas de "pets", fazendeiros... Livros didáticos, livros para concursos... Livros para futuras mães.. Livros para aprender um ofício ou esporte...
Como eu disse, é muito específico... Cada caso é um caso.
9. Como você faz a aquisição de obras para o seu acervo (ou sua loja)? São livros de família? Adquire de pessoas físicas? Compra de editoras ou distribuidores? (Ou nenhuma das anteriores?)
Comprei meus livros em feiras de livros, em sebos, em livrarias... Foram aqueles pelos quais eu passei, olhei e gostei... Se o preço é acessível, eu compro.
O problema é quando a gente começa a comprar antes de ter lido os livros comprados anteriormente... Então, percebemos que é necessário "se livrar" de alguns deles (ainda que tenhamos "carinho" por eles)...
E, principalmente, é necessário ler o anterior antes de comprar o próximo... Às vezes compramos vários ao mesmo tempo.
10. Qual mensagem você deixaria para quem está nos lendo? Qual é a importância dos livros e da leitura num momento como este? E do comércio de livros? Enfim, qual é a importância do trabalho do livreiro hoje?
Independentemente do período que estejamos atravessando, a leitura sempre deve fazer parte do nosso cotidiano. Sempre devemos procurar boas fontes de leitura.
O comércio de livros ainda durará muito tempo e o livreiro é muito importante.
Já sobre os pequenos, como eu, não podemos ver isso como um "negócio": não dá para ganhar tanto dinheiro com tão poucos livros... Fica difícil viver só disso.
Para ir além
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Em parceria com o Portal dos Livreiros, lançamos esta série de entrevistas com os Livreiros do Portal. Sempre foi o nosso desejo - desde que o Portal começou -, revelar esse profissional que faz a oxigenação do mercado, recuperando e fazendo circular obras que, de outra forma, seriam descartadas (muitas delas fora de catálogo).
Esperamos que você aproveite esta Entrevista e prestigie o Livreiro Quarto Xadrez, neste momento tão delicado do mercado e do Livro, no Brasil e no mundo.
1. Conte um pouco da história sua loja e/ou do seu acervo. Como começou, há quanto tempo, qual era a motivação inicial etc.
O Quarto Xadrez começou há mais ou menos um ano quando decidi vender, aos poucos, minha biblioteca com livros bem específicos e esgotados.
2. Conte um pouco da sua história pessoal. Qual sua formação, seu histórico profissional. Como chegou até o mercado livreiro?
Sou professor literatura e cinema, tradutor e editor. Nos meados dos anos 80 tive uma editora, A Esfinge Editorial, e desde muito cedo virei um bibliófilo inveterado.
3. Qual é a sua relação com o livro? Sempre leu, ou lê pouco, lia mais, pretende ler ainda bastante? Poderia citar autores de sua predileção?
Os livros são a minha vida. Sem eles não seria quem sou. Leio pelo menos um ou dois livros por semana. Meus autores prediletos são Raymond Guérin~, Kaj Munk, Georges Perec e Botho Strauss.
4. Como é seu histórico de vendas online? Tem site? Trabalha com mídias sociais? Participou (ou participa) de marketplaces (como o Portal dos Livreiros)? Se participa de mais de um, como avalia cada um deles?
Tenho um site, mas minhas vendas são bem esparsas pois trabalho com livros e assuntos bem específicos.
5. Como vê as transformações do mercado livreiro (desde os antigos sebos até o e-commerce)? Se passou por mudanças, quais foram e como se adaptou a elas?
Quando entrei no mercado livreiro, em 2006, já entrei como "livreiro virtual". Fui um dos primeiros a vender na Estante Virtual. Vendia que era uma beleza, mas hoje ficou mais difícil, pois a concorrência aumentou bastante.
6. E o leitor? Acha que ele mudou muito? Ou não mudou tanto? No seu comércio, você trabalha com um perfil de consumidor específico (ou acha isso bobagem)? Como imagina o leitor do futuro?
O leitor de "livros físicos" está cada vez mais raro, ainda mais porque a maioria da população não lê nada, só lê piadas na Web e posts no Facebook.
Eu aposto, sim, num perfil de consumidor específico, pois é o que vale a pena para mim, pelos livros que costumo vender. O leitor no futuro vai ser algo como o apreciador de óperas nos dias atuais.
7. E a leitura? Mudou muito? E o livro eletrônico? E a leitura no celular e em outros aparelhos? Acha que é uma ameaça ao livro de papel? Isso te preocupa (ou acha besteira essa preocupação)?
Acho que isso é um sinal dos tempos, nem bom, nem ruim, apenas existe. Mas sempre haverá colecionadores e apreciadores do livro de papel. Basta ver o que diziam na época que surgiu o CD, de que o LP, discos, iriam acabar... Hoje, você pode vender um disco, um LP, por 500 reais fácil, fácil.
8. Do que você tem na sua loja e/ou no seu acervo, o que você indica para quem está nos lendo? Alguma coisa em especial? Alguma edição rara? Algum livro difícil de encontrar?
Eu indicaria A Letra e a Voz, uma edição esgotada do livro de Paul Zumthor, da Cia. das Letras, e A Origem Animal de Deus, um livro bem raro do artista plástico Flávio de Carvalho, que neste caso se aventurou a escrever uma peça de teatro.
9. Como você faz a aquisição de obras para o seu acervo (ou sua loja)? São livros de família? Adquire de pessoas físicas? Compra de editoras ou distribuidores? (Ou nenhuma das anteriores?)
Eu herdei de meus avós e pais uma vasta biblioteca, e com o tempo, na minha atividade bibliófila, acrescentei outros livros ao acervo, que hoje coloco à disposição para os leitores do Portal dos Livreiros.
10. Qual mensagem você deixaria para quem está nos lendo? Qual é a importância dos livros e da leitura num momento como este? E do comércio de livros? Enfim, qual é a importância do trabalho do livreiro hoje?
Leiam para saberem quem vocês são! E apoiem os livreiros pois eles são a ponte com todo o conhecimento.
Para ir além
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"Books offer us the chance to escape and they force us to engage. Books are among the great empathy builders, bridging gaps that divide us geographically, politically, philosophically and demographically. At a time when many people feel isolated and alone, books bring us together."